Parentes de ex-secretário de Saúde Doutor Luizinho são sócios do PCS Lab, em Nova IguaçuDivulgação

Rio - Parentes do deputado federal e ex-secretário de Saúde do estado do Rio Dr. Luizinho são sócios do PCS LAB, laboratório investigado por erro em resultados de testes de HIV para processo de transplante. A empresa foi contratada pela Fundação Saúde, empresa pública do Governo do Rio, no mesmo período da gestão do parlamentar.
O sócio Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira é primo de Luizinho. O outro sócio do laboratório é Walter Vieira, casado com a tia do político. O mesmo é médico ginecologista concursado do município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e foi afastado do cargo público nesta sexta-feira (11). Segundo a prefeitura da cidade, ele exercia o cargo não remunerado como presidente do Comitê Gestor de Vigilância e Análise do Óbito Materno Infantil e Fetal do município.
"Por ser um dos sócios do laboratório, PCS Saleme, que foi interditado pela Anvisa nesta sexta-feira, ele foi afastado do cargo nesta sexta-feira (11)", informou a prefeitura.
Em nota, Dr. Luizinho afirmou que conhece o laboratório há mais de 30 anos e que ela foi dirigida, inicialmente, pelo pai de Walter Vieira. Ele também lamentou o ocorrido e desejou ao fim das investigações "punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de contaminação".
Sobre o laboratório prestar serviços durante a sua gestão, o ex-secretário de Saúde garantiu que manteve a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e que nunca participou da contratação deste ou de qualquer outro Laboratório.

A reportagem de O DIA tenta contato com Matheus Sales e Walter Vieira. O espaço está aberto para eventuais manifestações.
Entenda o caso
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES) investiga a contaminação de seis pessoas por HIV, após receberem transplantes de órgãos. Nenhum deles estava infectado antes e o primeiro caso foi descoberto há um mês, quando um dos pacientes testou positivo para o vírus. Todos os exames de sangue dos doadores foram realizados pelo PCS Lab Saleme e apresentaram falso negativo.
A situação foi descoberta no último dia 10 de setembro, segundo revelou a 'BandNews', quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve resultado para HIV positivo. Logo depois, amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos confirmados. Há uma semana foi notificado que mais um receptor de órgãos teve o exame de HIV positivo, após o transplante. Até o momento, estão confirmados seis casos.
Além da Polícia Civil, Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde do Rio e Cremerj, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro informou que também vai investigar a contratação em questão, encaminhando o caso para os promotores de Justiça de Cidadania. A investigação abarcará a análise do dano pelo serviço não prestado adequadamente e possíveis irregularidades na licitação, em decorrência dos vínculos mencionados.
O que diz o PCS Lab
O laboratório PCS Lab disse que abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no estado do Rio de Janeiro. "Trata-se de um episódio sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969", iniciou a nota.
Segundo a empresa, o laboratório informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado.
"Nesses procedimentos foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O PCS Lab dará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares; e reitera que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe que investigam o caso", garantiu a empresa.