O busto do médico e professor Domingos José Gonçalves de Magalhães ainda no lugar em 2022, antes de ser furtado recentementeArquivo pessoal/Regina Bustamante
Professora denuncia furtos em cemitério: 'São peças grandes, espanta como conseguem levá-las'
Ela ressalta o valor histórico dos itens de bronze
Rio – Na grande onda de violência que assola o Rio de Janeiro, nem as estruturas destinadas ao descanso eterno estão a salvo. A professora de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Regina Bustamante, denunciou ao DIA que peças do Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul, têm sido furtadas.
A docente, que frequenta o local regularmente devido a aulas de campo que ministra, conta que nota desde 2017 o desaparecimento de itens, principalmente os de bronze, que compõem estátuas e lápides. Ela alega que o caso chama atenção não só pela ousadia dos criminosos, mas também pela robustez das peças, que pesam entre 70 kg e 150 kg, aproximadamente: "São grandes, me espanta como conseguem levá-las".
Regina teme ainda que o furto de peças de cemitério se torne uma espécie de "epidemia" na cidade como ocorre, por exemplo, com cabos de cobre, porém, com o agravante pelo valor histórico dos itens: "Estou muito preocupada. Já localizamos peças e pensamos em não publicar artigos sobre pelo valor histórico. Mas quando se trata de furto, temos que apontar, sim".
Dentre as peças que a professora constatou a ausência estão: o portão de ferro do túmulo do estadista Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês do Paraná (1801-1856); uma estátua do túmulo do dramaturgo Cláudio de Sousa (1876-1954); e o busto do médico e professor Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882), que ela deu falta na última sexta-feira (13): "É um túmulo que se destaca pela bela escultura do anjo com a lira enlutada, de autoria de Rodolfo Bernardelli".
Entre um furto e outro, a docente já fez denúncias junto à ouvidoria da Rio Pax, concessionária que administra o cemitério. Ela também procurou nesta segunda (16) o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Procurados pela reportagem, o Iphan comunicou que não ainda na localizou "denúncia sobre furto de peças no Cemitério São João Batista". Já a Rio Pax informou que encaminhou a demanda para o setor responsável.
Com receio de novos furtos, Regina Bustamante ressalta que não constata agentes suficientes para reprimir tais atos no local: "Tem segurança na entrada. Mas o cemitério é grande, e nas minhas aulas na parte interna, não vejo. E à noite, quando é mais provável que aconteçam os furtos, o cemitério fica fechado para o público. Então, não sei como funciona o esquema de segurança".
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