Operação para demolição de imóveis continua no Complexo da MaréReginaldo Pimenta/Agência O DIA

Rio - A operação para demolir imóveis de luxo construídos pelo tráfico no Complexo da Maré, na Zona Norte, chegou ao nono dia consecutivo, nesta terça-feira (27). A ação conjunta da Secretaria de Ordem Pública (Seop) e da Polícia Civil, impactou, mais uma vez, o funcionamento de escolas e unidades de saúde na região. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, duas escolas estão fechadas, afetando mais de 1,4 mil alunos. 
Segundo a pasta, as atividades no Ciep 326 - César Pernetta e no Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes estão suspensas desde a última segunda-feira (19). Em nota, foi informado que conteúdos pedagógicos perdidos serão repostos para evitar prejuízos aos alunos.
Já com relação às unidades municipais, 33 escolas estão funcionando com atendimento presencial e outras 13, que ficam mais próximas à região da operação, estão fechadas. As atividades ficaram suspensas em todas as unidades por três dias seguidos e funcionando em horários alternados apenas na quinta (22) e sexta-feira (23).
A pasta afirma que estratégias pedagógicas visando a recomposição das aulas serão adotadas para as escolas fechadas. A secretaria disse, ainda, que segue avaliando diariamente as condições de segurança para decidir sobre a abertura ou fechamento dos colégios. 
A operação desta terça-feira (27) afeta também o funcionamento das clínicas da família. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, as CF Jeremias Moraes da Silva e Diniz Batista dos Santos suspenderam as atividades externas, como as visitas domiciliares.
Segundo a Seop, ao todo, são 41 imóveis irregulares na comunidade Parque União. De acordo com a pasta, as equipes da prefeitura priorizam demolir os pavimentos mais altos de dois prédios, o que permite a entrada das máquinas para o restante do trabalho. Já foram demolidos 32 prédios, com mais de 162 apartamentos.
Agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) estouraram, nesta terça-feira (27), um local onde eram armazenadas armas, na comunidade Nova Holanda. Os agentes apreenderam um fuzil, partes de três fuzis e 25 conjuntos de peças balísticas, como gatilhos, travas, molas e precursor.
De acordo com investigações da DRE, o Parque União vem sendo utilizado há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o capital acumulado com o comércio de drogas. Os agentes apuraram ainda a participação de funcionários de órgãos representativos da comunidade no esquema.

Os imóveis foram erguidos sem nenhuma autorização da prefeitura e não possuem responsável técnico pelas obras. Engenheiros da Prefeitura estimam prejuízo de R$ 30 milhões aos responsáveis pelas construções. Segundo a Polícia Civil, as ações no Parque União revelam uma estratégia da facção criminosa de colocar ao menos uma pessoa em cada unidade habitacional para fingir que são moradores e dificultar as demolições.
No último sábado (24), uma equipe da Secretaria de Habitação esteve na comunidade e cadastrou cerca de 40 unidades. Nos próximos dias, será realizada análise para verificar quais se enquadram no direito de receber o Auxilio Habitacional Temporário, sendo considerada inicialmente a lista da Associação de Moradores no primeiro dia de atuação da Seop na comunidade.