Igor Melo foi baleado por um PM reformado após sair do trabalhoRede Social
O estado de saúde de Igor é grave. Ele passou por cirurgia, perdeu um rim e permanece internado sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Na porta da unidade, nesta terça-feira (25), a família se reuniu para provar a inocência do rapaz, que estava em um moto de aplicativo indo para casa no momento em que foi atingido. O motociclista, também acusado de participação no crime, está preso.
"É um racismo estrutural escancarado que ele teve que pagar com o sangue, mas tenho certeza que ele vai ser um símbolo para que isso não aconteça. Eu sempre espero ele chegar, quando demora um pouquinho, eu ligo, mas dessa vez não foi a ligação dele que eu recebi, foi do sócio da casa de samba informando que ele estava aqui no Getúlio Vargas. Ele está sendo tratado como bandido, está sob custódia, estamos tentando derrubar isso, para eu poder ter acesso a ele", lamentou Marina.
A mulher da vítima explicou que à princípio achou que o caso se tratava de uma tentativa de assalto, mas foi surpreendida pela acusação de roubo.
"Quando eu cheguei aqui, não sabia nem se ele estava vivo. Ele conseguiu pedir ajuda a uns amigos dele, que foram até ele e o socorreram. Apesar do tamanho da cirurgia, ele está bem, mas muito agitado, acorda a todo momento dizendo que não tem culpa de nada. Quem conhece o Igor sabe que ele é trabalhador, ele trabalha como inspetor na faculdade, na casa de samba, como ambulante no Carnaval, ele cata e vende latinhas, ele quer sempre dar o melhor para nós. O sonho dele é ser jornalista", disse.
Marina contou ainda que a Josilene foi quem o acusou de roubo. No entanto, ela teria mudado a versão dos fatos logo depois.
"A bala sempre atinge o corpo preto, as primeiras pessoas acusadas são sempre pessoas pretas. Igor foi mais uma vítima do racismo estrutural da sociedade, mas graças a Deus ele saiu vivo dessa, já que a maioria não sai. Ele está sendo acusado injustamente de um roubo. À princípio, a mulher tinha reconhecido os dois, depois ela mudou a versão e reconheceu apenas o condutor da moto", explicou.
Por permanecer preso sob custódia, Marina só conseguiu visitar o marido uma única vez. "Eu o vi depois da cirurgia e a primeira coisa que ele fez foi perguntar sobre nosso filho de 2 anos. Ele falou que não tinha culpa de nada. O Igor é trabalhador, é pai de família e ele tem um pessoal enorme atrás dele. Ele vai lutar pela vida dele e a gente tá aqui para provar a inocência dele, temos imagens da câmeras, 'prints' da corrida, histórico da corrida, tudo", reforçou.
Além de influenciador, Igor cursa publicidade e propaganda na Faculdade Celso Lisboa e trabalha no setor administrativo da instituição. Ele sonha em ser jornalista esportivo e para complementar a renda, durante a noite, atua como garçom na casa de samba "Batuq".
Nas redes sociais, os proprietários do espaço esclareceram que a vítima foi baleada enquanto ainda vestia o uniforme do trabalho. Na ocasião, Igor e o condutor foram perseguidos pelo carro do PM ao passar pelo viaduto da Penha.
"Igor foi atingido pelas costas e não recebeu socorro dos atiradores. Ainda assim, reuniu forças para enviar sua localização pedindo ajuda. Foi resgatado e levado ao Hospital Getúlio Vargas, onde passou por cirurgia, perdeu um rim e teve estômago e intestino comprometidos. Pouco depois, uma mulher entrou no hospital, visivelmente alterada, acusando Igor de roubo. No entanto, no momento do suposto crime, Igor estava trabalhando", disse a empresa.
Na declaração, Josilene alegou que o homem de amarelo estava armado e apontou a arma para o seu rosto, roubando seu telefone e fugindo em seguida. Na sequência, ela narrou que encontrou com o marido e ambos saíram para procurar os suspeitos. No momento em que encontraram a dupla, Carlos Alberto teria os abordado e dado voz de prisão, mas o garupa da moto teria sacado a arma. No entanto, o agente teria sido mais ágil e feito dois disparos contra ele.
Ainda na delegacia, ela revelou que os homens pularam do viaduto e abandoram a motocicleta no local. Logo depois, a mulher reconheceu Thiago como o motorista que estava de camisa preta e Igor como o homem armado de blusa amarela. O policial militar confirmou a versão da companheira e disse ainda que Thiago teria pedido desculpas pelo ocorrido. A suposta arma e o celular não foram encontrados.
O caso foi registrado na 22ª DP (Penha), onde um policial militar da reserva se apresentou como autor dos disparos. A mulher dele teria reconhecido o motociclista como um dos responsáveis pelo roubo de seu celular. Por conta disso, os dois seguem presos, sendo Igor sob custódia no hospital.
"A corporação colabora integralmente com o trabalho de investigação da Polícia Civil e o caso foi encaminhado a Corregedoria da Geral da Polícia Militar", disse em nota.
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