Material apreendido durante operação no Complexo da MaréDivulgação/PMERJ

Rio - A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio, em parceria com agentes do Espírito Santo, realizaram uma operação conjunta no Complexo da Maré, na Zona Norte, nesta quarta-feira (29), para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão contra integrantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP). Na ação, houve intenso tiroteio e barricadas em chamas. Ao todo, 10 pessoas foram presas, sendo sete no Rio e três no Espírito Santo, e 17 contas bancárias foram bloqueadas. Além disso, houve mais de 30 barricadas retiradas e 20 automóveis, entre carros e motos, recuperados.
Dentre os detidos, quatro foram em flagrante: um por roubo de carga, outro por receptação de uma moto roubada e dois por porte de fuzil. Renê Gomes da Silva, conhecido como "RN da Nova Holanda", foi preso por policiais militares enquanto tentava roubar um caminhão na Avenida Brasil. Ainda na ação, os agentes apreenderam quatro fuzis, duas pistolas, uma réplica de arma, carregadores, munições, equipamentos táticos militares e grande quantidade de droga. De acordo com a Polícia Militar, equipes localizaram também uma van com carga avaliada em R$ 200 mil.

Devido ao confronto, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha foram interditadas nos dois sentidos, por volta das 4h30, na altura da Fiocruz, em Manguinhos. Às 5h, as pistas já haviam sido liberadas. 

A ação, denominada "Conexão Perdida", mira traficantes do Espírito Santo que utilizam a cidade do Rio como base estratégica. De acordo com investigações, o grupo extorquia funcionários de empresas provedoras de internet, água e gás, que só podiam atuar nas áreas controladas pela facção mediante o pagamento de mensalidades que chegavam a R$10 mil.
Além disso, para gerenciar e ocultar os valores ilícitos, os criminosos possuíam diversas contas bancárias, incluindo as de uma casa lotérica e de um "banco paralelo" – instituição financeira irregular que operava dentro do Complexo da Maré, oferecendo empréstimos para os moradores da comunidade.
Entre os presos, está uma mulher apontada como uma das responsáveis por lavar o dinheiro da organização. Em apenas cinco meses, a investigada movimentou R$ 27 milhões por meio de uma empresa de fachada.

"Esses mecanismos não apenas lavavam o dinheiro proveniente do tráfico de drogas local, mas também os recursos do TCP em Vitória (ES), movimentando R$ 43 milhões em menos de um ano. Nós pedimos também o bloqueio de diversas contas bancárias usadas para a lavagem de dinheiro dessa quadrilha", explicou o subsecretário de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, Romualdo Gianordoli Neto.

As investigações tiveram início em novembro de 2024 após a prisão do traficante Luan Gomes de Faria, em Vitória. Ele e o irmão, Bruno Gomes de Faria, são conhecidos como “os irmãos Vera” e são os chefes do TCP no estado. Bruno veio para a Maré após a prisão do irmão e é um dos principais alvos da operação.

"Esta ação reflete o esforço coordenado entre as forças de segurança do Rio com outros estados para enfraquecer o crime organizado que hoje ultrapassa fronteiras estaduais. O criminoso que vem pra cá se esconder ou fazer escola, será preso. O Rio de Janeiro não tem espaço para criminosos, seja daqui ou de qualquer outro lugar", ressaltou o governador Cláudio Castro.

Além da ação nas comunidades do Complexo da Maré, também são cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em Bonsucesso, Campo Grande, Laranjeiras e em comunidades de Vitória, no Espírito Santo.

"Além de reforçar a integração entre as instituições, essa operação busca desarticular redes criminosas que ameaçam a segurança pública em escala regional. Como venho dizendo, vamos quebrar a estrutura financeira dessas organizações criminosas", disse o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos.

Participam da operação policiais civis e militares do Rio, além de policiais civis de diversas delegacias especializadas do Espírito Santo.