Jornalista Cid Moreira na bancada do Jornal Nacional: ele apresentou o telejornal da TV Globo desde a sua criação, em 1969, até 1996Acervo Grupo Globo

Rio - O jornalista Cid Moreira morreu às 8h desta quinta-feira (3) aos 97 anos. Ele estava internado no hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, para tratar um quadro de pneumonia e uma peritonite, uma inflamação do peritônio, que cobre os órgãos do abdômen. Devido a um quadro insuficiência renal crônica, Cid fazia hemodiálise há mais de três anos. 
O jornalista estava internado há 29 dias e chegou ao hospital com infecção urinária, ficou acamado com complicações de trombose venosa e atrofia muscular. Ele ainda seguiu fazendo diálise no hospital. "Foi um tratamento multidisciplinar desde o primeiro momento", explicou o médico Nélio Gomes, que cuidou do jornalista nos últimos dias.
A idade avançada, segundo o profissional e a gravidade do quadro, evoluiu para a falência múltipla dos órgãos, que causou sua morte.
"Eu não contei para ninguém para ter direito a privacidade, esperando que ele voltasse para casa, eu fiz o melhor", contou Fátima Sampaio, mulher de Cid, em entrevista ao "Encontro", da Globo. Eles ficaram juntos por 25 anos.
"Nós temos diferença de idade, e eu sempre falava para o médico 'eu quero mais um pouquinho'. Mas ele estava cansado, muito cansado. Ele estava lúcido até o fim", disse Fátima.
Trajetória
Cid Moreira nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 1927.  Ele fez 97 anos na última sexta-feira (27). O jornalista iniciou a carreira no rádio em 1944, após fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
A estreia do jornalista como locutor de noticiários aconteceu na TV Rio, em 1963,  no 'Jornal de Vanguarda'.
Cid Moreira marcou sua carreira na Globo como apresentador do "Jornal Nacional", desde sua inauguração, em 1969, até 1996, e seu tradicional "boa noite", ao encerrar o programa, atravessou gerações. Ele foi recordista como um âncora e apresentou o telejornal cerca de 8 mil vezes.
"Gosto mais das notícias de grande impacto, de emoção, porque eu tenho sensibilidade para passar isso, e consegui passar durante todos esses anos. Quando o Drummond morreu, fizemos um ‘boa noite’ diferente. No final do jornal, sussurrei: ‘E agora, José?’ Ninguém esperava isso. Fizeram uma fila para me cumprimentar, e até hoje me sinto honrado", disse ele em entrevista ao site Memória Globo.
Em seguida, ele teve sua voz em narrações do "Fantástico" e se destacou com o quadro do mágico "Mr. M" e durante a Copa do Mundo de 2010 quando gravou a vinheta "Jabulani", em referência à bola do mudial. Outro marco na carreira do jornalista foi a narração da Bíblia Cristã, em 2001. Na ocasião, os CDS com a voz do apresentador foi sucesso e vendeu cerca de 33 milhões de unidades.
Edição especial do JN
Em 24 de abril de 2015, Cid apresentou um bloco do Jornal Nacional ao lado de Sérgio Chapelin, que foi seu colega de bancada por anos. A homenagem da Globo aos jornalistas ocorreu na semana de aniversário de cinquenta anos da Rede Globo.
Vida pessoal
Cid Moreira foi casado quatro vezes: com Nelcy Moreira teve uma filha, Jaciara, que morreu em 2020, aos 50 anos, de enfisema pulmonar. Ele teve um neto, Alexandre Moreira – filho de Jaciara –, que morreu após se envolver em um acidente de carro em 1996, aos 21 anos.
Foi casado também com Olga Verônica Radenzev Simões, entre 1970 e 1972. Depois com Ulhiana Naumtchyk Moreira, de 1993 a 2000, com quem teve um filho biológico, Rodrigo Moreira, e adotou Roger Moreira, sobrinho dela. Os dois travavam uma briga judicial com o pai alegando que a atual mulher dele teria se apoderado dos bens de forma "ilegal e abusiva", se aproveitando da "senilidade, idade e doença" dele. Cid e Fátima estavam juntos há 25 anos e não tiveram filhos.