Passageiros relatam desconforto e falta de manutenção nas barcasDivulgação

Rio - Os moradores de Paquetá, que dependem exclusivamente das barcas para sair da ilha, denunciam que as embarcações estão circulando sem ar-condicionado e manutenção adequada. Nos últimos dias, com o Rio de Janeiro registrando temperaturas extremas, a travessia até a Praça XV, no Centro do Rio, se torna um pesadelo para os passageiros.

Ao jornal O DIA, os denunciantes afirmam que o descaso da CCR Barcas piorou nos últimos três meses. Eles mencionam que as embarcações com serviço de ar-condicionado irregular incluem: Gávea I, Ingá II, Urca III e Neves V.

A professora aposentada Sueli Mayerle Faria, de 67 anos, moradora de Paquetá e usuária frequente das barcas, relata que, embora algumas embarcações possuam ar-condicionado, o equipamento raramente funciona. Já as barcas que não possuem climatização são maiores, mais antigas e lentas.
"A travessia dura cerca de 70 a 80 minutos. Em dias de calor, a viagem é extremamente desconfortável sem climatização. Como dependemos exclusivamente desse transporte, viajamos com idosos, crianças e pessoas em tratamento de saúde. Sem ar-condicionado no verão, a travessia vira uma verdadeira tortura, e alguns passageiros chegam a passar mal. Se ônibus, metrôs e trens são climatizados, por que as barcas não são?", questiona Sueli.

A jornalista e radialista Denise Viola, de 60 anos, também moradora da ilha, reforça as críticas ao serviço. Ela descreve as embarcações como quentes, barulhentas e com mau cheiro. "Nós não temos outra alternativa além das barcas. O serviço está absolutamente insuportável. São lentas, desconfortáveis e, para piorar, sem ar-condicionado. As pessoas chegam desgastadas fisicamente ao seu destino", desabafa.

Denise ainda conta que, no último domingo, véspera de feriado no Rio de Janeiro, o fluxo de visitantes na ilha aumentou significativamente, resultando em barcas lotadas. "Teve gente que passou mal durante a viagem", comenta.

Novo consórcio assume operação em fevereiro

A CCR Barcas deixará de operar o transporte aquaviário do estado no próximo dia 11 de fevereiro, sendo substituída pelo Consórcio Rio Barcas, vencedor da licitação. No último dia 10, o governador Cláudio Castro assinou o novo contrato e garantiu a estabilidade do serviço durante a transição. "Dentro desses 30 dias, o consórcio vai dialogar com o Governo do Estado para identificar as melhorias necessárias", declarou o governador na ocasião.

Para acompanhar a transição, a Associação de Moradores de Paquetá (Morena) convocou uma assembleia para a próxima quinta-feira (23), às 19h30, na sede da instituição. A pauta inclui a avaliação do processo de substituição da CCR pelo Consórcio Rio Barcas e a definição de propostas de ação.
"Paquetá precisa ter voz ativa nesse momento de mudança tão importante no transporte marítimo de passageiros na Baía de Guanabara. A Morena entende que devemos marcar presença, seja para 'exorcizar' a CCR, seja para sinalizar ao Consórcio Rio Barcas que estaremos vigilantes", destaca a associação. O grupo também planeja solicitar uma reunião com a nova empresa para apresentar propostas de melhoria nos serviços prestados nos últimos 12 anos.

Sueli vê a mudança com otimismo, mas ressalta que os avanços só serão possíveis se os usuários forem ouvidos. "É essencial que a nova empresa e o Governo do Estado abram espaço para dialogar com os moradores. A opinião dos principais interessados é fundamental para melhorar o serviço", conclui.

O que diz a CCR Barcas

Procurada pela reportagem, a CCR Barcas reconheceu os impactos das altas temperaturas no Rio de Janeiro e afirmou priorizar o uso de embarcações com ar-condicionado na linha Paquetá. "No entanto, para cumprir a grade contratual, algumas viagens precisam ser realizadas com embarcações sem climatização. Essas embarcações são equipadas com um sistema interno de ventilação e possuem janelas de vidro que permitem a abertura", justificou a empresa. 
Atualmente, os usuários que fazem o trajeto Praça XV - Paquetá pagam R$ 7,70 na tarifa.