Rio - Agora é oficial: depois de 22 anos de abandono, a Estação Ferroviária Leopoldina, na Avenida Francisco Bicalho, na Região Central do Rio, será revitalizada. Prefeitura e Governo Federal assinaram a cessão do espaço, que passa a ser gerido pelo Município. O termo foi celebrado entre o prefeito Eduardo Paes e a ministra de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, durante uma cerimônia em um grande saguão que integra antiga estação, nesta sexta-feira (10). O próximo passo é dar andamento ao processo licitatório para a restauração do prédio de 98 anos.
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Uma maquete do imóvel - tombado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) - foi exposta no saguão. A ideia é de que estação ganhe jardins inclusive no terraço. Na área dos trilhos, entre as passarelas, o plano é construir instalações.
"Aqui estamos pegando um prédio que é ícone dessa cidade e do Brasil. Era daqui que as pessoas se transportavam para o trabalho. Minas Gerais e São Paulo. Mas o mundo mudou, e isso daqui foi abandonado. O dono disso aqui não pode ser o governo federal, é o povo do estado do Rio de Janeiro e brasileiro. Estamos devolvendo para o uso público", disse.
O prefeito reforçou que, "para deixar a ministra tranquila", o edital de licitação das obras foi publicado no Diário Oficial do Município nesta sexta-feira: "Só para deixar a ministra muito tranquila, já publicamos hoje a licitação das obras, com projetos assinados pelo Iphan e pelo poder público".
Ainda de acordo com o Paes, as licitações publicadas se referem a obra de revitalização da estação e a construção da Cidade do Samba 2. A previsão é que as obras fiquem prontas até o Carnaval de 2026. Os demais projetos previstos ainda devem passar pelo processo licitatório.
"Estamos avançando nos estudos, para ter muitas unidades habitacionais. O próprio VLT vai entrar aqui. A ideia é construir aqui quase que um novo bairro, fazendo esse processo de revitalização da região portuária do Rio, atingir também São Cristóvão", completou o prefeito.
Esther Dweck destacou que a revitalização do espaço trará benefícios para a população do Rio e também do Brasil, como mais uma alternativa turística e cultural.
"Eu, como carioca, a última vez que vim aqui, foi num festival de Cinema, deve ter mais de 20 anos e a estação tinha sido recém-desativada. Eu já tinha ficado impressionada com o quão monumental é esse prédio, quão bonita é essa arquitetura. E é uma tristeza passar aqui na frente e ver esse patrimônio sendo completamente destruído", pontuou Esther, ao concluir que o plano do Governo Federal é "reviver" qualquer prédio abandonado nos centros das cidades brasileiras.
"A ideia do presidente Lula era não ter mais imóveis da união abandonados no centro de cidades. Segundo ele, não faz sentido ter esses imóveis desse tamanho completamente abandonados, que não só é um desperdício de patrimônio, mas também desvaloriza a cidade e gera problemas. Desde o início ele falou que teríamos que criar um programa para ocupar todos os imóveis da união que estão desocupados ou de alguma forma sendo mal utilizados", concluiu.
Algumas agremiações do Grupo de Acesso levaram integrantes para conhecerem a nova casa. Entre elas, estavam São Clemente, Porto da Pedra, União de Maricá, Samba Clube Botafogo, Inocentes de Belford Roxo, Acadêmicos de Vigário Geral, Tradição e Unidos de Bangu. Ao final da cerimônia, as baterias das escolas de samba fizeram uma apresentação para os presentes.
Os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB) e Pedro Paulo (PSD), o secretário de Relações Institucionais do governo Lula, André Ceciliano, entre outras lideranças políticas, também participaram da cerimônia.
Abandono
Abandonada há 22 anos, a Estação Leopoldina, também conhecido como Estação Barão de Mauá, em homenagem ao homem que construiu a primeira estrado de ferro no país, funcionou até meados de 2002, ligando o Rio a Petrópolis, na Região Serrana, e aos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Posteriormente, quando teve seu direito de uso cedido à SuperVia, a instalação foi fechada. As linhas foram remanejadas para a Estação Central do Brasil. Pouco depois, ainda chegou a abrigar alguns eventos culturais. Nos últimos anos, o espaço tem servido de depósito para trens velhos e outros materiais.
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