Depois de uma fase experimental, própria de toda tecnologia em maturação, a impressão 3D vem ganhando escala global. Com um leque cada vez mais amplo de possibilidades e aplicações, não é raro encontrar o conceito associado ao que se convencionou chamar de terceira revolução industrial. Essa mesma tendência começa a dar seus primeiros sinais também no Brasil, até por conta do barateamento dos equipamentos. Antes mais restrita aos setores automotivo e aeroespacial, a adoção desses equipamentos no país está alcançando novos segmentos e públicos. E é na trilha dessa diversificação que fornecedores nacionais e multinacionais estão construindo suas estratégias de crescimento.
Uma das aplicações recentes foi a impressão dos colares da coleção apresentada pelo estilista Pedro Lourenço na São Paulo Fashion Week. Segundo Renata Sollero, gerente-geral da Stratasys no Brasil, a empresa já negocia com o estilista o desenvolvimento de suas próximas coleções a partir dos equipamentos da companhia. “Outro segmento que está impulsionando muito a demanda é o setor de educação, mais especificamente, nas universidades de engenharia, por conta dos protótipos que os alunos fazem”, observa a executiva.
Fruto de um mercado ainda recente, a Stratasys é uma das poucas representantes do setor a trabalhar com diversos modelos de equipamentos. Os preços das impressoras da marca americana variam de US$ 2,5 mil a US$ 400 mil, e atendem tanto consumidores finais — por meio das máquinas da Maker Bot, comprada recentemente pela companhia — quanto empresas que necessitam de equipamentos mais robustos para os seus processos de prototipagem.
O novo momento do mercado brasileiro também está abrindo oportunidades para os fabricantes nacionais. Criada em 2011 e responsável pela primeira impressora 3D nacional, a Cliever, de Porto Alegre (RS), tem hoje uma base instalada de 350 equipamentos de seu primeiro modelo, lançado em julho de 2012. “Nossa ideia inicial era atingir as pequenas e micro empresas, que não tinham US$ 150 mil para investir em um equipamento importado”, conta Rodrigo Krug, fundador e sócio-diretor da Cliever. “Mas aconteceu algo interessante. Começamos a alcançar também os grandes clientes, que buscavam um equipamento mais acessível para aplicações de nicho”, afirma.
Hoje, a base de clientes da gaúcha reúne nomes como Embraer, Nissan e Intelbrás, que usa as impressoras da marca para grande parte dos processos de design de seus telefones. Já a Embraer, adota os equipamentos para testar protótipos em menor escala. Nos dois casos, explica Krug, os mesmos processos em equipamentos de maior porte seriam inviáveis do ponto de vista de custo. Outros segmentos que se destacam na base da companhia são educação, departamentos de criação de pequenas e médias empresas e até mesmo consumidores finais.
Com impressoras que variam de R$ 4 mil a R$ 5 mil, a Cliever tem uma capacidade de entrega mensal de 40 máquinas. Para 2014, a expectativa da empresa é encerrar o ano com uma base instalada de 1,2 mil máquinas. Para chegar a esse objetivo, uma das estratégias traçadas será migrar 100% o modelo de vendas para parceiros e canais. A companhia prepara também seus primeiros passos no mercado internacional. Nessa direção, a Cliever está construindo parcerias no Chile, na Bolívia e no Uruguai, além de já ter no radar a abertura de uma operação em Londres, na Inglaterra.
A diversificação também atraiu a Vixbot,mais conhecida pela fabricação de componentes para eletrônicos, como placas-mãe para PCs, que integra o grupo brasileiro Prinvix. A companhia acaba de lançar sua primeira impressora 3D, no valor de R$ 4,5 mil. “Nosso foco são os consumidores e as pequenas empresas que estão começando a testar esse conceito”, diz Victor Mendes, CEO da Prinvix.