Castro informou que o veículo havia entrado na comunidade para resgatar um PM do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que acabou baleado. Um óleo foi jogado na pista para dificultar a entrada dos policiais na comunidade.
"A polícia já identificou e já falou com as pessoas. Todos os carros atingidos pelo Caveirão serão consertados. O Estado vai arcar com 100% do prejuízo dos proprietários. Não é justo que essas famílias tenham esse gasto. É importante lembrar que foi uma operação muito bem-sucedida hoje. O Caveirão entrou para salvar um policial que havia sido alvejado. Aquela cena mostra, mais uma vez, o que venho dizendo: a legislação está fazendo com que os criminosos não temam mais o Estado", afirmou.
A declaração aconteceu durante coletiva de imprensa voltada à apresentação do Plano de Contingência para Chuvas 2025, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul. Castro fez fortes críticas a ADPF nº 635, conhecida como "ADPF das Favelas", que restringiu as operações policiais nas comunidades do Rio.
"A legislação está tornando os criminosos mais ousados a cada dia. Colocam óleo na pista para o Caveirão não subir. Isso precisa ser analisado pelas autoridades, principalmente as relacionadas à segurança pública, para entenderem os efeitos colaterais que essas legislações estão provocando. Não é a ideia original, mas essas leis causam um impacto muito negativo. Cada dia mais, essa legislação é um convite para a criminalidade", disparou.
O governador também comentou sobre o suposto vazamento da operação, atribuindo-o à obrigatoriedade de comunicar diversos órgãos sobre ações policiais, conforme estabelecido pela ADPF.
"Não tem como não ter vazamento tendo que avisar dez ou 15 órgãos, impossível. Enquanto a polícia tiver que avisar todo mundo o dia que a equipe vai entrar, acabou", declarou.
Imagens exibidas pelo programa Bom Dia Rio, da TV Globo, mostram o momento em que o blindado desliza e colide com veículos estacionados de moradores. Testemunhas relataram que pelo menos três carros e uma moto foram atingidos durante o episódio.
Na manhã desta quarta-feira (14), agentes de segurança pública realizaram uma operação no Complexo do Alemão, que mira um grupo investigado por gerenciar a 'Caixinha do CV', que é o núcleo financeiro da facção Comando Vermelho. Ao todo, os agentes cumpriram 13 mandados de prisão e três suspeitos foram mortos. Dentre os presos, estão seis mulheres, localizadas em endereços fora da comunidade.
No Complexo do Alemão foram apreendidos oito fuzis, uma submetralhadora, uma pistola, grande quantidade de drogas, 12 carregadores de fuzis, munições e sete granadas.
Em meio ao desespero, moradores com crianças em casa relataram a "varredura" de policiais em casas da comunidade. Durante o confronto, bandidos colocaram fogo em barricadas, atravessaram carros entre as ruas, abriram bueiros e jogaram óleos nas pistas.
Ainda segundo a PM, a ação contou com uma aeronave, 10 blindados e 12 batalhões. No local, agentes realizam a remoção de barricadas usando maçaricos, retroescavadeiras e até mesmo extintores.
Entenda o esquema da 'Caixinha do CV'
De acordo com a Polícia Civil, o financiamento é alimentado por diversos crimes, como roubo e furto de veículos e de cargas, compra de drogas e armamentos, expansão territorial, pagamento de propinas, assistência a membros presos e crimes conexos, como extorsões, além da exploração monopolizada de serviços de internet.
Além disso, o sistema funciona por meio de taxas cobradas mensalmente de líderes de pontos de venda de drogas nas comunidades dominadas pela facção. Em troca, os responsáveis pelas "bocas de fumo" têm acesso à marca da organização, fornecedores de drogas, suporte logístico e apoio bélico.
As investigações, conduzidas com uso de tecnologia avançada pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), revelaram ainda um esquema sofisticado que movimentou milhões de reais através de atividades ilícitas. Segundo a apuração, houve ocultação de valores em cerca de 5 mil operações financeiras, totalizando mais de R$ 21 milhões.
Suposto vazamento da operação
Ainda durante a madrugada, as barricadas começaram a ser montadas, com uso de pneus e lixos para fechamento das vias. Segundo relatos que circulam nas redes sociais, as informações sobre a operação teriam sido vazadas ainda na noite de terça (15).
"Atenção moradores, atividade ao sair da comunidade. Informações de que vai ter operação, os bueiros da Grota serão retirados. Atividade quem estiver de moto e quem for trabalhar amanhã de manhã. Moto só passa na calçada, carro impossível. Operação anunciada", disse um recado compartilhado em um aplicativo de mensagem.
Os mandados estão sendo cumpridos em Bangu, Jacarepaguá, Engenho da Rainha, Nova Iguaçu, Ramos, Copacabana, Cordovil, Santo Cristo e no Instituto Penal Vicente Piragibe. Além disso, também há mandados sendo cumpridos nos estados da Bahia e Paraíba.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.