Rio - A Polícia Civil do Rio identificou e individualizou as condutas dos torcedores do Peñarol envolvidos em uma confusão generalizada no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, na tarde desta quarta-feira (23). No total, 22 homens foram presos em flagrante e um adolescente foi apreendido. Outros 330 uruguaios também vão responder por crimes contra a paz no esporte.
Todos os torcedores foram conduzidos à Cidade da Polícia e à 16ª DP (Barra da Tijuca), onde permaneceram até o início da madrugada.
Segundo a Polícia Civil, os presos foram autuados por crimes diversos, de acordo com a atuação individual. Entre os delitos estão porte ilegal de arma de fogo, furto, lesão corporal, roubo com concurso de agentes, dano qualificado, incêndio, associação criminosa, resistência, desobediência, desacato, rixa, injúria racial, corrupção de menores e o artigo 201 do Estatuto do Torcedor, por crimes contra a paz no esporte. Eles foram encaminhados para a Polinter e, posteriormente, serão apresentados para audiência de custódia.
Já o adolescente de 17 anos, acusado de atear fogo nas motocicletas que estavam estacionadas na região, foi apreendido por fatos análogos aos crimes de associação criminosa, incêndio e também por crimes contra a paz no esporte. Ele foi encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), de onde seguirá para a Vara da Infância e da Juventude.
Além disso, os procedimentos também serão enviados para o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos.
Durante a apuração dos fatos, os agentes analisaram as imagens veiculadas na imprensa e em redes sociais, e realizaram oitivas, a fim de corroborar na identificação e na responsabilização dos autores.
- Cesar Daniel Camurati Alvarez (Racismo) - Associação criminosa, injúria por preconceito, resistência, incêndio, rixa, desacato e dano ao patrimônio público.
- Ezequiel Rodrigues - (Incendiou motos) - Incêndio, associação criminosa, promoção ou incitação de violência por torcedor e corrupção de menores.
Os demais presos estão todos envolvidos no roubo e dano ao quiosque: Santiago Facundo Sacremento Rodriguez; Jose Telechea; Santiago Zapata; Carlos Ramiro Tamborindeguy Lara;Luis Antonio Cursio; Jorge Lucio Da Silva Lima; Felipe Pedrini; Michael Nicolas; Lautaro Machado Raimondi; e Federico Gonzales. Todos vão responder por lesão corporal, roubo qualificado pelo concurso de agentes, dano qualificado, associação criminosa, resistência, desobediência, desacato e crime do estatuto do torcedor.
Os outros oito torcedores não tiveram a identidade divulgada. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestações.
Entenda o caso
A confusão generalizada provocada por torcedores do Peñarol na tarde desta quarta-feira (23), na praia do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, foi iniciada após um uruguaio furtar um celular em um comércio próximo à comunidade do Terreirão. A informação foi dada pelo secretário de Segurança Pública Victor dos Santos em coletiva de imprensa realizada na Cidade da Policia (CidPol), no Jacaré, Zona Norte.
Por volta de 12h, os torcedores do Peñarol passaram a depredar quiosques e estabelecimentos, dando início a um confronto violento. Os uruguaios utilizaram paus e pedras para atacar banhistas e um pequeno contingente de policiais militares que havia chegado ao local. Na mesma ocaisão, eles incendiaram motos na Avenida Lúcio Costa.
Por volta das 13h15, um ônibus de turismo também foi incendiado por um grupo de moradores, revoltados com a situação. Apenas às 13h30, mais equipes da Polícia Militar chegaram e depois de muito esforço conseguiramm deter mais de 250 envolvidos na confusão.
Os suspeitos ficaram sentados no canteiro central da Avenida Lúcio Costa até a chegada dos ônibus que os levaram à Cidade de Polícia. Ao todo, foram utilizados seis coletivos, tanto da PM quanto veículos de turismo. No início da noite, uma van chegou com mais sete detentos.
Sobre a demora para a chegada dos policiais militares, o secretário Victor dos Santos citou que parte dos ônibus de turismo chegou antes do previsto, ocasionando uma falha no planejamento do policiamento. Além disso, destacou que o trânsito atrapalhou a circulação das viaturas com os reforços da corporação.
"Houve essa falha da comunicação. Estamos tentando entender se teve falha de comunicação do clube ou da torcida com o consulado uruguaio e do consulado uruguaio com a Segurança Pública, mas essa foi também uma falha de comunicação. Quanto ao tempo de resposta: por que quando a gente faz um planejamento, a gente precisa superestimar o efetivo? Porque é preferível que você desmobilize o efetivo que não usou do que precisar utilizar e não ter", explicou.
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