Rio - A operação da Polícia Civil realizada nesta sexta-feira (1) revelou que os ganhadores das rifas promovidas por influenciadores envolvidos em sorteios ilegais não recebiam os prêmios prometidos. Segundo a delegada Rozy Lima, titular da Delegacia de Defraudações, os itens sorteados não eram transferidos para os nomes dos ganhadores. O esquema envolvia a exibição de vídeos e documentos que simulavam a entrega dos prêmios, mas, na realidade, os bens permaneciam registrados em nome de agências bancárias.
"Nosso setor de inteligência apurou que eles faziam vídeos falando que era aquele o ganhador, mostravam documentos dizendo que o prêmio já estava no nome do ganhador, porém, a nossa equipe visualizou que, na verdade, os carros sorteados ainda estavam nos nomes das agências bancárias. Então, as pessoas ganhavam, mas não levavam", afirmou a delegada.
A Operação Rifa Limpa cumpriu dez mandados de busca e apreensão, investigando crimes de jogo de azar, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Entre os alvos estavam a influenciadora Vivi Noronha, mulher do MC Poze do Rodo, e os influenciadores Roger Rodrigues dos Santos (Roginho Dú Ouro), Jonathan Luis Chaves Costa (Jon Jon) e Leandro Medeiros (Lacraia). O cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero, acusado de tentativa de homicídio contra uma de suas pacientes após um procedimento também é está na mira. Segundo a polícia, ele realizava sorteios de cirurgias ou Pix de R$ 10 mil.
De acordo com as investigações, ao divulgarem as atividades, os influenciadores visam lucros ilícitos à custa de um grande número de pessoas, utilizando mecanismos fraudulentos. Segundo a polícia, os sorteios são baseados em parâmetros da Loteria Federal, criando uma falsa aparência de legitimidade e segurança. No entanto, não existe auditoria oficial para verificar o ganhador real.
"Esses influenciadores se utilizam das suas redes sociais, principalmente do Instagram, e vêm promovendo sorteios e rifas ilegais. Com essas ações, os envolvidos obtêm lucros e ganhos ilícitos com o dinheiro das pessoas que compram os bilhetes acreditando no processo. Esses influenciadores tentam utilizar o resultado da loteria federal como parâmetro para o sorteio, tentando dar um ar de credibilidade”, explicou Rozy Lima.
Os agentes também constataram que os integrantes do esquema utilizam um aplicativo personalizado, que levantam suspeitas de fraude e em desacordo com a legislação. A especializada ressaltou que a realização de rifas exige autorização prévia da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap), ligada ao Ministério da Fazenda, e apenas instituições sem fins lucrativos têm permissão para promover esses sorteios.
Os policiais apreenderam dois carros de luxo e joias do MC Poze, incluindo cordões e anéis de ouro. Uma Land Rover Defender blindada e uma BMW X6 foram levados para a Cidade da Policia. Através das redes sociais, Poze se pronunciou e tranquilizou os fãs. "Não foi sobre mim, foi sobre minha esposa, mas está tudo bem, a gente não faz nada de errado. Quando favelado começa a colocar bagaça [dinheiro] no bolso, incomoda. Meus carros, meus ouros e meus celulares, levaram tudo", disse o MC.
O funkeiro explicou que seus advogados já estão cuidando dos trâmites necessários e que acredita que, até a próxima semana, todos os bens apreendidos serão recuperados. Ele também fez questão de ressaltar que sua esposa, Vivi Noronha, nunca deixou de entregar os prêmios sorteados nas rifas. "Todos os prêmios que Viviane fez, ela tem no Instagram, entregando para o vencedor, tudo bonitinho, não vem querer falar não, foi tudo entregue. Creio eu que até semana que vem esteja tudo resolvido. Só estou passando para acalmar vocês, meus advogados já estão resolvendo", explicou Poze. Os outros envolvidos não se manifestaram.
A delegada afirmou que, nessa primeira fase da operação, Poze não havia aparecido como alvo inicial, mas que, durante as investigações, seu nome passou a surgir. Com isso, a investigação seguirá, e a segunda fase da operação está prevista para os próximos meses.
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