A Estação Leopoldina fica na Avenida Francisco Bicalho, na Região Central do RioArquivo/Pedro Teixeira/Agência O Dia

Rio - O procurador da República Sérgio Suiama decidiu notificar a Prefeitura do Rio e a União para a retomada das obras de revitalização da Estação Leopoldina, na Região Central. Ao DIA, ele revelou que esteve no local na sexta-feira (13) e constatou que as obras estão praticamente paralisadas.

"Nós estivemos ontem lá e foi informado que da previsão de 37%, havia sido feito já 28% da obra, mas nós constatamos que estava, muito embora o contrato não tivesse sido rescindido com a empreiteira, as obras estavam praticamente paralisadas. Tinha poucos operários lá e não estavam fazendo quase nenhuma obra", explicou.

Segundo o Suiama, os órgãos serão notificados a partir de segunda-feira (16). "Como é um compromisso da União e da Prefeitura fazer essa restauração, inclusive judicial, nós estaremos notificando a União e a prefeitura para dar andamento às obras, para não paralisá-las, de forma a cumprir o cronograma previsto, que seria 2026", frisou.

As obras de revitalização foram paralisadas por falta de pagamentos à empresa responsável pelo serviço. A primeira etapa da restauração teve início há pouco menos de um ano e a entrega está prevista para o segundo semestre de 2026. A reforma do prédio histórico, na Avenida Francisco Bicalho, na Região Central, acontece após o terreno ser repassado à Prefeitura do Rio pelo Governo Federal.

Ainda na sexta (13), o prefeito Eduardo Paes reafirmou, em uma publicação nas redes sociais, que os pagamentos foram suspensos após receberem denúncia de que a Concrejato não estava seguindo as regras da leis trabalhistas e colocando trabalhadores em risco. No texto, Eduardo Paes disse que a administração municipal vai fazer uma apuração e lembrou do histórico de acidente envolvendo a empresa.

"O fato é que essa empresa tem um histórico de mortes. Recebi uma denúncia que relatei no post abaixo e temos que apurar. Terminada a apuração, voltaremos a pagar! Até lá é dura mesmo. E podem espernear à vontade!!", declarou o prefeito.

Procurada pelo DIA, a Concrejato esclareceu que a paralisação da obra "ocorreu de forma negociada com a Prefeitura e por conta da falta de pagamentos, que ocorre desde janeiro". A empresa pontuou ainda que "não existem denúncias de falta de segurança feita por funcionários, assim como não há pendências trabalhistas".

Sobre o "histórico de graves acidentes" citado pelo prefeito, a Concrejato declarou que "a empresa e seus executivos foram absolvidos por unanimidade das acusações relacionadas ao caso da ciclovia". A nota diz ainda que a empresa "acredita que o investimento na recuperação da Leopoldina assim como na região do entorno da Estação é o caminho certo para recuperar uma área nobre da cidade, que hoje é vítima do abandono e da violência. E trabalha para continuar colaborando com essa recuperação".
Revitalização inclui Cidade do Samba 2
Em dezembro de 2023, foi anunciado o projeto para a revitalização do imóvel, construído em 1926 e tombado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A Estação Barão de Mauá, em homenagem ao homem que construiu a primeira estrado de ferro no país, funcionou até meados de 2002, ligando o Rio a Petrópolis, na Região Serrana, e aos estados de São Paulo e Minas Gerais. No início de 2024, o Governo Federal e a prefeitura fecharam um acordo para o município assumir a gestão do prédio, assinado em maio do mesmo ano.
Em julho do ano passado, teve início a primeira etapa das obras de restauro no terreno da estação, de cerca de 125 mil metros quadrados. No local, serão erguidos a Fábrica do Samba da Série Ouro, empreendimentos habitacionais do Minha Casa Minha Vida, um Centro de Convenções e equipamentos sociais. Em agosto do ano passado, a pedra fundamental da Cidade do Samba 2 foi lançada, marcando o início da revitalização do local, que vai abrigar os barracões das escolas da Série Ouro.