Rio - Motoristas de vans do transporte público municipal realizaram, na manhã desta terça-feira (25), um protesto que começou em frente à sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, e se deslocou em carreata pela Zona Norte. O grupo seguiu até o bairro de Benfica em direção ao Complexo da Maré, provocando retenções em importantes vias da cidade.
A mobilização teve início nas primeiras horas do dia, quando motoristas deixaram diferentes pontos do Rio e se reuniram na Avenida Presidente Vargas. A ocupação de uma faixa da via deixou o trânsito parcialmente bloqueado no Centro durante o início da manhã. Com o avanço do comboio para a Zona Norte, o impacto no tráfego se ampliou.
Segundo o Centro de Operações e Resiliência (COR), houve intensa retenção desde o Gasômetro, com reflexos na Avenida Brasil, especialmente na altura da Fiocruz, sentido Zona Oeste. Motoristas enfrentaram lentidão ao longo de todo o percurso.
Júnior Gouveia, integrante da comissão que representa a categoria, contou que cerca de 500 trabalhadores participaram da manifestação. De acordo com o operador, os profissionais pedem mais transparência e suporte técnico em relação ao Jaé.
"O Jaé não está tendo a transparência que a gente esperava. Algumas condições de manutenção, para citar um exemplo, o Jaé não tem estoque para van se o motorista precisar trocar um validador com defeito técnico. Sem falar que existem algumas máquinas temporárias que estão dando muito problema. Ainda tem essa problema de transparência. Quase todo dia, some dois ou três passageiros do relatório final. No início, a gente conseguia ver os relatórios de valores, mas hoje não conseguimos", explicou.
"Também tem outro ponto muito grave. Em julho, quando foi liberado o uso da gratuidade, migrado da RioCard para o Jaé, grandes centros de cadastramento fizeram muita fraude e te muitas pessoas que dispõem de cartões de gratuidade. Não é difícil você achar cartões amarelos, até na internet, para pessoas que não têm esse benefício. O operador fica numa saia justa de cobrar isso do passageiro e a biometria facial não está funcionando ou não está funcionando da forma que deveria. Isso está gerando um grande prejuízo para os operadores. Há duas semanas, o prefeito cancelou 6,8 mil cartões, mas ainda tem muito mais nas ruas. Para enfatizar, não somos contra a gratuidade, somo o modal que mais carrega gratuidade. Nós somos contra a fraude que fizeram", ressaltou.
O Júnior ainda citou que a categoria pede apoio financeiro por meio de subsídios, como acontece com os outros modais do transporte municipal.
"Para se ter ideia, o passageiro, se ele entrar em um ônibus e pagar R$ 4,70, aquele ônibus vai receber R$ 7,40 ou R$ 8,34. Varia um pouco esse valor, mas é basicamente isso. E se aquele passageiro pegar uma van, ele gera integração. E na integração de van com ônibus, a política tarifária paga 40% do valor da tarifa para a van e 60% do valor da tarifa para o ônibus, sendo que o ônibus ainda ganha subsídio, que vai inteirar essa passagem até o teto do valor da remuneração. Isso representa 40% da passagem, menos as taxas da habilitagem, vai trazer essa remuneração dessa passagem para menos de R$ 2,00 por passageiro. Dependendo da operação daquele motorista, ele está trabalhando praticamente no vermelho o tempo todo. Ali não está incluído as manutenções, a depreciação do veículo e outros consumos para poder estar trabalhando", comentou.
Em nota, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), reafirmou seu compromisso com a categoria e destacou que, nos últimos anos, vem implementando uma série de ações para modernizar o transporte complementar e atender demandas históricas dos operadores de vans. Segundo a SMTR, entre as medidas adotadas estão:
- Instalação gratuita dos validadores do Jaé em todas as vans e "cabritinhos", além da inclusão do sistema no Transporte Urbano Especial Complementar(TEC), que anteriormente não contava com validador;
- Transparência na bilhetagem, com redução da taxa de desconto para 4% no Jaé, metade do valor cobrado pelo bilheteiro anterior; Criação do RECRED, que oferece descontos entre 50% e 90% para recuperação de créditos de multas disciplinares;
- Ampliação da vida útil dos veículos, de 10 para 15 anos;
- Revisão do Código Disciplinar;
- Canal exclusivo de atendimento aos operadores.
Por fim, a SMTR informou que irá analisar as reivindicações apresentadas pelos operadores e mantém aberto o diálogo permanente com a categoria.
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