Juliana Leite Rangel foi baleada na cabeça pela PRF na véspera de NatalRede Social

Rio - Juliana Leite Rangel, baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera de Natal, teve uma piora clínica e precisou retornar para ventilação mecânica na noite desta terça-feira (7). Segundo o boletim médico atualizado na manhã desta quarta (8), a jovem teve febre e apresentou sinais de uma nova infecção, precisando voltar com a medicação para controle de pressão arterial.

Ainda de acordo com a direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, a paciente segue respirando através da traqueostomia, respirando por aparelhos, sob sedação leve, com ajustes no tratamento da infecção.

"Do ponto de vista neurológico, ela não apresentou novos sintomas, sem novos déficits e sem necessidade de uma nova cirurgia. O processo de reabilitação precisou ser interrompido devido ao agravamento do quadro infeccioso", disse em nota.

Juliana segue em terapia intensiva, em acompanhamento pelo serviço de neurocirurgia, psicologia, em conjunto com equipe multidisciplinar. Sem previsão de alta do CTI.
Reconstituição
Ainda nesta terça (7), agentes da Polícia Federal (PF) fizeram a reconstituição da abordagem ao carro na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, onde Juliana estava com a família no momento dos disparos.
Melhora nos últimos dias
Nos últimos dias, Juliana vinha apresentando melhora progressiva no seu estado de saúde. A expectativa da família era que ela deixasse o CTI em breve. 
Até a última segunda (6), ela respirava em ar ambiente e se mantinha acordada, interagindo com o examinador, respondendo a comandos e mobilizando os quatro membros.
"Do ponto de vista neurológico, a jovem vem progredindo o nível de consciência, sem novos déficits, com melhora clínica e laboratorial mantidas. Ela está recuperando as funções motoras e cognitivas, sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis, já sendo iniciado processo de reabilitação", dizia a nota anterior do hospital.
Relembre o caso
Juliana foi atingida por um tiro de fuzil na noite do dia 24, dentro do carro da família, na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias. Segundo o pai dela, que dirigia o carro, não havia nenhum motivo para a abordagem a tiros. Ele também foi atingido na mão esquerda e recebeu alta ainda na noite de terça-feira. O carro da família, de cinco pessoas, ficou com várias perfurações por tiro.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam o caso. O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação apura todos os casos de excessos durante abordagens policiais feitas pelos seus agentes. Os dois homens e a mulher que participaram da abordagem foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.

O caso aconteceu horas depois de o governo federal ter publicado um decreto para regulamentar o uso da força durante operações policiais. Conforme o texto, “o emprego de arma de fogo será medida de último recurso”.