Rio - O CRIA G20 apresentou, neste sábado (16), o Capítulo Brasileiro da Iniciativa para a Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima. O evento teve a participação do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, além de ativistas, líderes comunitários, especialistas e pesquisadores. A iniciativa será lançada oficialmente na Cúpula de Líderes, na próxima terça-feira (19), no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, Zona Sul,
A medida acontece em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e faz parte dos esforços do governo brasileiro para promover a integridade da informação como elemento indispensável para a agenda climática. O documento foi apresentado ao ministro que apontou a inclusão do tema na agenda do G20 como um marco. "O governo brasileiro insere no G20 a agenda de integridade da informação. Vamos sair daqui com um compromisso. Esse tema estará presente pela primeira vez. Isso é um marco", declarou.
Também no evento, o pesquisador Philip Howard, presidente da plataforma internacional de investigação e estudos para o combate à desinformação, a International Panel on the Information Environment (IPIE, na sigla em ingês), afirmou que as notícias falsas prejudicam a tomada de decisões relacionadas ao clima. "As narrativas falsas sobre o clima estão tomando grandes dimensões e isso é perigoso", afirmou Howrd, que sugere etiquetar o conteúdo de artigos científicos e estudos para marcar o nível de confiabilidade.
Para Jenny King, do Instituto para o Diálogo Estratégico - grupo independente de defesa dos direitos humanos e combate a polarização, extremismo e desinformaçã -, o que torna a desinformação do clima algo único é "uma máquina de desinformação profissionalizada que está conectada com a indústria". Segundo ela, "há vários atores que ajudam a normalizar posições que são da indústria para torná-las em uma posição de consenso entre a população".
A gestora de comunicação do Observatório de Marajó, Mariane Castro, também pontuou que a desinformação enfraquece ações de mitigação e prevenção. "No observatório temos trabalhado para aproximar o debate climático de quem realmente vive essa realidade, criando metodologia e debates".
Já o líder indígena guarani Thiago Karai Djekupe criticou o impacto do agronegócio sobre o meio ambiente. "Nosso modo de vida protege todas as outras vidas, mas nossa natureza está sofrendo com ações externas. Nosso aquífero está sendo contaminado pelo veneno que o agronegócio joga no chão. Nossos reservatórios estão secando, os primeiros que ficarão sem água somos nós".
Além deles, o painel teve a presença da jornalista Thaís Lazzeri, do FALA, Estúdio de Impacto; Camille Grenier, do Forum on Information and Democracy; Artur Romeu, dos Repórteres sem Fronteiras; Jullie Pereira, da Associação ABaré; Louise Cardoso, da Red Dot Foundation Global; Sallie Ncube, da Equality Now; e o rapper e ativista Rafa Rafuagi.
Oficina sobre desinformação
Antes da apresentação do documento, a oficina "Mapeando a Desinformação sobre Clima no Brasil", apresentou os principais trabalhos de sistematização do cenário de desinformação realizados por organizações da sociedade civil e da academia. Participaram a jovem ativista sul-africana Ayakha Melithafa, e a ativista brasileira Paloma Costa.
"Enfrentar a crise climática consiste também em combater a desinformação. A integridade da informação é essencial para garantir que as decisões políticas e as ações climáticas sejam baseadas em dados e critérios científicos sólidos. É preciso aproximar a política da ciência", disse Ayakha. O CRIA G20 encerra neste sábado com a oficina "Usando o humor para debater temas sociais".
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