Caio Henrique Camossatto, de 37 anos, é alvo de denúncia do MP pelo crime de estelionato Reprodução

Rio - Caio Henrique Camossatto, de 37 anos, acusado de estelionato e fazer 15 vítimas no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, pode ser condenado pela Justiça do Rio nesta segunda-feira (19). Segundo uma das mulheres vítimas do homem, que foi preso preventivamente em março deste ano, o valor conseguido por ele com os golpes já ultrapassa o R$ 1,5 milhão.

Uma das mulheres que se envolveu com Caio foi a produtora Tayara Banharo. Foi ela a responsável pela emboscada realizada pela polícia e que resultou na prisão preventiva do acusado, em março deste ano. Ela conta que teve encontros com acusado de estelionato em 2022. Os dois se conheceram por um aplicativo de namoros e tiveram o primeiro contato oficialmente quando a vítima estava internada em hospital.

"Começamos a conversar e acabei tendo um problema de saúde. Precisei me internar e, durante essa internação, ele chegou a me visitar. Como se tivesse sido o primeiro encontro. Depois disso, tivemos o segundo encontro. Ele sempre muito articulado. Estava num momento de fragilidade e acabei emprestando um dinheiro para ele. Achei estranha a situação e me arrependi de fazer esse empréstimo. Foi quando comecei a procurar e descobri que ele era estelionatário amoroso", disse Tayara.

Segundo a testemunha, que trabalhava como produtora à época do contato com Caio, ele parecia ser uma pessoa muito bem relacionada, o que gerava confiança. Tayara conta que o réu dizia ser ator e mostrava conversas com pessoas famosas, mas as trocas de mensagens eram falsas. "Assim que descobri que ele era estelionatário, comecei a jogar que sabia de tudo nele. O ameacei e, depois disso, ele decidiu devolver meu dinheiro. Depois disso, mais ou menos em julho, o caso ganhou repercussão e ele sumiu", disse.

A vítima conta que conheceu outras vítimas depois desse período. Em janeiro deste ano, esse grupo viu que Caio havia voltado a ativa nos aplicativos de relacionamento. Após encontrar o perfil do acusado, Tayara criou uma conta falsa e começou a conversar com ele. Enquanto isso, o advogado das vítimas procurou a polícia, o que resultou emissão do mandado de prisão, que aconteceu em março. "Marquei um encontro com ele e foi quando a polícia deu o bote", lembrou. A prisão aconteceu no fim de março deste ano.

Nesta segunda-feira (19), a Justiça realiza a terceira audiência de instrução e julgamento, onde serão ouvidas testemunhas de defesa e acusação. O próprio Caio também poderá ser ouvido ao final dos depoimentos. O caso corre em segredo de justiça.

"A expectativa minha e de todas as vítimas é que ele seja punido, no caso preso. Ele é um risco para a sociedade estando solto. Tem casos piores do que golpe, são de vítimas que não prestaram queixas. Tem casos de agressão e boa noite cinderela", revelou Tayara, que tem contato com um grupo de vítimas. Entre as mulheres, há relatos de perdas de valores perto de R$ 1 milhão.
"Quando a gente encontrou ele, era um cara inteligente, culto, que sabe conversar. Entendido. Sabe falar sobre qualquer assunto. É sedutor, envolvente. Agora, na natureza dele, é um psicopata, maníaco, um monstro", afirmou Tayara.  

Em entrevista ao O DIA, o advogado assistente de acusação que representa as vítimas, Arthur Emerich, da Campos e Emerich Advogados, disse não poder dar detalhes do andamento por conta do segredo de justiça, mas comentou sobre as primeiras etapas do caso. 
"Nós fizemos um trabalho incansável, alimentando o inquérito com informações e provas, além de termos ficado em cima da delegacia de polícia, até que fosse possível o delegado concluí-lo e proceder ao indiciamento, remetendo após ao MP. Inclusive, e com a ajuda da Tayara, auxiliamos a polícia na captura dele, após a decretação da prisão preventiva determinada pelo judiciário, que infelizmente foi revogada pela magistrada que estava à frente da vara onde tramitava o processo na época", contou.
A expectativa do advogado das vítimas é que Caio seja condenado pelo crime de estelionato agravado pela repetida prática, com isso, a pena esperada é de 1 a 4 anos. "Devendo ser aumentada de um sexto a dois terços, o que dependerá da avaliação do magistrado, assim como outras circunda mais, como por exemplo condenações anteriores", afirmou. 
A defesa de Caio foi procurada pela reportagem de O DIA, mas até o momento não se posicionou sobre as acusações.