Criminosos entraram em confronto com policiais civis na Avenida Dom Helder Câmara, no JacarezinhoArmando Paiva/Agência O Dia

Rio - Em meio à operação que ocorreu em Manguinhos, na Zona Norte, bandidos entraram em confronto com policiais civis em frente à Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na mesma região, no início da tarde desta quarta-feira (8). Segundo informações obtidas pelo DIA, os criminosos se deslocavam entre as comunidades no momento da troca de tiros. Uma mulher foi baleada.

Durante o intenso tiroteio, houve correria e quem passava pelo local precisou se abrigar atrás de veículos que estavam estacionados. Ainda na ação, os bandidos jogaram uma granada contra as equipes, que não explodiu. Em seguida, o Esquadrão Antibomba foi acionado e realizou a explosão controlada do dispositivo. A equipe arrecadou o material para análise.
Após o confronto, diversos projéteis ficaram espalhados pelas ruas. No local, testemunhas revelaram terem presenciado momentos de terror. "Parecia guerra civil".
Segundo a Polícia Civil, os criminosos de Manguinhos e do Jacarezinho fazem parte do Comando Vermelho e a ação teria sido uma tentativa de dispersar a operação que ocorre na comunidade. A corporação informou que os bandidos atacaram uma viatura em frente à Cidade da Polícia e os disparos atingiram uma moradora.
Ainda não há informações sobre a identidade da vítima e seu estado de saúde.
Operação deixa três mortos
A Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), a 21ª DP (Bonsucesso) e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) realizaram uma ação na comunidade contra roubos e receptação de cargas, em mais uma etapa da Operação Torniquete. O objetivo foi enfraquecer o Comando Vermelho (CV) que controla a região, já que o dinheiro desses crimes financiam as atividades das organizações, disputas territoriais e garantem pagamentos a familiares de faccionados, detidos ou em liberdade.
De acordo com a Polícia Civil, ao chegarem na região, os agentes foram atacados a tiros e houve confronto. Relatos apontam que os disparos aconteceram nas favelas do Mandela 1, 2, Varginha e na Rua Leopoldo Bulhões. Os bandidos também incendiaram barricadas para atrapalhar as equipes.
A corporação informou que um dos gerentes do tráfico da comunidade do Mandela morreu e outros três suspeitos foram baleados, sendo que dois deles afundaram no Canal do Cunha e o terceiro foi socorrido e encaminhado a um hospital da região. O Corpo de Bombeiros encontrou os corpos dos dois criminosos que submergiram na água. Além destes, um homem foi detido em cumprimento a um mandado de prisão.
Entre as apreensões da operação estão dois fuzis, duas pistolas, 4.730 unidades de lança-perfume, nove galões com lança-perfume, 2.650 pinos de cocaína, 390 pedras de crack, 110 papelotes de maconha, 31 tabletes de maconha e 40 papelotes de skunk.
Terror na Fiocruz
Durante a ação, criminosos fugiram em direção à Fiocruz. Segundo a Fundação, um tiro atingiu o vidro da sala de Automação de Bio-Manguinhos - fábrica de vacinas - e uma trabalhadora recebeu atendimento médico, pois foi ferida por estilhaços. A Fiocruz disse ainda que os policiais entraram sem autorização e descaracterizados no campus, para o que seria uma incursão na comunidade da Varginha.
A Polícia Civil garante que foram os bandidos que realizaram os disparos que atingiram um dos prédios da fundação. Na ação, dois funcionários terceirizados que prestam serviço para a Fundação foram presos em flagrante porque teriam colaborado com a fuga de criminosos. Eles foram levados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte, para prestar depoimento.
A corporação destacou que instaurou um inquérito para apurar se houve colaboração espontânea com os criminosos, uma vez que imagens mostraram um veículo a serviço da instituição auxiliando na fuga dos bandidos.
"Quem coloca em risco a população são os criminosos. Temos imagens de traficantes dentro da Fiocruz, então foi necessário que nossos agentes entrassem na instituição para evitar que houvesse um dano maior lá. São criminosos que roubam, agridem, assolam a população. Essa é mais uma resposta firme da Polícia Civil no combate a essa organização", afirmou o diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada, o delegado André Neves.
Já a Fiocruz informou que um supervisor da empresa que presta serviços para a Gestão de Vigilância e Segurança Patrimonial foi levado pelos policiais "de forma arbitrária para a delegacia, algemado", quando fazia a desocupação e interdição da área, como medida de segurança para os trabalhadores, alunos e demais frequentadores.

"Toda a ação da Polícia Civil ocorre de forma arbitrária, sem autorização ou comunicação com a instituição, colocando trabalhadores e alunos da Fiocruz em risco", disse em nota.
 
Impactos
O Centro de Operações Rio (COR) informou que a Rua Leopoldo Bulhões ficou fechada por cerca de três horas, na altura de Manguinhos, nos dois sentidos, por motivos de segurança. As Polícias Civil e Militar atuam no local. A via foi liberada para passagem de veículos por volta das 15h20.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a Clínica da Família Victor Valla, o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria e o CAPS Carlos Augusto Magal acionaram o protocolo de acesso mais seguro e interromperam o funcionamento nesta quarta-feira.