Mãe e filho guardam lembranças do cachorrinho que morreuDivulgação
Kit acompanhava o irmão humano em todas as atividades: praia, parques, videogames e até mesmo na escola, onde o levava e buscava ao lado da mãe. “Ele adorava passear de carro, era companheiro em tudo”, conta.
Após 10 anos de amor e convivência, Kit Nelson teve um último dia especial, acompanhando o “irmão”, agora crescido, até a faculdade. Mas, naquela mesma noite, o cão passou mal no colo do irmão e desmaiou.
“Conseguimos reanimá-lo e levá-lo à clínica veterinária, mas, na madrugada, ele partiu. Disseram que ele poderia estar com o coração grande, mas não houve tempo para os exames”, lembra Anne, emocionada.
A perda deixou um vazio enorme na família. “Foi como perder um pedaço de mim. Não conseguia aceitar, era cedo demais. Todos nós ficamos profundamente abalados.”
A morte de Kit Nelson trouxe consequências emocionais profundas, especialmente para a mãe, que desenvolveu um quadro profundo de depressão. “Eu não conseguia falar dele, não queria olhar para as pessoas, não conseguia levar minha vida. Chorava durante meus plantões e sentia uma mistura de raiva, negação e revolta.”
Foi então que Anne decidiu adotar dois cães em uma ONG: Jully, de 7 anos, e Teddy, de 5 anos, uma adoção era conjunta, e a família não hesitou em acolher os dois cães.
“Foi a melhor decisão que tomei. Eles me ajudaram a reerguer, voltar a sorrir e passear, tudo sem precisar de medicação. Eles me deram um novo propósito”, explica. Jully e Teddy rapidamente se adaptaram à nova rotina, acompanhando a mãe em viagens, passeios e até mesmo na faculdade do irmão mais velho, onde Kit Nelson costumava estar.
Segundo especialistas, a eutanásia é um procedimento veterinário que visa proporcionar uma morte sem dor e sofrimento a animais em condições irreversíveis. Embora seja uma decisão difícil e muitas vezes tabu, ela é considerada por veterinários como uma opção respeitosa e humanitária para animais que enfrentam doenças terminais ou dores intensas.
Resgatada de um canil precário, onde viveu sem carinho ou cuidados, Golda chegou à ONG precisando de ajuda urgente. “Ela nunca tinha conhecido o que era amor. Fizemos a cirurgia que ela precisava, mas, acima de tudo, demos a ela o afeto que nunca teve”, relembra Aline.
Após a retirada do baço, Golda passou a viver seus melhores dias. Foram 10 anos repletos de momentos felizes, tornando-se uma presença especial para todos. “Ela nos ensinou que mesmo os animais mais maltratados podem renascer quando recebem amor e respeito”, comenta Aline.
Infelizmente, o câncer voltou, desta vez de forma agressiva. A equipe não poupou esforços: nova cirurgia, quimioterapia e cuidados diários fizeram parte da rotina. Porém, o momento mais difícil foi inevitável. “Quando percebemos que não havia mais o que fazer, tivemos que tomar a decisão mais dolorosa: deixá-la partir. Foi uma escolha feita com muito amor, mas a dor de perder Golda ainda nos acompanha”, desabafa Aline.
Para Aline e os protetores da Ação Animal, cada animal que chega é único, mas despedidas como essa deixam marcas profundas. “Golda era como uma filha. Estar com ela até o último momento foi devastador, mas também uma forma de retribuir tudo o que ela nos deu.”
Com mais de 290 animais sob seus cuidados, a maioria idosos, a ONG enfrenta diariamente a alegria dos resgates e a dor das perdas. “Cuidamos deles com amor até o fim porque acreditamos que todos merecem respeito e dignidade, mesmo depois de uma vida marcada pelo abandono”, afirma a presidente.
A ONG Ação Animal luta para oferecer cuidado e esperança a cães e gatos que nunca tiveram nada. “Sem apoio, não conseguimos seguir. Esses animais precisam de todos nós”, apela Aline. Doe pelo PIX/CNPJ: 13.330.353/0001-00.
A perda de um animal de estimação é uma experiência dolorosa, mas, para a psicanalista Luzia Barbosa Nunes, o luto por um animal é semelhante ao de outras perdas significativas, como a de um ente querido ou de um emprego. “O luto acontece quando algo se rompe na vida da pessoa, gerando dor e sofrimento”, explica Luzia.
Ela destaca que o processo de luto inclui fases de tristeza, raiva e, por fim, o entendimento de que o animal teve um papel importante na vida do dono. “O grande significado do animal está no amor e carinho compartilhados”, afirma.
Luzia também ressalta que cada animal tem seu próprio tempo de vida, que é distinto do humano. A superação do luto pode levar até dois anos, mas após esse período, a pessoa pode encontrar novos significados e seguir em frente, seja com outro animal ou em outras vivências.
“É importante entender que o animal cumpriu seu papel e deixou um legado de amor”, conclui a psicanalista.
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