Casal Lucio e Silvania Santana está ansioso pela cerimônia do Oscar e esperando premiações para Ainda Estou AquiFlavio Trindade

Faltando três semanas para a cerimônia do Oscar 2025, crescem a ansiedade e a torcida pelo filme brasileiro 'Ainda Estou Aqui', que concorre nas categorias de Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme. Com isso, aumenta o interesse de turistas e cariocas em conhecer locais da cidade que tenham relação com o filme. Um deles, no entanto, parece ter sido esquecido por curiosos, mas é lembrado e exaltado pelos moradores da Pavuna, na Zona Norte: a estação Engenheiro Rubens Paiva, do Metrô, e que leva o nome do ex-deputado sequestrado e assassinado durante a ditadura militar brasileira.

Vizinhos da estação, Lucio e Silvania Santana são conhecedores da história de Rubens Paiva desde antes da onda causada pelo filme. O casal está orgulhoso de estar perto de um pedaço importante da história do Brasil. No dia 2 de março, eles estarão ligados na TV torcendo pela vitória brasileira e esperam que a atenção despertada traga melhorias para o entorno da estação.

"É bacana ter esse pedaço da história aqui do lado de casa. Estamos orgulhosos dessa mídia, é bom para a região. Eu já conhecia a história dele (Rubens Paiva) e o filme ajudou a tornar mais conhecida ainda. No dia do Oscar vamos assistir e torcer pelo filme e pela Fernanda Torres", afirmou Lucio.

Já sua esposa espera que a visibilidade traga melhorias para a região. "Aqui precisa de muito serviço, limpeza, segurança. Até a estação precisa de uma reforma. A Pavuna é muitas vezes esquecida, mas os governantes precisam ver que ainda estamos aqui, igual ao filme", completou Silvania.

A estação foi inaugurada em 1998, como parte do projeto de expansão da Linha 2, com objetivo de conectar a Zona Norte e Baixada Fluminense ao Centro do Rio e atender a alta demanda de transporte na região. Dentro, um busto de Rubens Paiva foi inaugurado em 2014 em sua memória. A cerimônia, à época, contou com a presença de familiares de Paiva.

Um segurança do Metrô observou que nos últimos meses muitas pessoas têm visitado o lugar, principalmente jovens, para tirar fotos ao lado da imagem.
Amigas Janara e Roberta ostentam orgulho de serem vizinhas da estação - Flavio Trindade
Amigas Janara e Roberta ostentam orgulho de serem vizinhas da estaçãoFlavio Trindade


Entre estes estavam as amigas Janara, professora, e Roberta, estudante de Engenharia Civil no Cefet, que apesar de moradoras locais, não conheciam a história do homem que dá nome à estação que frequentam praticamente todos os dias. Elas tomaram conhecimento graças ao sucesso do filme.

"Eu sempre morei aqui e não sabia. Estudo no Cefet e pego metrô todos os dias e só associei o nome da estação depois que vi o filme. Lembro de ter ficado surpresa e acredito que muito mais gente que mora por aqui não sabe", disse Roberta.

Professora, Janara ressalta o caráter educativo que o filme leva para a região. "Muita gente agora vai tomar conhecimento dessa história e ver o quanto foi importante para o país. Isso é educação", explicou.

As duas vão assistir ao Oscar juntas e agora ostentam com orgulho o fato de serem moradoras e usuárias da estação Rubens Paiva.

Engenheiro projetou moradias populares no bairro
Marcio Horowicz fez questão de registrar sua passagem pela estação - Flavio Trindade
Marcio Horowicz fez questão de registrar sua passagem pela estaçãoFlavio Trindade

A influência de Rubens Paiva na Pavuna é enorme. Referência no campo da habitação popular, o engenheiro projetou e construiu moradias que formam um conjunto habitacional que também leva o seu nome. O mesmo ocorre com a Praça Rubens Paiva, uma das poucas opções de lazer dos moradores da região, que possui brinquedos, uma quadra e um campo para prática de esportes, mas que carece de manutenção.

Outro problema é a violência, pois a região tem em seu entorno os Complexos da Pedreira e do Chapadão, dominados por facções rivais e que estão sempre em conflito.

Oficial de cartório e conhecedor da região, Marcio Horowicz é morador da Tijuca e passou pela estação a caminho de um churrasco, mas fez questão de tirar uma foto ao lado do busto de Rubens Paiva. Ele ressaltou a contribuição do engenheiro para o Rio de Janeiro e o Brasil.

"Foi um nome importante para o desenvolvimento e deixou sua marca na história. É importante a história dele ganhar as telas e ser devidamente contada para as novas gerações. Eu gostei muito do filme e estarei torcendo. Vamos ganhar essa e a Fernanda Torres, que está fantástica, também vai levar. É Brasil com certeza, em filme e atriz", disse Marcio.

Sem previsão de reforma, moradores esperam melhorias na vizinhança
Lara Correia com o filho Vinicius. Vendedora toou conhecimento da história de Rubens Paiva com o filme e espera vitória no Oscar - Flavio Trindade
Lara Correia com o filho Vinicius. Vendedora toou conhecimento da história de Rubens Paiva com o filme e espera vitória no OscarFlavio Trindade

O Metrô Rio não tem previsão de reformas na estação Engenheiro Rubens Paiva. O entorno sofre com o abandono, com muito lixo nas calçadas. Um dos letreiros de identificação externo, inclusive, mal pode ser visualizado por marcas de um incêndio causado por usuários de drogas que queimam fiação roubada no local, segundo os moradores.

A vendedora Lara Correia diz que a segurança também é um problema na região. Ela torcerá muito pela vitória no Oscar e faz um pedido para os atores e produtores do filme. "Quando ganharem, poderiam vir todos fazer comemorar a conquista aqui. Como homenagem ao Rubens Paiva e para chamar atenção para a região e conseguirmos melhoras".