Polícia faz perícia onde Jefferson de Araújo Costa foi morto por PM no Parque UniãoArquivo/Pedro Teixeira/Agência O Dia

Rio - O policial militar Carlos Eduardo Gomes dos Reis, preso por matar com um tiro à queima-roupa Jefferson de Araújo Costa, de 22 anos, vai aguardar o júri popular em liberdade. Ele foi solto na terça-feira (29), dois dias antes da decisão de julgamento por júri popular ser proferida pela 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. A soltura do PM, no entanto, não era de conhecimento da juíza Tulla Correa de Mello, responsável pelo processo criminal.
O habeas corpus foi concedido por um desembargador da 5ª Câmara Criminal. Nesta sexta-feira (1º), um dia depois de a decisão ser publicada, a juíza retificou a decisão e reconheceu que o réu vai aguardar em liberdade pelo julgamento. "Considerando a informação de que o réu teria sido libertado em razão da concessão da ordem no Habeas Corpus, certifique o cartório, sendo correta a informação, retifico, de Ofício, a pronúncia tão somente em relação ao status prisional do réu", escreveu a magistrada. 
Na decisão de quinta-feira (31), que mantinha a prisão preventiva do PM, a mesma juíza escreveu: "O fato imputado ao réu possui natureza de extrema gravidade, assim como as condições em que se deram, conforme se depreende dos depoimentos analisados e das provas colhidas durante a instrução criminal. Assim, as circunstâncias indicam a necessidade da manutenção da prisão preventiva do acusado, para a garantia da ordem pública, a fim de impedir que novos crimes sejam praticados".
Jefferson morreu depois de ser baleado na barriga durante um protesto às margens da Avenida Brasil, no Complexo da Maré, contra operação realizada na região. O disparo do PM que resultou na morte do rapaz foi flagrado em vídeos que mostram a abordagem do PM. No registro, o policial usa o fuzil para bater no jovem. Logo em seguida escuta-se o disparo. A gravação mostra a vítima sangrando e desmaiando na calçada.
De acordo com a PM, agentes do 22º BPM (Maré) foram acionados para intervir em uma manifestação que ameaçava fechar a Avenida Brasil. A corporação informou que, durante a ação, o fuzil de um dos policiais disparou e acabou atingindo um manifestante.
Jefferson foi socorrido e encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte, mas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), já chegou sem vida na unidade. Outras duas pessoas foram baleadas na ocorrência, tiveram ferimentos e foram levadas para unidades de saúde da região.
Primeira etapa do julgamento
Em junho deste ano, o TJ realizou a primeira etapa do julgamento, quando foram ouvidos parentes e vizinhos de Jefferson, alguns deles que participavam do ato contra a operação policial. A audiência foi marcada após a Justiça aceitar denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra o cabo Carlos Eduardo.
Apreciada pelo TJRJ, a denúncia do MPRJ do dia 27 de fevereiro concluía que o cabo da PM assumiu o risco de matar Jefferson ao golpeá-lo usando a o fuzil 762 que portava "com o dedo no gatilho". No conteúdo, a promotoria também apontou o motivo para o crime como fútil.