A atriz Marcela Siqueira criou o projeto Cine CurtaRoberto Pontes / Tom & Luz Produções

Salvar vidas e ajudar a pessoas que passam por tormentas durante um período difícil da vida não tem preço. Quem faz o bem parece que sempre recebe mais do que quem ganha porque ver o sorriso no rosto do outro engrandece a alma. A atriz, produtora e estudante de psicologia Marcela Siqueira sabe bem o que é isso por experiência própria. Ela criou o projeto social Curta Terapia – O Cinema nos Hospitais no intuito de levar diversão e um pouco mais de leveza para pacientes oncológicos.
 
Haverá sessões de curtas-metragens infantis para os pequenos pacientes do Hospital Estadual da Criança e do Hospital do Câncer I do INCA, no Centro do Rio (parceria com o INCAvoluntário, área de ações sociais do Instituto Nacional de Câncer). "Nosso retorno tem sido muito bom. Uma enfermeira contou que não via sua paciente sorrindo e após a exibição do filme o semblante mudou. Já é provado que o riso aumenta a endorfina", conta Marcela, falando da importância dos projetos sociais."É bom para que o meu filho tenha um senso de social, de empatia com o outro".
 
Um desejo acalentado há muito tempo pela profissional, mas que começou a engatinhar em dezembro de 2024 no Hospital Estadual da Criança, em Vila Valqueire, Rio de Janeiro, com o Cine Curta que estará no mesmo local em 29 de janeiro e no INCA, dia 21, quando serão exibidos os filmes infantis "Poropopó", "Na lata" e "Anel da discórdia" (animação da Turma da Mônica), todos curtas-metragens. Até o fim do ano, o Curta Terapia levará sessões de curtas-metragens a pacientes internados em centros oncológicos do Rio de Janeiro, com apoio da Rede D'Or e da empresa de vigilância e segurança CVA".
 
"Atividades culturais em hospitais oncológicos pediátricos vão muito além de simples distração. Elas criam momentos de alegria, resgatam a leveza da infância e fortalecem laços entre as crianças, suas famílias e a equipe de saúde. Momentos como o promovido pelo Curta Terapia transformam o ambiente hospitalar em um espaço mais acolhedor, onde a esperança e a expressão emocional podem florescer, mesmo em meio aos desafios do tratamento. É uma forma de lembrar que, mesmo diante da adversidade, ainda há espaço para a arte, o riso, a criatividade e o afeto", relata Michèlle Ávila, psicóloga supervisora do Hospital Estadual da Criança, depois da primeira sessão do Curta Terapia na unidade de saúde gerenciada pela Rede D’Or.
 
Contemplado no Edital do Produtor Cultural do ISS do Rio de Janeiro, o projeto social promove sessões de cinema e os filmes são selecionados por meio de uma curadoria especializada da indústria audiovisual brasileira. São exibidos filmes de classificação livre e com gêneros variados, com sessões adultas e infantis, com histórias que inspiram e levam reflexão, diversão e leveza, conceitos que resumem bem esse projeto, cuja proposta é humanizar o tão duro tratamento oncológico.
 
"Selecionamos cuidadosamente cada filme, pensando em criar um momento único para nossos espectadores. Optamos por histórias leves e divertidas, com uma excelente qualidade técnica, que inspiram sorrisos, reflexões e emoções positivas. Nossa intenção é transformar cada sessão em uma experiência lúdica e especial, oferecendo um respiro de encantamento e alegria num momento de lazer no dia a dia do hospital", explica a idealizadora Marcela Siqueira.
 
Apesar de não ter câncer, Marcela teve contato com pessoas que tiveram como sua secretária com quem trabalhou por mais de 10 anos e não resistiu a doença que a atingiu no pâncreas. Em sua equipe de quase nove pessoas o ator Gabriel Faustino, um dos convidados durante o Cine Curta, hoje com 24 anos, teve metástase aos 14 e, ao contrário dos prognósticos, está muito bem obrigado.
 
"A presença dele gerou muita ansiedade. Muita gente acaba pensando se ele conseguiu também vamos. Temos psicólogo no projeto que ajuda a lidar com essas angústias. Quando algo aparece precisa ser trabalhado", diz ela acrescentando a importância da leveza e interação entre todos.
 
Na faculdade de Psicologia, Marcela fez uma pesquisa sobre O impacto da humanização via arte e cultura na saúde de pacientes oncológicos internados, segundo a perspectiva psicológica" e constatou o poder da arte no tratamento clínico. Isso contribuiu para o imenso novelo, que poderia até ser chamado de novela, que levou à criação do Curta Terapia.
 
Em 2016, a atriz viu um anúncio sobre o Festival de Cinema Celucine, criado por Marco Altberg, que anunciava um prêmio especial para curtas-metragens e foi dormir pensando que história gostaria de contar. No dia seguinte, ela acordou com o argumento do curta "Impermanência" (a história de uma jovem que descobre ter câncer no dia do seu aniversário) na cabeça, escreveu o roteiro, levantou o orçamento, mas, quando percebeu que a quantia era muito alta, resolveu desistir de filmar.
 
"No entanto, uma visita inesperada mudou tudo. Recebi um senhor em minha porta, entregando equipamentos que eu havia comprado antes de desistir do projeto. Convidei-o para entrar e tomar um café. Durante duas horas, conversamos, e ele compartilhou histórias sobre sua família, incluindo um relato íntimo sobre a vivência do câncer entre seus filhos. Naquele momento, percebi que precisava retomar o roteiro e contar aquela história", revela Marcela, que, motivada, reuniu amigos, empresas e uma equipe maravilhosa disposta a enfrentar o desafio. "Valeu a pena! O curta Impermanência foi premiado no Festival Celucine em 2016 e no Arraial Cine Fest em 2018. "Naquele período, eu estava começando como produtora e, embora tenha cometido vários erros, não deixei de acreditar no impacto social que o filme poderia ter na vida das pessoas", conta a idealizadora.
 
O projeto Curta Terapia passou por um primeiro teste quando o curta Impermanência foi exibido no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, contando com a visita de alguns artistas e profissionais do cinema. "Refletimos sobre a importância de levar esse projeto a hospitais e centros oncológicos do Rio de Janeiro, apresentando curtas premiados, que são pouco acessados pelo público em geral, muitas vezes restritos a festivais e que merecem uma audiência maior", explica Marcela, que acompanhou a exibição com uma hora de interação com pacientes, familiares e equipe hospitalar, proporcionando não só entretenimento e troca de experiências, como também apoio ao Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), criado em 2003 pelo Ministério da Saúde.
 
"Esse programa é fundamental para transformar a relação entre pacientes e profissionais de saúde, sempre buscando o melhor para aqueles em situação de vulnerabilidade. Acreditamos que a cultura é uma poderosa aliada nesse processo. Oito anos se passaram, e aqui estamos nós! De fato, essa história precisava ser contada para que pudéssemos criar novas possibilidades e projetos com propósito", empolga-se a atriz e produtora.
 
Mil e uma funções
Atriz desde 2006, formada pela UNESA e pela EAWM, com diversas formações técnicas, atualmente prepara-se para um longa com Eduardo Milewicz. Sua experiência como atriz abrange novelas e participações em programas como "Criança Esperança", "Encontro com Fátima Bernardes" e "Vem com a Gente ". No teatro, recebeu indicações a prêmios e atuou também como cenógrafa e produtora, com inúmeras indicações. Como dubladora, contribuiu em produções como "Os Casagrande" (Nickelodeon) e "De volta ao espaço" (Netflix).
 
No cinema, produziu e dirigiu o premiado curta-metragem "Impermanência"; coproduziu o longa-metragem "Sim – viver é uma aventura" (Luís Igreja) e atuou como atriz no filme "O meu, o seu, o nosso Natal" (Luan Moreno). É fundadora e roteirista na Tom & Luz Produções e responsável pelo projeto "Curta Terapia" entre outros.
 
Homenagem a filhos
Realizado pela Tom & Luz Produções, o Curta Terapia é um projeto social, contemplado no Edital do Produtor Cultural, Lei Municipal de Incentivo à Cultura 5.553/13, Lei do ISS (RJ), WEC698/01/2023. Fundada oficialmente em 2017, em homenagem aos filhos de Marcela Siqueira, Tom e Luiza, a empresa dedica-se ao desenvolvimento de projetos culturais com uma abordagem humanista e holística. Seu foco é, além de entreter, contribuir com o desenvolvimento humano do início ao fim de cada processo, inspirando pessoas e criando histórias. Desde sua criação, a empresa tem sido reconhecida por seu impacto na área cultural, destacando-se pela qualidade e profundidade de suas produções.
 
Ficha Técnica
Diretora artística – Marcela Siqueira
Produtor executivo – Rafael D´Oran
Produtor associado – Caio Leitão
Técnico de som e imagem – Hirlan Dion
Assessora de imprensa: Sheila Gomes
Fotografia e vídeo – Roberto Pontes
Assessoria jurídica – Pitanga Bastos
Contador – José Ricardo Nascimento dos Santos
Psicólogo – Eduard Pinheiro
Convidados especiais – Gabriel Faustino(ator), Vittória Rangel Seixas Gomes (atriz) e Cavi Borges (cineasta e produtor)
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