São 17h38 deste domingo, tenho o chamado "deadline" no jornalismo para entregar esta coluna e esperei até os últimos segundos para que este tema da coluna desta segunda-feira fosse uma "pauta derrubada", o que equivale na polícia a caso resolvido. Neste caso, a descoberta do que aconteceu com o pequeno Davi.
Pode ser que, até você ler a coluna, ela tenha mesmo já sido superada e eu espero que seja, com o melhor dos desfechos, mas neste domingo vou dedicar todos os caracteres a ele.
A mobilização ganhou força quase 24 horas após o desaparecimento.
Pela praia, muita gente comenta que é normal filhos de barraqueiros, desde pequenos, andarem pelas areias com uma capacidade de voltar para o mesmo ponto o tempo todo, mas o pai desde os primeiros momentos gritou que não era o caso.
Com o chinelo do super-heroi favorito do pequeno, de 6 anos, ele olhava pro mar e para a calçada, enquanto fotógrafos e jornalistas começaram a se unir a ele e a internet a compatilhar a foto do menino.
Características e local, magro, pequeno, com cabelos encaracolados e queimados nas pontas pelo sol,  desaparecido no Posto 4 da Praia da Barra.
A partir daí, várias teorias. Uma família com um filho parecido teve até que ir à delegacia registrar que o filho com eles na lanchonete não era Davi.
Mas eu só penso nos pais. A delegada até este momento respondeu pela sua equipe, nenhuma novidade.
Concreto apenas o depoimento do pai, que afirma que ele foi visto pela última vez brincando com os filhos de um casal gringo, e as imagens dele na calçada.
A mãe, meio que numa forma de proteção, fica olhando para o mar com um casaco de capuz nas mãos, imagem aflitiva demais.
Ambos não querem acreditar que ele chegou perto da água. Isso zeraria praticamente as chances de encontrá-lo com vida
Entrei agora nas agências e remoem e espremem novidades que não existem.
Manchetes "O que se sabe até agora" são as campeãs.
Mas posso estar sendo leviana ao trazer um questionamento aqui.
O desaparecimento, principalmente de uma criança, com todas as possibilidades que possam existir, não pode se resumir a equipes de redações e polícias de plantão que esperam "novidades" em dias úteis.
Talvez para não atrapalhar as investigações, a equipe de paradeiros não queira dar detalhes.
Mas comoção mesmo e desespero só vi no compartilhamento das redes, que ajudam, mas podem também levar a enganos como foi o menino da lanchonete.
Volto aos pais e ao olhar da mãe, que, por intuição e desejo intenso materno, aguarda com um casaco de frio seu pequeno em pleno verão carioca.
Pouco se fala, mas espero que muito se faça.