Dados foram levantados através de registros civis em cartórios de todo o paísDivulgação

Rio - Um levantamento realizado por Cartórios de Registro Civil de todo o país apontou que mais de 3,7 mil crianças e adolescentes ficaram órfãos de pelo menos um de seus pais em 2024 no Estado do Rio. Desde 2021, a média é de 3,4 mil pessoas por ano.
De acordo com os dados, a Covid-19 foi responsável por ao menos um quarto da orfandade em 2021, correspondendo a 674 crianças que perderam seus pais por conta da doença.
Os números, consolidados pela Associação dos Notórios e Registradores do Estado do Rio Anoreg-RJ através do Operador Nacional do Registro Civil de Pessoas Naturais (ON-RCPN), mostram que houve 3.064 órfãos contabilizados em 2021. O ano seguinte registrou 3.060 crianças que perderam ao menos um dos pais, enquanto 2023 registrou um aumento para 3.762 órfãos e, até outubro de 2024, o número já totaliza 3.770, o que supera o recorde do ano passado neste período.
Quando consideradas apenas crianças e adolescentes que ficaram órfãos dos dois pais, os números também aumentam. Em 2021 foram 47, em 2022, 59, em 2023, 68 e, em até outubro de 2024, 62 órfãos. Em razão de seu contingente populacional, São Paulo é o estado que mais registra órfãos no Brasil, seguido pela Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A pesquisa abrange o período de 2021 a 2024, quando foi possível realizar o cruzamento de dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos. Até o meio de 2019, não era obrigado a inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento, o que dificultava o levantamento.
"Foi possível chegarmos a este número graças ao CPF, utilizando-o como número identificador único. Com a inclusão do número do documento em diversos atos foi possível realizar um cruzamento sólido das bases de registros de óbitos e nascimentos, até chegarmos a números concretos e aos níveis de orfandade no Estado do Rio de Janeiro” explica Stênio Cavalcanti filho, presidente da Associação dos Notórios e Registradores do Estado do Rio (Anoreg/RJ).

“Trata-se de dados vitais para a elaboração de políticas públicas no país, inclusive para que os Governos possam se planejar para atender esta grande demanda de orfandade em nosso país”, completa Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Associação dos Registradores das Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
Covid-19

Os dados consolidados do levantamento apontam que a Covid-19 deixou, desde 2019, 934 crianças órfãos de pelo menos um de seus pais no Rio de Janeiro. Se forem consideradas doenças correlacionadas ao vírus no período - como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), são: 46; Insuficiência Respiratória, 554; e Causas Indeterminadas, 98 -, o número pode chegar a ao menos 1.632 crianças em todo o Brasil.

Ainda segundo o estudo, ao menos 14 crianças perderam os dois pais em razão da doença, número que pode ser ampliado a 33, se forem considerados óbitos de doenças à época relacionadas com a Covid-19: Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) - 0; Insuficiência Respiratória – 18; e Causas Indeterminadas – 1.
O levantamento ainda aponta reflexo no aumento do número de órfãos em razão do falecimento de seus pais em doenças como Infarto, AVC, Sepse e Pneumonia, que estiveram relacionadas com a pandemia nos últimos anos.