Fachada do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) Divulgação

Rio - O Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco) denunciou à Justiça, nos seis primeiros meses do ano, 58 policiais civis e militares, entre ativos e inativos, e pediu o bloqueio de R$ 303.027.463,25 das contas de pessoas investigadas e/ou denunciadas por crimes como organização criminosa, tráfico de drogas, milícia armada, contravenção, pirâmide financeira e outros.

No período, foram oferecidas à Justiça 44 ações penais contra 325 pessoas. Entre os denunciados, 92 são servidores e ex-servidores públicos; 29 policiais militares da ativa; 11 ex-policiais ou aposentados; 12 policiais civis; dois ex-policiais civis ou aposentados; um policial penal; e três delegados de polícia. Também foram denunciados três ex-prefeitos, cinco ex-secretários municipais e mais 26 outros prestadores de serviços públicos. No total, o grupo deflagrou 42 operações para cumprimento de mandados obtidos na Justiça.
Petrorianos
Entre as operações destaca-se a Petrorianos, deflagrada em março, para o cumprimento de 20 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão. Entre eles, 18 policiais militares da ativa e um policial penal que integravam o grupo liderado pelo contraventor Rogério de Andrade. Nesta operação, o GAECO/MPRJ denunciou à Justiça 31 pessoas pelo crime de organização criminosa.

Jammer
No combate à organização criminosa voltada à exploração clandestina de internet, o órgão denunciou seis pessoas na segunda fase da operação Jammer, também em março. Foram cumpridos três mandados de prisão e sete de busca e apreensão. O esquema criminoso era liderado por Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, e Ronnie Lessa, denunciados na primeira fase da operação.

Naufrágio
Em abril, os promotores do grupo deflagraram a operação Naufrágio. Foram cumpridos 12 mandados de prisão e oito de busca e apreensão contra integrantes de uma milícia que atua na Comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, em Jacarepaguá. O Gaeco denunciou à Justiça 16 pessoas por associação criminosa, extorsão a comerciantes, empreendedores, vendedores ambulantes e mototaxistas, e por corrupção ativa. Entre os denunciados estavam um policial civil e dois policiais militares.

Escritório do Crime
Em maio, o Tribunal de Justiça condenou os irmãos Leandro Gouvêa da Silva e Leonardo Gouvêa da Silva, conhecidos como Tonhão e Mad, integrantes do Escritório do Crime. Eles foram condenados a 26 anos e oito meses de reclusão, cada um, em regime fechado. Os dois foram denunciados pelo Gaeco, em maio de 2020, pelo assassinato de Marcelo Diotti.

Ás de Ouros
A lavagem de dinheiro também foi alvo de investigação do MP. A operação Ás de Ouros III foi deflagrada em março, para o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão. Nesta operação, 13 pessoas foram denunciadas à Justiça pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Ruptura
Em junho, o Gaeco deflagou a operação Ruptura. Foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão na investigação de crimes de constituição de milícia privada e lavagem de capitais por integrantes do "Bonde do Varão", que age em Nova Iguaçu.

Bancarrota
No combate à exploração do jogo do bicho e máquinas de caça-níqueis, uma investigação do MP deu origem à operação Bancarrota, em abril. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 14 endereços de pessoas físicas e jurídicas ligadas à organização criminosa liderada pelo contraventor José Caruzzo Escafura, o Piruinha.

Força-tarefa Marielle e Anderson
Pela Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA), em ação conjunta com a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, a operação Murder Inc. levou à prisão os três autores intelectuais dos homicídios da vereadora e do motorista, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. A operação ocorreu em março.
Meses depois, em junho, a Justiça condenou o do ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, e a advogada Camila Nogueira por obstrução das investigações. Eles foram condenados a quatro anos e seis meses de prisão, em regime fechado. O MP recorreu da sentença, para aumentar a pena dos réus.

Força-tarefa contra a ocupação irregular
No combate às construções ilegais e ocupações irregulares na cidade, a Força-Tarefa de Enfrentamento à Ocupação Irregular do Solo Urbano atuou com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) em operações de demolição de imóveis construídos irregularmente em áreas dominadas pelo tráfico e pela milícia.
Em maio, o MP e a Prefeitura de Maricá fizeram um acordo de cooperação técnica nos moldes do trabalho do Gaeco na cidade do Rio. Além de evitar os danos dessas invasões, o objetivo é inibir a ação de organizações criminosas que usam as construções para se fortalecerem e estabelecerem domínio sobre o território e as comunidades.