Rio - Um homem é investigado pela Polícia Civil por injúria racial, após chamar um outro homem, negro, de "macaco" e "preto" em um bar na Rua Expedicionário, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. O fato aconteceu no domingo (4). Segundo o delegado Marcos Santana Gomes, da 57ª DP (Nilópolis), o agressor já foi identificado e é aguardado para prestar depoimento nesta quinta-feira (7).
No vídeo, gravado e publicado pela própria vítima nas redes sociais, o homem, vestindo uma camisa cinza, aparece fazendo diversos xingamentos contra ele. "Vai tomar no seu c*. Viado, preto, macaco, safado", dispara o agressor. Veja as imagens:
Legenda: Polícia Civil investiga homem que aparece em vídeo chamando uma pessoa de "macaco" e "preto" em um bar em Nilópolis, na Baixada Fluminense
Em outro vídeo publicado nas redes sociais, o mesmo homem das ofensas aparece ao lado do cliente do bar pedindo desculpas. "Meu amigo, me desculpa. Eu fiquei brincando contigo. Sei que você estava de cabeça quente e não gostou. Nós dois somos pais de família", argumenta.
A vítima também foi identificada pela Polícia Civil e se apresentou à 57ª DP (Nilópolis) na terça-feira (6) para falar sobre o ocorrido no bar. Em depoimento, ele alegou que o agressor é seu amigo e que jogam bola juntos, mas não soube dizer os motivos das ofensas. Pelo fato do investigado não ter se desculpado antes, o mesmo publicou o conteúdo na internet.
O caso não foi registrado pela vítima. Porém, segundo o delegado Marcos Santana, a injúria racial é crime de ação penal pública incondicionada, logo, independe da vontade da vítima.
Em janeiro de 2023, a injúria racial foi tipificada como crime de racismo, com a pena aumentada de um a três anos para de dois a cinco anos de prisão. O racismo é entendido como um crime contra a coletividade, já a injúria é direcionada a um indivíduo.
Casos semelhantes
No último dia 31, um motorista foi gravado imitando um macaco para um taxista no trânsito, no Leblon, na Zona Sul. A vítima também foi xingada em inglês. O caso é investigado como injúria racial. O crime aconteceu na Avenida Bartolomeu Mitre durante intenso congestionamento. Uma câmera de segurança colocada dentro do táxi da vítima, identificada como Arthur El Hage, flagrou o agressor se aproximando, já com a janela aberta, e batendo no peito imitando macaco. Ele também faz sons típicos dos animais.
Chocado com a atitude, o taxista abaixa o vidro do seu veículo e pergunta: "Tu, tá maluco, cara?". Após isso, o motorista o xinga em inglês.
No dia 19 de julho deste ano, outro caso envolvendo injúria racial repercutiu no Rio de Janeiro. Um homem e uma mulher foram flagrados imitando macacos durante uma roda de samba na Praça Tiradentes, no Centro do Rio. O grupo PedeTeresa, responsável pelo evento, e a jornalista Jackeline Oliveira, que gravou o casal, expuseram a situação como racismo.
O vídeo mostra o homem e a mulher fazendo gestos de macacos, inclusive sons, enquanto o samba acontece. A mulher até simula pegar algo da cabeça do homem e comer, como os animais costumam fazer. Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) identificou e intimou o casal.
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