Agatha Arnaus e familiares de Marielle Franco no dia 14 de março, quando crime completou 6 anosArquivo/ Agência O DIA

Rio - Familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes cobram a condenação dos executores do crime no julgamento marcado para começar às 9h desta quarta-feira (30), no IV Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, no Centro. Os réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram denunciados por duplo homicídio triplamente qualificados, um homicídio tentado e pela receptação do Cobalt utilizado no dia do crime, em 14 de março de 2018. Um protesto será realizado às 7h na área externa do tribunal por um desfecho justo do caso.
A mãe da parlamentar assassinada, Marinete Silva, 72 anos, afirma que o julgamento é uma oportunidade de o Rio de Janeiro dar um exemplo contra a impunidade. "A gente precisa de uma justiça digna com a condenação desses homens. São réus confessos. É fundamental não só pela minha filha, mas para não banalizar a vida de tantos que foram, infelizmente, tombados", disse no programa 'Encontro', na TV Globo, nesta terça-feira (29).
A advogada e mãe de Marielle contou que, apesar da luta por justiça, as vésperas do júri têm sido angustiantes. "Por mais que a gente queira justiça, é um sofrimento de mais de seis anos. Não tem como uma mãe passar pelo que passei e achar isso normal. Que não se normalize nesse país uma defensora dos direitos humanos ser abatida da maneira que foi minha filha e Anderson", ressaltou Marinete.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, participou do programa e declarou que a família nunca vai entender a motivação do crime. "Pra gente, da família, justiça mesmo seria se a Mari estivesse viva. Nunca vai caber na nossa cabeça o entendimento do real motivo, de como as pessoas podem ser tão cruéis e frias", desabafou.

Anielle acrescentou que Marielle Franco se destacava no trabalho parlamentar quando foi assassinada. "Vejo dois fatores: a grandiosidade do trabalho dela e as pessoas acharem que podem assassinar pessoas negras, mulheres e LGBTs da maneira mais simples possível e ficarem impunes", afirmou a irmã da vítima.

Viúva do motorista Anderson Gomes, Agatha Arnaus lembrou que o júri representa a sociedade brasileira e pediu um basta à violência. "Estaremos com jurados que representam a sociedade cansada da impunidade, da injustiça e que vai estar diante de assassinos que confessaram matar. Estarei até o último minuto para ver uma resposta à altura do que eles fizeram", declarou no programa "Encontro".

Mãe de Arthur, Agatha destacou a falta do marido na família. "Com a proximidade do júri me peguei pensando em tudo que aconteceu. Foram seis anos vivendo em função do Arthur porque ele era a única coisa que sobrou do Anderson. Não o ter no dia dos pais, nos exames genéticos que não conseguimos fazer, fizeram esses 6 anos parecerem 60", contou.
Além do júri dos executores no Rio, uma ação penal corre no Supremo Tribunal Federal contra outros envolvidos no crime. Já foram ouvidos os assassinos confessos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Apontados como mandantes do crime, o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, também prestaram depoimentos.