Rodrigo Bacellar (União Brasil) ao lado de Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH JoiasReprodução/Redes sociais

Rio - No pedido de prisão de Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), a Polícia Federal apresentou provas que apontam uma relação estreita entre o parlamentar e o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, preso por negociar armas para o Comando Vermelho (CV). Em trocas de mensagens obtidas pela PF, TH se refere a Bacellar como '01' e inclui o telefone do deputado em uma lista de "comunicação urgente".
"Bacellar é o primeiro contato da lista de comunicação urgente enviada pelo próprio TH Joias, evidenciando a importância e a premente necessidade do investigado em se comunicar com o parlamentar, que exerce atualmente a Presidência da Alerj", afirma trecho da denúncia.

A PF destaca que TH inicia a conversa chamando Bacellar com "Fala, 01" e avisando que passaria a usar um novo número. O presidente da Alerj responde com uma figurinha, o que, segundo os investigadores, sugere que já sabia da troca. O diálogo aconteceu em 2 de setembro, um dia antes da operação policial contra TH.

Na mesma data, TH deixou o imóvel onde morava com a família e trocou de celular, passando a usar um número com DDD da Paraíba. No aparelho, também aparecia o nome do assessor parlamentar Thárcio Nascimento Salgado como segundo contato de emergência. 
Ainda, segundo a PF, já no dia da operação, às 6h03, TH enviou para Bacellar a foto de um celular contendo as imagens do sistema de segurança do imóvel alvo busca, com a equipe Polícia Federal no interior, além de compartilhar o telefone de sua advogada.

"Os fatos narrados pela Polícia Federal são gravíssimos, indicando que Rodrigo Bacellar estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de interferência indevida nas investigações da organização criminosa", escreveu o ministro Alexandre de Moraes na decisão que determinou a prisão do presidente da Alerj.
Vazamento de informações
Segundo as investigações, o presidente da Alerj é suspeito de ter vazado informações da operação contra uma quadrilha especializada no tráfico internacional de armas e drogas, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro. Os alvos eram Thiego Raimundo, um delegado da Polícia Federal, policiais militares, um ex-secretário municipal e estadual e liderança do CV no Complexo do Alemão, Zona Norte. 
Rodrigo Bacellar está no segundo mandato como presidente da Alerj, reeleito por unanimidade em fevereiro deste ano. O parlamentar lançou sua primeira candidatura pelo Solidariedade (SD) em 2018, tendo sido eleito com 26.135 votos e reeleito em 2022 pelo Partido Liberal (PL), com 97.822. Em março de 2024, se filiou ao União Brasil. Entre 2007 e 2009, foi assessor da Secretaria-Geral de Planejamento do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE/RJ), e de 2009 a 2011, presidente da Fundação Estadual do Norte Fluminense (FENORTE).
O que diz a defesa de Bacellar
Em nota, a defesa de Bacellar negou que o parlamentar tenha atuado para obstruir investigações envolvendo facções criminosas. Refutou também as acusações de que vazou informações a potenciais alvos de operações, o que é usado para justificar a decretação de sua prisão preventiva. "Nesta tarde, ele foi ouvido pela Polícia Federal e esclareceu tudo o que lhe foi perguntado", esclareceu os advogados do deputado.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de TH Joias. O espaço está aberto para manifestação.