Jaqueline Marques, mãe de Thiago Marques, motorista de aplicativo preso acusado de rouboReginaldo Pimenta/Agência O DIA

Rio - O motorista de aplicativo Thiago Marques Gonçalves, de 24 anos, que levava o influenciador do Botafogo Igor Melo de Carvalho, baleado após sair do trabalho pelo policial militar reformado Carlos Alberto de Jesus, foi preso acusado de participar do roubo de um celular. O caso aconteceu após a mulher do agente, a cabeleireira Josilene da Silva Souza, culpar os dois pelo suposto crime. No entanto, segundo a mãe do motociclista, Jaqueline Marques Faria, o filho é inocente e tem uma família para sustentar.

Thiago foi levado para o presídio de Benfica, onde aguarda audiência de custódia, que será realizada na tarde desta terça-feira (25). Já Igor segue preso sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Ele perdeu o rim, passou por cirurgia e tem quadro de saúde grave. 

Pai de dois filhos, um de 2 anos e outro de 8 meses, Thiago tinha acabado de iniciar a corrida de Igor quando ambos foram perseguidos pelo PM. De acordo com Jaqueline, nenhuma prova do roubo foi encontrada com o filho.

"Ele está sendo acusado desse roubo, sendo que não foi encontrado arma, telefone, nada, mas ainda assim meu filho simplesmente está preso. Eles querem achar um culpado, porque atiraram pra depois perguntar, porque é assim que acontece, primeiro eles atiraram e depois perguntam', lamentou.

A mãe do motociclista explicou ainda que o filho não tem passagens pela polícia e nunca teve envolvimento com o crime. "O que acontece é que eles viram que atiraram em um rapaz, que passou por cirurgia e está correndo risco de vida. Então agora eles vão ter que procurar outro culpado. Meu filho tem 24 anos, é pai de dois filhos, tem casa própria, trabalha como aplicativo desde novembro do ano passado, antes trabalhava como auxiliar de açougueiro em Piabetá", contou.

Com coração aflito, Jaqueline pede por justiça. "Eu estou sem chão, não sei o que vai ser do meu filho, porque o Igor é um cara importante, estuda, faz faculdade, é negro, foi baleado e agora viram que ele não é o culpado, mas e agora? Vão culpar quem? Vão culpar o piloto, mas eu tenho o histórico do aplicativo, que ele pegou o Igor e das corridas anteriores", disse.

Segundo relatos, a mulher do agente estava visivelmente alterada no momento em que fez as acusações. "Só quero justiça, quero tirar meu filho daquele lugar, para ele voltar a rotina dele, porque ele tem que trabalhar, tem filho para sustentar. Eu também vou orar pela vida do Igor, só quero que a verdade apareça, meu filho não tem nada a ver com isso, porque ele tá preso, qual motivo? Até onde eu sei, não tem prova. Ele não foi encontrado com arma, telefone, nem nada, o que tem é o depoimento de uma mulher de um policial aposentado que foi lá e reconheceu ele", finalizou a mãe.
Mulher e PM alegam que jovens estavam armados
Em depoimento, a mulher do agente informou que no fim da noite de domingo (23), por volta das 23h, foi abordada por dois homens em uma moto azul, sendo um de camisa preta e outro de blusa amarela, na esquina da Rua Irani com a Rua Conde de Agrolongo, na Penha.

Na declaração, ela alegou que o homem de amarelo estava armado e apontou a arma para o seu rosto, roubando seu telefone e fugindo em seguida. Na sequência, Josilene narrou que encontrou com o marido e ambos saíram para procurar os suspeitos. No momento em que encontraram a dupla, o PM teria os abordado e dado voz de prisão, mas o garupa da moto teria sacado a arma. No entanto, o agente teria sido mais ágil e feito dois disparos contra ele.

Ainda na delegacia, ela revelou que os homens pularam do viaduto e abandoram a motocicleta no local. Logo depois, a mulher reconheceu Thiago como o motorista que estava de camisa preta e Igor como o homem armado de blusa amarela. O policial militar confirmou a versão da companheira e disse ainda que Thiago teria pedido desculpas pelo ocorrido. A suposta arma e o celular não foram encontrados.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Carlos e Josilene. O espaço está aberto para manifestações.
O que dizem as polícias Militar e Civil?
Procurada, a Polícia Militar informou que agentes do 16º BPM (Olaria) foram informados sobre dois homens, em uma motocicleta, que teriam sido alvos de disparos provenientes de um veículo desconhecido. Ao chegarem no local, um deles já havia sido socorrido por populares e encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, enquanto o condutor da motocicleta foi levado a delegacia para esclarecer os fatos.

O caso foi registrado na 22ª DP (Penha), onde um policial militar da reserva se apresentou como autor dos disparos. A mulher dele teria reconhecido o motociclista como um dos responsáveis pelo roubo de seu celular. Por conta disso, os dois seguem presos, sendo Igor sob custódia no hospital.

"A corporação colabora integralmente com o trabalho de investigação da Polícia Civil e o caso foi encaminhado a Corregedoria da Geral da Polícia Militar", disse em nota.
De acordo com a Polícia Civil, o caso está sendo investigado na 22ªDP (Penha). O PM reformado e a mulher estão sendo ouvidos mais uma vez na tarde desta terça-feira (25). Devido ao estado de saúde de Igor, ele não pôde ser ouvido de imediato. No entanto, os policiais estiveram no hospital durante esta manhã para colher seu depoimento. Já condutor da moto, Thiago Marques, optou por só se manifestar em juízo. 
"Os agentes buscam imagens de câmeras de segurança e outros elementos que comprovem a real dinâmica dos fatos. Todas as evidências serão analisadas, a fim de apurar a conduta e a responsabilidade de todos os envolvidos, bem como os crimes que possam ter sido praticados", explicou em nota.