Transformador pego e fios ficam expostos em condomínio de São GonçaloArquivo Pessoal
Ao DIA, os denunciantes revelaram que os transformadores do condomínio com mais de 200 casas, localizado na Estrada Vereador Luiz Carlos da Silva, costumam pegar fogo por não aguentarem a sobrecarga.
De acordo com Luciane Ferreira, de 41 anos, mãe de uma criança autista, a falta de energia afeta diretamente o desenvolvimento da filha.
"Eu tenho uma filha autista que tem problema de sono, só que tem mais de 15 dias que estamos com essa falta de luz. Teve uma semana que todas as noites faltaram luz e nós não conseguimos dormir pelo calor que está fazendo. Minha filha por tomar remédio consegue dormir, porém com esse calor está acordando 2h ou 3h e isso acaba com toda a rotina dela. Ela faz terapia segunda, quarta e sexta, então precisa estar bem para conseguir desenvolver na terapia. Se não, ela não consegue desenvolver o sistema neurológico", contou.
Luciane ressaltou ainda que a situação está desumana. "A gente está sofrendo muito com essa falta de luz, eu tenho uma outra filha de 10 anos que voltou às aulas essa semana, e ela acorda cedo, precisa ter uma boa noite de sono para render na escola. Além do risco de queimar nossos eletrodomésticos, estragar alimentos na geladeira, a gente não paga barato, minha conta vem quase R$500 reais todo mês. A gente quer o mínimo, que a companhia de energia faça o trabalho dela", disse.
Segundo a denúncia, o problema é recorrente, mas piorou durante o verão deste ano. Além dos transtornos com o calor, os moradores ainda lidam com prejuízos financeiros, como é o caso da administradora Rebecca Backer, 33 anos.
"Moro no condomínio há seis anos e todo verão enfrentamos o mesmo problema: quedas de energia constantes. Todos os dias! Às vezes durante o dia, mas à noite é certo. Essa situação já me causou prejuízos irreparáveis: meu ar-condicionado queimou, o motor da minha geladeira parou de funcionar, meu micro-ondas estragou. E o pior, além do dano material, é o impacto na nossa qualidade de vida. Estamos cansados de sermos ignorados", lamentou.
Com uma filha pequena, Rebecca se vê obrigada a ir para a casa da mãe, no meio da noite, sempre que falta energia. "Já recorremos à ouvidoria, já ligamos inúmeras vezes para a Enel, mas nada muda. No dia seguinte, seguimos exaustos para o trabalho, pois quem consegue dormir nesse calor sem ventilador, sem energia? É impossível! Apenas enviam equipes para religar a luz, mas o problema nunca é realmente resolvido. E assim, no dia seguinte, tudo se repete. Até quando vamos viver desse jeito?”, questionou.
Quem também tem a vida impactada é a estudante de psicologia Ana Letícia Rodrigues, de 46 anos. "Estamos passando por isso há anos, só que esse verão tá demais, a falta de energia é constante, e é horrível. A gente não pode nem fazer uma compra grande de mercado com medo de estragar, já teve dia que joguei alimentos estragados fora, porque com esse calor acaba estragando tudo. Sem contar o desconforto, quando a gente pensa que vai deitar e descansar, falta energia", disse.
Mãe de uma menina com necessidades especiais, Ana revela que a privação de sono é uma das piores coisas. "Quando falta luz eu tenho que descer com ela, porque o quarto no 2º andar fica muito quente, aí eu coloco o colchão na sala, mas ela fica muito agitada, e não consegue dormir, a gente às vezes dorme no chão porque não tem opção, é muito calor", lamentou.
Outra moradora afetada é a analista de projetos Luana Krull, 43 anos. "Eu vivo saindo de casa, por conta do trabalho home office. Justifico muito ausências em reuniões e atrasos por traslado, gasto saindo de casa para trabalhar em cafés, combustível e estacionamentos, está muito difícil", comentou.
Luana também perdeu uma geladeira por conta dos picos de luz. "Minha geladeira, novíssima, inverter não está gelando mais. A minha casa é própria, moro lá tem muito tempo, mas estou alugando, não posso prejudicar minha performance no trabalho, minhas entregas e projetos, porque sou mãe solo", contou.
Em relação aos transformadores, a empreendedora Marcela Euzebio, 44 anos, alertou para o perigo durante os incêndios. "Tem dia que a Enel fica o dia inteiro aqui, mas a fiação está muito precária, tem que trocar tudo, porque a rede não aguenta. Morar no condomínio tá complicado, hoje a gente vai deitar com medo de não dormir, porque a qualquer hora pode faltar luz. Essa semana vai ser quente, o pessoal vai ligar o ar, então a qualquer momento pode pegar fogo de novo e são casas que estão ali, são vidas, crianças correndo pelo condomínio. Então é perigoso, tem que ter alguma solução", disse.
De acordo com o síndico Alberto José Moreira Junior, 35 anos, há uma ação na Justiça contra a Enel devido a falta frequente de energia.
"Nós já solicitamos diversas vezes o reparo, já vieram vários engenheiros técnicos aqui, infelizmente nada aconteceu. Decidimos entrar na Justiça, o juiz determinou que fosse trocado o transformador, incluísse mais um, trocasse os cabos e equipamentos danificados, para que pudéssemos ter um serviço de qualidade, mas isso não foi feito. Nesses últimos dias estamos sofrendo com falta de luz diária, quando da 21h falta luz, eles fazem reparo e só volta de manhã, temos idosos e crianças aqui", reforçou.
O responsável pelo condomínio ainda frisou o perigo em que os moradores são expostos em meio a fiação precária. "Nossa luz não é barata, todo mundo paga luz aqui em dia, mas na hora da prestação de serviço está precário, são fios expostos e caídos no chão, fios com energia que podem causar um risco a vida de um morador, uma criança. Na última vez, quebrou o vidro de um carro, temos ainda fios arrebentados em cima de veículos, que é perigoso até para os próprios donos sofrem uma descarga elétrica ao colocarem a mão", explicou.
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