Saturnino Braga foi o primeiro prefeito eleito diretamente no Rio após a redemocratização Divulgação/Agência Senado

Rio - O ex-prefeito do Rio e ex-senador, Roberto Saturnino Braga, morreu nesta quinta-feira (3), aos 93 anos. O político estava internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na Zona Sul, recebendo cuidados paliativos. De acordo com a unidade de saúde, a morte aconteceu "em decorrência de quadro grave e irreversível". O velório será realizado nesta sexta-feira (4), das 10h às 14h, no Palácio da Cidade, em Botafogo, e o enterro acontecerá às 15h no Cemitério São João Batista, no mesmo bairro. 
Saturnino Braga foi o primeiro prefeito eleito diretamente, após a redemocratização do país, com quase 40% dos votos válidos, como candidato do PDT. O político governou a cidade entre 1º de janeiro de 1986 e 1º de janeiro de 1989. Durante esse período, ele foi obrigado a declarar falência do município após ser surpreendido negativamente com a decisão do Banco Central que proibiu novos empréstimos para a prefeitura, que estava endividada.
O ex-prefeito foi ainda deputado federal pelo Rio de Janeiro, vereador na capital fluminense, bem como secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Niterói, na Região Metropolitana. Por conta da morte de Saturnino Braga e do jornalista e comunicador Cid Moreira, também nesta quinta-feira, o Governo do Estado decretou luto oficial de três dias no Diário Oficial. 
Autoridades lamentam
Na manhã desta quinta-feira, a Câmara Municipal de Vereadores divulgou uma nota, se solidarizando com familiares e amigos. "Um político que entrou para a história por sua luta pela democracia. Um gestor atuante, e sempre a favor dos que mais precisavam", descreveu. "A Câmara do Rio celebra o legado deixado por ele para todos vereadores da Casa Legislativa: a missão de fazer políticas públicas para os todos cariocas de forma democrática e justa", completou a Casa. 
O presidente da Câmara Municipal do Rio, vereador Carlo Caido (PSD), também se manifestou. "Um grande líder. Meus sentimentos aos familiares". A Câmara dos Deputados também publicou uma nota lembrando a trajetória de Saturnino, assim como o Senado Federal, que o apontou como o parlamentar mais vezes eleito, com três mandatos, e presidente da Comissão de Relações Exteriores, entre 2005 e 2007.
Em uma publicação nas redes sociais, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, também lamentou a morte e agredeceu pela atuação do político. "Saturnino Braga foi um dos mais dedicados e corretos homens públicos que a cidade do Rio de Janeiro já conheceu. Sua hitória em defesa da democracia, das liberdades e do povo mais pobre serão sempre lembradas. É uma grande perda para a cidade do Rio de Janeiro e para o Brasil. Meus sinceros agradecimentos por toda sua dedicação à nossa cidade", publicou. 
Também em seu perfil, o governador do Rio descreveu o ex-prefeito como um "expressivo e atuante representante do povo". No texto, ele destaca ainda que Saturnino Braga "exerceu com coragem e afinco seus mandatos, sempre defendendo os interesses da população brasileira" e prestou solidariedade à família, amigos e admiradores. 
Carreira política
Carioca nascido em 13 de setembro de 1931, Saturnino se formou em Engenharia pela Universidade do Brasil - atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) -, em 1954. No mesmo ano, ingressou no BNDE (atual BNDES), onde se especializou em engenharia econômica. O político também foi aluno de Celso Furtado - um dos maiores economistas do país -, na Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
Vindo de uma família influente e tradicional na política de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, era filho e neto dos deputados federais Francisco Saturnino Braga e Ramiro Saturnino Braga, respectivamente. Em 1963, deu início à sua carreira polítca, como deputado federal pelo estado do Rio, por uma coligação formada pelo PSB, MTR e PST, cargo que ocupou até 1967.
Com o início da Ditadura Militar e a instauração do bipartidarismo, ingressou no MDB e, no ano de 1975, iniciou seu primeiro mandato como senador pelo Rio, que durou até 1985. Entre 1992 e 1996, retornou à política como vereador do Rio e, após isso, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Niterói, a convite de Jorge Roberto Silveira, onde permaneceu até 1998. Em 1999, retornou ao Senado, onde encerrou sua carreira política, em 2007.