Prefeito Eduardo Paes e ministro das Cidades, Jader Filho, destacaram protagonismo das cidades na discussão climática Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
No U20, Paes defende facilidade no financimento de ações contra crise climática
Prefeito do Rio afirmou que cúpula vai pedir prioridade de líderes mundiais do G20 para o tema
Rio - O prefeito do Rio defendeu, durante a abertura do U20 Rio Summit do G20, nesta quinta-feira (14), que as cidades assumam o protoganismo nas ações de enfrentamento às mudanças climáticas. O evento reune cerca de 80 prefeitos e delegações de mais de 100 cidades do mundo, no Armazém da Utopia, na Praça Mauá, Zona Portuária. Anfritrião da reunião, Eduardo Paes afirmou que a cúpula vai apresentar aos líderes mundiais sugestões para que as cidades tenham mais facilidade na adoção de medidas, especialmente na busca por financiamento.
Entre outras atividades, o encontro dos prefeitos do G20 vai elaborar um comunicado com propostas das cidades para solucionar problemas sociais, climáticos e de financiamento de projetos municipais. O documento será entregue por Paes e representantes do U20 ao presidente Lula, que é também presidente do grupo, e ele passará as demandas aos líderes dos países membros, durante reunião da cúpula, que acontece nas próximas segunda (18) e terça-feira (19), no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, Zona Sul.
"Acho que o grande desafio que a gente discute nessa questão de mudanças climáticas, no desafio das cidades, é o papel de mais protagonismo que as cidades têm que ter, especialmente no tema de financiamento", destacou Paes, que disse ainda que espera que líderes mundiais tratem o assunto como prioridade. "As cidades pretendem apresentar (o documento) ao presidente, no próximo domingo, quando ele vem participar do encerramento (do U20), para que esse tema do financiamento passe a ser discutido pelos Chefes de Estado dos países do G20 e seja tratado como prioritário, já que boa parte do mundo inteiro está vivendo nas cidades".
Segundo o prefeito, ao longo do último ano, junto com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o economista Jeffrey Sachs, coordenou um grupo que busca criar modelos para que ações em espaços urbanos relacionadas ao enfrentamento à crise climática tenham garantias especiais multilaterais, como de bancos de desenvolvimento. Paes afirmou também que, entre outras soluções, os prefeitos vão propor aos Chefes de Estado que as cidades passem por menos burocracias para a implementação das medidas.
"O recurso existe, o recurso está colocado, disponibilizado. O problema é que a gente tem um modelo no mundo em que os governos centrais têm muito poder e têm que dar sempre a chancela para que esse financiamento aconteça. Basicamente, o que essa comissão vai propor ao presidente Lula, que é presidente do G20, é que isso tenha uma espécie de caminhos mais rápidos, atalhos, sendo algo relacionado ao enfrentamento das mudanças climáticas, para que os trâmites burocráticos não sejam tão complexos".
Em sua fala, o anfitrião do U20 destacou que as cidades brasileiras, assim como a capital, enfrentam muitos desafios nesse tema, como a urbanização das favelas, problemas de drenagem e contenção de encostas, entre outros. Mas, ele apontou que o país também tem bons exemplos de parceria entre o Governo Federal e os municípios. O prefeito citou as obras do Rio Acari e do Jardim Maravilha - que sofrem com enchentes nas épocas de mais chuva -, contempladas com um financiamento de R$ 350 milhões cada do Novo Programa de Acelaração do Crescimento (Novo PAC).
"Nós temos duas grandes obras de drenagem aprovadas do PAC, que é a Bacia do Rio Acari, na Zona Norte, e o Jardim Maravilha, em Guaratiba, na Zona Oeste, que são regiões que têm problemas crônicos. Em cada um desse dois lugares, nós conseguimos, através do PAC, R$ 350 milhões para cada um. O governo brasileiro tem no PAC um exemplo de uma forma de financiar, de disponibilizar recursos para os muncípios, sem que isso, por exemplo, entre na nossa capacidade de endividamento. A gente quer essa governaça parecida com o PAC a nível global", declarou.
Eduardo Paes também pontuou que a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode ser um obstáculo para a implementação das medidas para facilitar os financiamentos, uma vez que ele nega a realidade das mudanças climáticas. Em sua primeira administração, ele chegou a retirar o país do Acordo de Paris sobre o clima, para parcerias entre as nações para enfrentar o problema. Os EUA voltaram ao acordo durante o governo de Joe Biden, mas podem sair outra vez no novo mandato do presidente eleito.
Ainda no evento, o ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que o momento é ideal para inserir o tema urbano na discussão climática. "Não tem como a gente falar de justiça climática, sem falar de justiça social, de justiça urbana. Nós temos que preservar as florestas, mas que cuidar das pessoas, que moram nas cidades, na sua maioria. Para isso, a gente tem que levar infraestrutura, emprego, boas escolas, saúde pública de qualidade (...) A gente precisa discutir o meio ambiente, mas discutir as cidades. Acho que essa iniciativa do U20 é uma boa oportunidade para a gente inserir o tema urbano nas discussões do meio ambiente", pontuou.
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