A deputada Carla Machado foi a única integrante da bancada petista a votar pela soltura de Rodrigo BacellarInstagram/Reprodução
PT aciona Conselho de Ética da sigla após deputada votar pela soltura de presidente da Alerj
Diretório regional do partido alega que Carla Machado não seguiu as orientações da legenda
A Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio de Janeiro anunciou nesta quarta-feira (10) que abrirá um processo no conselho de ética da legenda contra a deputada estadual Carla Machado (PT-RJ). A decisão foi tomada após a parlamentar votar pela derrubada da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a prisão preventiva do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, contrariando a orientação do partido.
Em nota, o PT afirmou que a construção partidária é coletiva e exige compromisso com decisões democráticas, unidade programática e coerência política. Segundo o comunicado, a postura da deputada representa uma "reiterada desconsideração das orientações partidárias" e expressa divergências estruturais em relação às posições da sigla — fatores que, na avaliação da direção estadual, fragilizam a atuação do partido.
Procurada, a deputada ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.
O estatuto do PT determina que parlamentares devem seguir as orientações da sigla nas votações. Para a direção estadual, ao votar pela soltura de Bacellar, Carla Machado descumpriu esse princípio, o que configuraria violação de deveres internos. O partido informou que a deputada terá direito à ampla defesa e ao contraditório durante o processo que analisará eventuais punições.
Procurado sobre quais penalidades podem ser aplicadas e sobre os desdobramentos do episódio na atuação da legenda na Alerj, o Diretório Estadual do PT no Rio de Janeiro não se manifestou.
Carla Machado foi a única deputada estadual petista a votar pela liberação de Bacellar. No julgamento, os parlamentares decidiram se mantinham a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A soltura foi aprovada por 42 votos a 21, permitindo que Bacellar deixasse a sede da Polícia Federal nesta terça-feira, 9.
Rodrigo Bacellar foi preso na semana passada pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Unha e Carne. Segundo as investigações, o presidente da Alerj é suspeito de vazar informações da Operação Zargun, na qual o então deputado estadual TH Joias foi preso sob acusação de ligação com a facção Comando Vermelho (CV).
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