Valério Júnior se recupera após ter sido baleado na perna na TaquaraReprodução / Redes Sociais

Rio - O entregador Valério de Souza Júnior, baleado por um policial penal durante uma confusão pela entrega de um pedido na Taquara, Zona Oeste, comemorou, em uma postagem na redes sociais, a prisão do agente, ocorrida na tarde deste domingo (31).
"O cara foi preso. Graças a Deus! Agora me sinto mais tranquilo de resolver as questões, de poder andar na rua e não ser surpreendido. Graças a Deus deu tudo certo. Conseguimos botar esse cara na prisão. Agora é deixar a Justiça fazer jus conforme é o departamento deles", disse Valério.
O motoboy agradeceu o movimento dos entregadores para pedir justiça. Neste sábado (30), mesmo dia do crime, manifestantes fizeram um protesto na frente do condomínio do policial, na Rua Carlos Palut, próximo à Praça da Merck.
"Quero agradecer a cada um que veio para a Merck. Acredito que a mobilização dos entregadores trouxe o resultado perfeito para o que a gente precisava. Fui surpreendido por cada um, achei que iria poucas pessoas, mas não. A proporção foi aumentando e a gente viu um resultado muito bom. Quero agradecer a lealdade. Quando o assunto é entregador há uma união muito forte", destacou.
Valério trabalha no iFood desde 2019. Na madrugada deste sábado, ele foi baleado na perna enquanto fazia uma entrega para José Rodrigo da Silva Ferrarini. Segundo a vítima, o policial atirou porque ele se recusou a subir até o apartamento para deixar a encomenda, prática não obrigatória para entrega. O iFood esclarece que a obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou a portaria do prédio.
Neste domingo (31), Ferrarini teve a prisão temporária decretada após representação da 32ª DP (Taquara), responsável pela investigação do caso. O agente se entregou na Cidade da Polícia, na Zona Norte.
A advogada Thaís Loureiro, que defende o entregador, afirmou que, se não fosse a gravação, o policial penal poderia ter matado o motoboy. "Ele está respondendo por tentativa de homicídio qualificado. Conseguimos comprovar que havia a intenção de matar e que ele só não finalizou, só não concretizou a morte, porque Valério iniciou as gravações. Caso contrário, com certeza, na clandestinidade, haveria sim a execução."
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o agente, além de tê-lo afastado de suas funções por 90 dias.
"A Seap não compactua, em hipótese alguma, com atitudes dessa natureza. Atitude essa que não representa a grande maioria da polícia penal do Rio. Nossa Corregedoria acompanha o caso junto à Delegacia de Polícia e nos solidarizamos com o entregador Valério Júnior", declarou a secretária Maria Rosa Nebel.