Caso é investigado pela 35ª DP (Campo Grande)Divulgação

Rio - A Polícia Civil investiga um caso de agressão à mulher, na segunda-feira (8), registrado na 35ª DP (Campo Grande), na Zona Oeste. O principal suspeito é o ex-companheiro da vítima, que possui anotações anteriores por violência doméstica.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram o rosto da vítima com diversos hematomas, principalmente na boca e nos olhos. Nesta quarta-feira (10), nas redes sociais, a mulher desabafou sobre o caso.
"Já estamos no terceiro dia do ocorrido, a minha cara continua quebrada, o meu caso daqui a pouco será mais um esquecido. Cadê a justiça? Eu preciso de uma resposta. Eu mereço que paguem pelo crime que fizeram. Provavelmente terei que fazer uma cirurgia na face por culpa de um descontrole de alguém e eu não terei justiça?", escreveu.
A 35ª DP (Campo Grande) investiga o caso. Segundo a Polícia Civil, a vítima foi encaminhada para exame de corpo de delito e houve o requerimento de medidas protetivas de urgência. 
Violência contra mulher em números
De acordo com um levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP), divulgado no último dia 4, mais de 154 mil mulheres sofreram violência no Estado do Rio durante 2024. O número corresponde a 18 vítimas por hora e 421 por dia.
A violência psicológica, que consiste em um modelo de abuso que causa danos emocionais manipulando a vítima, liderou os registros entre os crimes praticados no ano passado. Mais de um terço das mulheres (36,5%) sofreu esse tipo de violência, e em média, 153 foram vítimas desse crime no estado por dia, totalizando 56.206.
O Dossiê Mulher 2025 mostrou também que quase metade das 154 mil mulheres que registraram denúncias de violência em delegacias do estado foram vitimadas pelo companheiro ou pelo ex. Metade das agressões ocorreram dentro de uma residência (50,6%).
Dados demonstraram um crescimento de mais de 5.000% no número de mulheres perseguidas e assediadas na internet em um período de 10 anos. Em 2014, foram 55 registros. Já no ano passado, houve 2.834. A estatística acende o alerta sobre a importância de denunciar crimes digitais.
Ciclo da violência
Em entrevista ao DIA, a psicóloga Daiane Bocard, doutora em psicologia social, disse que algumas mulheres acreditam que o agressor vai mudar ou sentem culpa pela situação. Com isso, não registram os casos em delegacias.
"O medo da retaliação é um dos maiores impeditivos. Ainda existe um julgamento social sobre mulheres que 'permitem' a violência, o que é injusto e psicologicamente devastador. Essa vergonha bloqueia pedidos de ajuda. A instabilidade econômica pode prender mulheres a relações abusivas, especialmente quando há filhos envolvidos. Além disso, agressores frequentemente isolam a vítima da família e amigos. Sem rede de apoio, é muito mais difícil pedir ajuda. Algumas mulheres acabam por normalizar a violência ou acreditar que 'não é assim tão grave'. Este fenómeno é comum em situações prolongadas de abuso psicológico”, explica.
Para a psicóloga, o ciclo da violência primeiro se instala o aumento da tensão, com críticas, controle, ciúmes, hostilidade. Em seguida surge o ato com agressão física, psicológica, sexual ou econômica. Por fim a fase da 'Lua de mel', com pedidos de desculpa, promessas de mudança e carinho intenso.
Para familiares, amigos e vizinhos, é importante ficar atento aos sinais de que uma mulher pode estar vivendo violência doméstica. Segundo Rebeca Servaes, advogada especialista em violência contra a mulher, mudanças de comportamento, como isolamento, tristeza, ansiedade ou perda de vivacidade, podem indicar que algo não vai bem. Barulhos de brigas ou lesões visíveis também merecem atenção.
Onde buscar ajuda
Em situações de emergência, ligue 190 (Polícia Militar), garantindo atendimento imediato e proteção.
Empoderadas – Programa do Governo do Estado do Rio de Janeiro: WhatsApp: 21 97316-7488 / Instagram: @empoderadas.rj;
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher - CAOPJVD: (21) 2550-7298 / caopjvdf@mprj.mp.br;
Ouvidoria da Mulher do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro: Disque 127;
Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (CEAM) – Chiquinha Gonzaga: Rua Benedito Hipólito, 125, Centro. Telefone: 21 2517-2726 / 21 98555-2151. E-mail: cian.spmrio.com;
CEAM – Tia Gaúcha: Rua Álvaro Alberto, 601, Santa Cruz. Telefone: 21 97092-8071. E-mail: ciantiagaúcha@gmail.com;
Núcleo Especializado de Atendimento Psicoterapêutico (NEAP) – Chiquinha Gonzaga, Centro. E-mail: neapchiquinhagonzaga@gmail.com;
NEAP – Tia Gaúcha, Santa Cruz. E-mail: neaptiagaúcha@gmail.com;
Plataforma Mulher Rio www.mulher.rio - Orientação, escuta e encaminhamento para serviços de acolhimento.