Antônio da Paz, de 77 anos, ao lado de Rômulo Miranda, de 31 anos, no cortejo de Preta GilÉrica Martin/Agência O Dia

Rio - Antônio da Paz, de 77 anos, saiu de Santo André, em São Paulo, para prestar sua última homenagem à cantora Preta Gil. Ambulante e fã de longa data da artista, o idoso viajou durante a noite em um ônibus interestadual e chegou ao Rio de Janeiro por volta das 4h30 da manhã desta sexta-feira (25) para acompanhar o velório da cantora, realizado no Theatro Municipal, no Centro da cidade.
"É cansativo, mas a gente paga porque a gente gosta, é fã. Uma pessoa que vivia cantando. Jamais vou me abater e dizer que estou cansado", afirmou Antônio, emocionado, logo após sair da cerimônia. Ele dormiu no ônibus durante a viagem e vai retornar no mesmo dia para sua cidade natal, no ABC Paulista.

Para ele, a ida ao Rio foi mais do que uma despedida. Foi também uma forma de agradecer à artista por tudo o que representou. "A Preta foi uma mulher guerreira, forte, que até a última hora mostrou coragem de mulher brasileira. O legado dela jamais será esquecido pelo Brasil e pelo mundo. Uma mulher de talento, morreu com vontade de viver", disse.

Na fila para o velório, Antônio conheceu Rômulo Pereira de Miranda, de 31 anos, morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Auxiliar de estoque em uma escola, Rômulo também é fã de Preta Gil e pediu folga no trabalho para estar presente na despedida. A conexão entre os dois fãs foi imediata e eles passaram juntos pelo velório e acompanharam o cortejo até a chegada do caixão ao Cemitério da Penitência, no Caju.

"Ela gostava disso, da união. Arrumei amizade com ele e com as outras pessoas", contou Rômulo, que trocou telefones com o novo amigo.
"Sou fã dela desde o Carnaval. A Preta é tudo na nossa vida, representa muitas coisas boas. Só gratidão. Ela será sempre a nossa rainha. Eu fui a uns cinco blocos e três shows. Era muito fã. A Preta levantava a bandeira LGBT. Eu me descobri muito cedo e agradeço a ela pela bandeira que defendeu. Salve nossa rainha, nossa musa", completou.

O encontro entre os dois fãs, unidos pela admiração à artista, foi um retrato da comoção que marcou a despedida de Preta Gil no Rio de Janeiro.
Cortejo sob aplausos e música
Sob aplausos e ao som de músicas da cantora, o cortejo de Preta Gil percorreu as ruas do Centro do Rio por volta das 15h desta sexta-feira (25). O caixão da cantora, que morreu aos 50 anos em decorrência de um câncer, foi colocado sobre um carro do Corpo de Bombeiros, com destino ao Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju, onde ela será cremada. Francisco Gil, filho de Preta; Otávio Müller, ex-marido e pai do filho da artista, e Carlinhos Brown ajudaram a carregar o caixão.
Fãs que acompanharam o cortejo entoaram gritos de "Preta, eu te amo" e cantaram trechos de sucessos da artista, como "Meu corpo quer você" e "Sinais de Fogo". Antes, o corpo da cantora foi velado no Theatro Municipal do Rio, também localizado no Centro da cidade.
A cerimônia de cremação, realizada de forma reservada para familiares e amigos próximos, terminou por volta das 17h30 no Crematório da Penitência. Aos poucos, os parentes começaram a deixar o local, incluindo o pai da cantora, Gilberto Gil, e o irmão, José Gil.