A irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial, Annielle Franco, ao lado da filha da vereadora, Luyara FrancoRenan Areias/Agência O Dia

Rio - À espera pela conclusão do júri popular de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco e Luyara Franco, irmã e filha da vereadora Marielle, demonstraram expectativa para que a justiça seja feita. As duas acompanharam, desde as primeiras horas desta quarta-feira (30), o andamento do julgamento dos ex-PMs, réus confessos pela execução da vereadora e do motorista Anderson Gomes. 
Ao longo do dia, foram ouvidos pelo tribunal do júri oito testemunhas, sendo oito presencialmente e uma em depoimento gravado. Entre as falas, a que mais causou comoção foi a da mãe de Marielle, Marinete Silva Segundo Luyara, a avó falou sobre o lado humano da mãe. 
"Foi um dia difícil. Ouvimos as testemunhas, minha avó e Ágatha. Lembrar o lado humano da minha mãe. Acabamos ouvindo também testemunhas de acusação e defesa e esperamos ouvir os réus. Muito difícil falar aqui com vocês hoje e relembrar tudo isso, ver exatamente como foi arquitetado tudo isso. Estamos com esperança que o quanto antes teremos a sentença e condenação. Primeira fase da Justiça", disse Luyara.
A ministra do governo Lula Anielle também falou sobre a emoção de ouvir a mãe. Segundo ela, o depoimento revela o lado humano de Marielle, que sempre foi conhecida pela sua força como vereadora e defensora das minorias. 
"Acho que foi um dia onde muitas pessoas se emocionaram. O depoimento mais forte, ou um dos depoimentos mais fortes, foi o da minha mãe. Ela trazendo um lado da Mari filha, humana e acho que ali a intenção dos defensores e do Ministério Público era trazer esse lado. Eles repetiam muito isso, que Marielle Franco, a vereadora, todos conheciam e sabiam, mas Marielle Francisco da Silva, que é o nosso nome, eles queriam ouvir", declarou.
Anielle ainda lembrou dos momentos de Marielle revividos durante a sessão no Tribunal do Júri. "Uma das coisas que mais me marcou foi rever, ouvir a voz da Mari de novo e ver fotos. As coisas dela (...) A expectativa é que agora consigamos ter uma resposta ainda hoje", finalizou a ministra.
Em seu depoimento, a vereadora e viúva de Marielle, Mônica Benício, terceira a ser ouvida no julgamento, disse que a parlamentar vivia o melhor momento da sua vida quando foi executada. "Vivia o momento mais feliz da vida dela como um todo. (...) Era uma figura em ascensão política no partido e era muito dedicada no trabalho, estudava para tudo, se interessava por tudo, a eleição dela foi um fenômeno na cidade", afirmou Mônica, que disse só ter se empenhado em ir para a universidade por causa da companheira.
 O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo duplo homicídio triplamente qualificado de Marielle e Anderson, além da tentativa de homicídio da assessora da parlamentar, Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado, deve terminar na madrugada de quinta-feira (31). Até às 20h, ainda restavam o depoimento de Lessa e as alegações da acusação, defesa, promotoria e a decisão do júri. Os ex-PMs, que confessaram o crime, podem pegar até 84 anos.