Procurador-geral do MPRJ, Luciano Mattos, esteve no segundo dia de julgamento dos réusReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Mattos apontou para a complexidade de casos que envolvem policiais e ex-policiais, como Lessa e Élcio. Segundo ele, é uma situação histórica no Brasil e no Rio, não é diferente. O procurador destacou que, quando há envolvimento de agentes o risco de interferência na investigação é maior, especialmente nos primeiros meses. "Isso acaba criando uma necessidade de uma atuação do MP, que começou logo no início, com três ou quatro meses. O MP passou a atuar diretamente na investigação, e assim foi possível chegar aos executores", afirma.
O procurador reconheceu que o processo poderia ter sido mais curto, mas considerou que foi o tempo necessário diante dos desafios enfrentados na investigação. "Hoje, é o encerramento dessa fase do julgamento dos executores, uma importante etapa. É claro que a gente sempre espera um processo menor, mas esse foi o possível", ressaltou.
O julgamento dos assassinos confessos foi retomado na manhã desta quinta-feira (31). A sessão havia sido interrompida na noite anterior, após quase 14 horas de audiência. Os últimos depoimentos foram dos réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. O segundo dia teve início às 9h30, com os promotores apresentando suas alegações, seguidos pelas defesas de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que terão 2h30 cada.
Ronnie e Élcio foram presos em 12 de março de 2019, cerca de um ano após a execução da vereadora e do seu motorista. Na prisão, Ronnie já teria confessado ser o autor dos disparos que atingiram o carro da parlamentar. Enquanto Élcio era o responsável por dirigir Chevrolet Cobalt prata, usado na emboscada.
Desde que o caso aconteceu, as investigações sobre a morte de Marielle passaram por várias instâncias da segurança pública no Rio, com trocas de delegados responsáveis pela Delegacias de Homicídios (DH). Os últimos episódios desses mais de seis anos sem resposta foi a prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, apontados por Lessa como mandantes do assassinato da vereadora, em 24 de março deste ano.
O crime teria sido encomendado pelos irmãos, réus desde junho em processo que também apura a morte da vereadora e do motorista. Segundo investigação da Procuradoria Geral da República (PGR), a morte de Marielle seria uma maneira de frear os embates da parlamentar contra os loteamentos clandestinos de terras na Zona Oeste. A vereadora teria sido contra uma série de projetos de leio que favoreciam ao clã Brazão. Os dois possuíam interesse econômico direto na aprovação das normas legais que facilitassem a regularização, uso e ocupação do solo na Zona Oeste, que inclui áreas dominadas pela milícia.
O carro onde a vereadora estava passava pela Rua Joaquim Palhares, próximo a Praça da Bandeira, quando um carro, modelo Chevrolet Cobalt, na cor prata, emparelhou com o veículo. Em seguida, foram feitos nove disparos. Quatro deles atingiram Marielle, sendo três na cabeça e um no pescoço. Anderson foi atingido por três disparos nas costas, ambos morreram dentro do carro. A assessora ficou ferida por estilhaços.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.