Rio - A Polícia Civil poderá fazer uma reprodução simulada para identificar de onde partiram os disparos que mataram três inocentes, na última quinta-feira (24), em pontos próximos ao Complexo de Israel, onde a Polícia Militar realizava uma operação. As vítimas estavam no trânsito em três vias diferentes, a uma distância que variava de 200 a 2 km de onde ocorria a ação.
A vítima que estava em local mais próximo da comunidade Cidade Alta, uma das localidades onde PMs atuavam, era o açougueiro Ricardo Oliveira, de 48 anos. Ele foi atingido por um disparo na cabeça enquanto seguia para o trabalho, dentro de um ônibus da linha 493 (Ponto Chic x Central). Renato chegou a ser socorrido em estado grave e encaminhado ao Hospital Federal de Bonsucesso, onde passou por cirurgia, mas não resistiu.
O motorista de caminhão Geneilson Eustáquio Ribeiro, de 49 anos, dirigia o veículo de carga pela pista sentido Rio da Rodovia Washington Luiz (BR-040), próximo ao Trevo das Missões, quando também foi morto por um disparo que atingiu sua cabeça. O local onde o caso aconteceu fica cerca de 1 km de distância da favela Cidade Alta.
Já Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, foi a vítima mais distante dos locais onde ocorriam as ações. Ele dirigia o veículo que usava para trabalhar em aplicativos de corridas pela Linha Vermelha. Na altura do Parque Duque, cerca de 2 km de distância da comunidade, um tiro de fuzil o acertou.
Com a reprodução simulada, a Polícia Civil poderia tentar identificar de onde partiram os disparos e entender se, de fato, se tratou de uma ação coordenada do tráfico para atingir inocentes no trânsito. A hipótese foi divulgada, na edição deste sábado do RJTV2, da TV Globo.
Na última quinta-feira, logo após o incidente, o governador Cláudio Castro já havia definido a ação dos criminosos como um atentado terrorista. "Foi uma operação de inteligência, uma operação que a Polícia sabia o que estava fazendo. Infelizmente, tivemos uma reação por parte do tráfico muito desproporcional, inclusive a outras ações que já foram feitas na Cidade Alta nos últimos meses. Nunca tivemos nada similar a isso. O que a gente viu foi um ato de terrorismo. Não dá para classificar de outra forma. É só ver como foi a configuração. A Polícia estava de um lado e a ordem foi atirar nas pessoas que estavam do outro lado. Não foi uma troca de tiros que acertou as pessoas", disse o governador.
A operação da PM, na última quinta-feira, aconteceu em três das cinco comunidades que integram o território chamado de Complexo de Israel, que é dominado pelo traficante Álvaro Malaquias, o Peixão. As favelas envolvidas na ação foram a Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas. As três comunidades ficam entre os bairros de Cordovil e Brás de Pina e margeiam a Avenida Brasil.
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