Quiosque foi depredado por torcedores do Peñarol no RecreioPedro Teixeira/Agência O DIA
Durante a manhã desta quinta-feira (24), Edilson já contabilizava os prejuízos e dava continuidade ao trabalho. "Eu vim pra cá tentar arrumar alguma coisa, vê o que a gente pode fazer porque os trabalhos não podem parar né? Estamos tendo ajuda da Orla Rio, eles enviaram uma equipe pra cá ontem e agora vamos receber o material para gente começar a trabalhar. Estamos montando os cálculos do prejuízo, que foi muito e não tem o que fazer. Já estou há 16 anos nesse quiosque, mas na orla tenho 25, e eu nunca vi isso na minha vida", lamentou.
O comerciante descreveu ainda a sensação de perder tudo que havia conquistado. "Você chegar, ver tudo destruído e não poder fazer nada é uma situação horrível, você ralar bastante para conseguir e do nada acaba tudo, é difícil", disse.
Ele explicou que a confusão teve início na areia, subindo para o quiosque em seguida. "A torcida do Peñarol chegou aqui era 5h e pouca e meu irmão me mandou mensagem, mas até então estava tranquilo. Depois, eles começaram a brigar entre eles, com pessoal da areia, banhistas e começaram a pegar tudo, os dois funcionários entraram para dentro do quiosque e foram forçados a sair porque eles estavam com pedaços de madeira. Eles arrombaram e levaram tudo", reforçou.
Edilson também pediu que medidas sejam tomadas para que a situação não se repita. "Isso tem que chegar no Consulado do Uruguai para eles verem o que eles fizeram aqui no Rio. Não são torcedores, são bandidos, eles não podem sair impunes, eles não prejudicaram só a mim, mas os motoqueiros, barraqueiros, a padaria e o quiosque aqui do lado, eles tem que pagar pelo prejuízo de cada um”, reforçou.
Ainda na praia, o barraqueiro Deryck de Castro, 26 anos, contou que os torcedores estavam sendo atendidos normalmente no início da manhã, mas que depois começaram a atacar banhistas e ambulantes da região.
"A gente e o quiosque estávamos atendendo eles, mas eles começaram a roubar as ferragens do guarda-sol e barraca para poder se armar contra a população. Eles estavam desde de manhã tentando arrumar tumulto, não querendo pagar guarda-sol, bebendo caipirinha sem querer pagar, falando que ia ficar por isso mesmo, depois tacaram fogo dentro do local onde ficam as pranchas e nós viemos com balde apagar", disse.
Deryck comentou ainda que nunca tinha vivido momentos de tanto terror. "Eles vieram com garrafas de cerveja, cascos. Foi uma barbaridade, me senti na faixa de gaza, quando arrumamos a lona da barraca e eles ficaram ameaçando a gente com faca na mão, ferro, falando que ia pegar o material e a gente pedindo por favor porque estávamos atendo eles desde cedo. Depois, por abaixar a barraca e fechar conseguimos conter os danos, mas eles quebraram muita coisa", explicou.
Depois dos ataques, as calçadas e ciclovias ficaram com dezenas de cacos de vidro, mas segundo os trabalhadores, a limpeza foi feita de forma ágil pela Comlurb.
Segundo a PRF, a escolta durou de 2h até 5h40, momento em que a equipe entregou os ônibus para o Núcleo de Operações Especiais de SP (NOE). O intuito é que eles sejam escoltados até deixarem o país.
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