Enterro aconteceu no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona NorteArquivo / Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Motorista de aplicativo baleado na cabeça na região do Complexo de Israel é enterrado
Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, levava um passageiro quando foi atingido por uma bala perdida no momento de um tiroteio
Rio - O motorista de aplicativo Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, que morreu depois de ser baleado na cabeça em um um tiroteio na região do Complexo de Israel, foi enterrado, na tarde deste sábado (26), no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte.
Paulo estava com um passageiro no seu carro quando foi atingido por uma bala perdida na última quinta-feira (24). Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal Doutor Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas chegou sem vida na unidade.
"A bala entrou por trás do carro e pegou infelizmente na cabeça dele. O passageiro socorreu, ajudou e veio até aqui junto com o policial. Infelizmente, ele veio a óbito. Sai cedo para trabalhar e acontece isso. Era uma pessoa honesta e trabalhadora. Tinha uma amizade com ele há muitos anos. O Rio está isso aí, esse tiroteio constante em uma guerra. Agora é procurar de onde veio essa bala e prender os marginais", disse Júlio Santos da Costa, amigo do motorista, em entrevista no dia do ocorrido.
Além da vítima, outros três homens também morreram em decorrência do tiroteio. O açougueiro Renato Oliveira Alves Reis, de 48 anos, estava indo para o trabalho quando foi atingido na cabeça dentro de um ônibus da Transportadora Tinguá, que fazia a linha 493 (Ponto Chic x Central). O coletivo passava pela Avenida Brasil no momento que os tiros começaram.
O passageiro foi socorrido em estado grave e encaminhado ao Hospital Federal de Bonsucesso, onde passou por cirurgia. Ele estava sendo assistido pela equipe clínica e cirúrgica, inclusive de neurocirurgia, mas não resistiu.
Renato foi enterrado na manhã deste sábado (26) no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu, também na Baixada. "Quero homenagear meu pai que foi um excelente amigo, herói. Na medida do possível, sempre que pode ajudava. Gratidão eterna pela vida dele. Independente de tudo, só tenho a agradecer. Era um cara trabalhador, respeitador, responsável. Sempre fazia tudo que podia pela família e amigos. Nunca pedindo nada em troca, mas apenas pela amizade", disse Renan Oliveira, filho do açougueiro durante a cerimônia.
Já Geneilson Eustaque Ribeiro, de 49 anos, dirigia o seu caminhão pela região quando também foi atingido no crânio por uma bala perdida. Ele deu entrada no Hospital Municipal Doutor Moacyr Rodrigues do Carmo, foi entubado e transferido para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, ainda em Duque de Caxias. O motorista passou por cirurgia na unidade, mas não resistiu. A vítima foi enterrada nesta sexta-feira (25) no Cemitério de Xerém.
'Ato de terrorismo'
Na manhã da última quinta (24), a Avenida Brasil, principal via expressa do Rio, chegou a ficar interditada, por cerca de duas horas, e passageiros e motoristas abandonaram os veículos e ficaram abaixados para se protegerem dos disparos. O tiroteio aconteceu durante uma operação da Polícia Militar no Complexo de Israel, na Zona Norte, região dominada pelo Terceiro Comando Puro (TCP).
O governador Cláudio Castro (PL) definiu a ocorrência como um "ato de terrorismo" feito pelos traficantes da região. Em coletiva de imprensa realizada no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul, na tarde desta quinta (24), o governador afirmou que as mortes não aconteceram em decorrência de uma troca de tiros envolvendo policiais militares e sim porque criminosos atacaram pessoas inocentes deliberadamente para afastar os agentes.
"Foi uma operação de inteligência, uma operação que a Polícia sabia o que estava fazendo. Infelizmente, tivemos uma reação por parte do tráfico muito desproporcional, inclusive a outras ações que já foram feitas na Cidade Alta nos últimos meses. Nunca tivemos nada similar a isso. O que a gente viu foi um ato de terrorismo. Não dá para classificar de outra forma. É só ver como foi a configuração. A Polícia estava de um lado e a ordem foi atirar nas pessoas que estavam do outro lado. Não foi uma troca de tiros que acertou as pessoas. Esses criminosos atiraram a esmo para acertar pessoas de bem, que estavam indo trabalhar. Essa é a verdade. Inclusive, um dos ônibus alvejado era do outro lado da comunidade", disse.
De acordo com Castro, informações de inteligência indicam que as equipes chegaram próximo de um grande líder do TCP, que domina a região. O chefe da facção na região é Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, que segue foragido.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.