Jaqueline Marques, mãe de Thiago Marques, motorista de aplicativo preso acusado de rouboReginaldo Pimenta/Agência O DIA
Thiago foi levado para o presídio de Benfica, onde aguarda audiência de custódia, que será realizada na tarde desta terça-feira (25). Já Igor segue preso sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Ele perdeu o rim, passou por cirurgia e tem quadro de saúde grave.
Pai de dois filhos, um de 2 anos e outro de 8 meses, Thiago tinha acabado de iniciar a corrida de Igor quando ambos foram perseguidos pelo PM. De acordo com Jaqueline, nenhuma prova do roubo foi encontrada com o filho.
"Ele está sendo acusado desse roubo, sendo que não foi encontrado arma, telefone, nada, mas ainda assim meu filho simplesmente está preso. Eles querem achar um culpado, porque atiraram pra depois perguntar, porque é assim que acontece, primeiro eles atiraram e depois perguntam', lamentou.
A mãe do motociclista explicou ainda que o filho não tem passagens pela polícia e nunca teve envolvimento com o crime. "O que acontece é que eles viram que atiraram em um rapaz, que passou por cirurgia e está correndo risco de vida. Então agora eles vão ter que procurar outro culpado. Meu filho tem 24 anos, é pai de dois filhos, tem casa própria, trabalha como aplicativo desde novembro do ano passado, antes trabalhava como auxiliar de açougueiro em Piabetá", contou.
Com coração aflito, Jaqueline pede por justiça. "Eu estou sem chão, não sei o que vai ser do meu filho, porque o Igor é um cara importante, estuda, faz faculdade, é negro, foi baleado e agora viram que ele não é o culpado, mas e agora? Vão culpar quem? Vão culpar o piloto, mas eu tenho o histórico do aplicativo, que ele pegou o Igor e das corridas anteriores", disse.
Segundo relatos, a mulher do agente estava visivelmente alterada no momento em que fez as acusações. "Só quero justiça, quero tirar meu filho daquele lugar, para ele voltar a rotina dele, porque ele tem que trabalhar, tem filho para sustentar. Eu também vou orar pela vida do Igor, só quero que a verdade apareça, meu filho não tem nada a ver com isso, porque ele tá preso, qual motivo? Até onde eu sei, não tem prova. Ele não foi encontrado com arma, telefone, nem nada, o que tem é o depoimento de uma mulher de um policial aposentado que foi lá e reconheceu ele", finalizou a mãe.
Na declaração, ela alegou que o homem de amarelo estava armado e apontou a arma para o seu rosto, roubando seu telefone e fugindo em seguida. Na sequência, Josilene narrou que encontrou com o marido e ambos saíram para procurar os suspeitos. No momento em que encontraram a dupla, o PM teria os abordado e dado voz de prisão, mas o garupa da moto teria sacado a arma. No entanto, o agente teria sido mais ágil e feito dois disparos contra ele.
Ainda na delegacia, ela revelou que os homens pularam do viaduto e abandoram a motocicleta no local. Logo depois, a mulher reconheceu Thiago como o motorista que estava de camisa preta e Igor como o homem armado de blusa amarela. O policial militar confirmou a versão da companheira e disse ainda que Thiago teria pedido desculpas pelo ocorrido. A suposta arma e o celular não foram encontrados.
O caso foi registrado na 22ª DP (Penha), onde um policial militar da reserva se apresentou como autor dos disparos. A mulher dele teria reconhecido o motociclista como um dos responsáveis pelo roubo de seu celular. Por conta disso, os dois seguem presos, sendo Igor sob custódia no hospital.
"A corporação colabora integralmente com o trabalho de investigação da Polícia Civil e o caso foi encaminhado a Corregedoria da Geral da Polícia Militar", disse em nota.
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