Com todo respeito ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowisk, que abriu a coletiva com essa afirmação. Para a pergunta que gira há seis anos, "Quem Mandou Matar Marielle", sim.
Os irmãos Brazão, aliás, nos bastidores zero surpresa, são os mandantes.
Mas para mim a falta de conhecimento do jogo de tabuleiro carioca por parte das autoridades e até de colegas me angustia muito.
Domingo histórico, domingo emblemático e todos "adjetivos manchetais" usados me deram arrepios.
Nãooooo, segundo o relatório final, o que temos até agora é com base em falas de um criminoso. Não podemos nos esquecer disso. O documento aponta um esquema não só de não investigar, mas também de articular execuções e neste caso de UMA parlamentar. Gravíssimo.
Não fui eu que questionei, mas um colega foi muito enfático: isso é grave e requer provas mesmo.
Sabemos que isso, na polícia, não é de hoje e não é surpresa. Mas até agora, em que escrevo esta coluna, é com base em depoimento de um executor.

Não há defesa, o jornalismo nasceu pra questionar.
Então vamos lá: 
Por que essa pauta que geraria desgaste com um poder político perigoso estava com Marielle quando na verdade não era sua pauta principal? Onde ela entrou nessa história de disputa com milícias?

Ali é um jogo de briga grande há anos. O que Marielle despertou a esse ponto de articulação de morte e de uma execução tão cara assim?

Como alguém, sendo chefe de polícia, aconselha para despistar e a morte é feita de forma como se fosse uma assinatura de execução?

Desde quando Marielle é interlocutora com a polícia, caso que assusta até os mais chegados?

Depois de seis anos, a pergunta 'Quem mandou matar?' já está respondida.
Agora é: por que matou? Quem realmente está envolvido? Além da disputa com a milícia, tem mais alguma coisa?

E mais, um colega diz ao vivo: depois da criação das DHS, um grupo se aproveita para começar um escritório do crime.
Sorte que ainda temos jornalistas experientes. Em seguida, um rebate: "As DHS não são culpadas, são avanços que ajudaram a solucionar grandes casos, imagina o que acontecia quando eram só as distritais".

Jornalismo aguarda, comenta, debate, não defende, não acusa.
Jornalismo incomoda o óbvio.
Até agora a prova é o depoimento de um criminoso, descrito como sádico, vingativo e enlouquecido por dinheiro.

Como disse o jornalista experiente, seis anos de provas são apagadas, mas uma coisa não muda: homologar é preciso; é elemento probatório.
Eu, como jornalista de opinião, digo mais: nem com o papa eu encerraria um caso com base em depoimento.

Senhores, o Caso Marielle está longe do fim ou de toda verdade. Infelizmente.