Rio - O Ministério da Saúde determinou oficialmente que a gestão do Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte, passe para o Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre. A decisão foi publicada nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da União. Apesar disso, servidores federais realizam um protesto em frente a unidade impedindo a entrada dos novos gestores. Segundo o Ministério, uma funcionária foi agredida.
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Ao DIA, a auxiliar de enfermagem e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio (Sindsprev/RJ), Cristiane Gerardo, informou que os trabalhadores não permitirão a mudança. A Polícia Federal acompanha a movimentação.
"Os servidores estão todos aqui na porta, nós não estamos deixando os Grupo Conceição entrar. A gente entende que eles estão vindo para pegar os recursos públicos e então estamos fazendo um protesto de resistência. Nós temos três denúncias no Ministério Público Federal, que infelizmente não está dando celeridade no processo de investigação. Pretendemos ficar aqui a vida toda se for necessário, aqui o grupo hospitalar não entra", disse.
"Temos a obrigação de estar aqui para defender os nossos direitos, porque o que eles querem fazer é retirar cada vez mais o direito do servidor do Hospital Federal de Bonsucesso. Eles vão fazer uma perseguição até que você desista do teu hospital que você trabalhou por 20 e 30 anos. Por isso, nós temos que resistir. Quero dizer para cada um de vocês, esse é o nosso momento. Nós vamos para esse enfrentamento. Esse é o momento de estarmos aqui. Independente do local e setor que você trabalha, aqui que você tem que estar, porque a resistência é aqui", destacou um dos presentes.
Até a tarde desta terça, os manifestantes permaneciam sentados na entrada da unidade para impedir o acesso dos novos gestores e de representantes do Ministério da Saúde. De acordo com o órgão, a Justiça Federal emitiu um despacho que determina que os manifestantes não podem impedir a entrada das equipes no HFB. Oficiais de Justiça foram ao local para assegurar o cumprimento da decisão de forma pacífica.
O Ministério ainda informou que uma profissional vinculada ao Departamento de Gestão Hospitalar do Estado do Rio de Janeiro (DGH), foi agredida na manhã desta terça durante a manifestação. Ela realizou exames no Instituto Médico Legal (IML) e recebe o apoio da pasta.
O Grupo Hospitalar Conceição (GHC), é uma empresa pública vinculada ao Governo Federal, de atuação nacional e que atende integralmente ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Entenda as prioridades da nova gestão
Segundo o Ministério da Saúde, com a mudança, a prioridade da nova gestão é abrir a emergência, salas para cirurgias e mais de 200 leitos, para retomada gradativa de todos os serviços. A previsão de abertura total do hospital é de 45 dias, ou seja, ainda neste ano.
O trabalho será conduzido por uma equipe de profissionais do GHC, que vai atuar em parceria com os gestores do Hospital Bonsucesso. Para que a transição esteja alinhada com as necessidades da população, o Ministério da Saúde vai realizar o processo em etapas, como descentralização da gestão, abastecimento de insumos, infraestrutura e contratação de pessoal.
No primeiro momento, em até 45 dias, mais de 2 mil novos trabalhadores, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e funcionários administrativos, serão contratados por meio de processo seletivo. A pasta reforça que os direitos ficam garantidos para todos os servidores efetivos.
No prazo de até um mês, o GHC levará equipes especializadas até a unidade com o objetivo de diagnosticar a situação da infraestrutura e começar imediatamente reformas e adequações, como as necessidades elétricas e hidráulicas. A nova gestão vai otimizar o espaço de atendimento e garantir condições adequadas para os serviços hospitalares. Além disso, vai adquirir equipamentos e mobiliário prioritários que permitam o pleno funcionamento dos serviços de alta complexidade.
A nova gestão também vai preparar um estoque estratégico de insumos para garantir que não haja interrupção no fornecimento de materiais e medicamentos fundamentais ao hospital, além de realizar um inventário completo de todos os insumos disponíveis para identificar necessidades futuras e otimizar os processos de aquisição e armazenamento.
"Desde 2023, o Ministério da Saúde tem atuado para devolver aos hospitais federais o status de excelência e adequá-los às necessidades do SUS, com redução das filas e unidades em pleno funcionamento. Nesse sentido, até 2025, a previsão de investimento adicional para o Hospital Bonsucesso é de R$ 263 milhões para diagnósticos, insumos e equipamentos, sendo R$45,5 milhões em 2024 e R$218,2 milhões em 2025", reforçou o ministério em comunicado.
As medidas têm como objetivo garantir que a transição do hospital para a gestão do GHC aconteça gradativamente, de forma planejada, integrada, com foco na melhoria contínua dos serviços 100% SUS prestados à população e das condições de trabalho para os profissionais da saúde.
Em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, a ministra Nísia Trindade reforçou trabalhar para entregar à população do Rio de Janeiro e ao Sistema Único de Saúde os serviços de qualidade e referência de que a população precisa.
"É um hospital muito importante que atende uma região imensa, inclusive, além da área metropolitana do RJ, que está em condições precárias há muito tempo", explicou.
Ainda segundo a ministra, os trabalhadores terão todos os seus direitos garantidos. "O que nós faremos é uma contratação de profissionais de saúde para dar conta de que dos 400 leitos existentes, em que 200 estão fechados. Queremos essa capacidade plena, fazer as reformas necessárias e fazer uma gestão eficiente, regulada pelo estado, fortalecer essa rede e atender a população", disse.
Ministério da saúde se pronuncia após bloqueio de acesso
Em nota, o Ministério da saúde se pronunciou sobre o ocorrido e afirmou que o bloqueio atrasou o processo de transição da gestão. Veja:
Na manhã desta terça-feira, manifestantes impediram o acesso das equipes do Ministério da Saúde e do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) ao Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), atrasando o início do processo de transição da gestão da unidade. A Justiça Federal emitiu um despacho que determina que os manifestantes não podem impedir a entrada das equipes no HFB, e oficiais de Justiça estão no local para assegurar o cumprimento da decisão de forma pacífica.
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