Por monica.lima
A peça conta com Letícia Sabatella no papel de Antígona%2C Denise Del Vecchio interpretando Medeia e Miwa Yanagizawa como ElectraDivulgação

Entre as amargas narrativas de Medeia, Antígona e Electra, o espetáculo “Trágica.3” reúne todo o drama do teatro grego através da representação do universo feminino. Na montagem, dirigida por Guilherme Leme, a representação das heroínas mostra uma renovação audaciosa na dramaturgia da Grécia Antiga, onde as mulheres assumiam um papel secundário. “Essa é a minha maneira de trazer um olhar contemporâneo para o texto. É também uma forma de discutir a prática teatral a partir de uma nova montagem para um espetáculo clássico”, explica o diretor. O processo de construção da trilogia iniciou-se no ano de 2010, com a montagem do elogiado espetáculo “Rockantygona” (vencedor do prêmio Shell de melhor iluminação e eleito pela revista Bravo como um dos melhores espetáculos em cartaz no ano) e prosseguiu com pesquisas sobre as outras duas heroínas, Medeia e Electra.

No palco do Centro Cultural do Banco do Brasil de São Paulo, a partir de amanhã, a peça conta com Letícia Sabatella no papel de Antígona, Denise Del Vecchio interpretando Medeia e Miwa Yanagizawa como Electra. O elenco ainda traz Fernando Alves Pinto e Marcello H. Com apresentação aos sábados, domingos e segundas, a temporada ficará em cartaz até 7 de julho, quando segue trajeto itinerante entre Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro.

Com quase 30 anos de carreira, o ator paulista Guilherme Leme revelou nos últimos anos o talento como diretor. Sua primeira experiência do outro lado do palco aconteceu em 2005, com o espetáculo “Os sem vergonhas”. Quatro anos depois, conduziu Betty Faria no elogiado monólogo “Shirley Valentine”. Já em “RockAntygona”, de 2010, Guilherme apresenta uma ousada versão para o clássico “Antígona”, em que dá voz ao ditador Creonte, interpretado por Luis Melo.

“Em ‘RockAntygona’ trouxe a peça para os dias de hoje e gostei muito da experiência. Quando acabou, pensei que gostaria de fazer outra releitura de clássicos gregos”, conta. Ele, que encenou nos anos 1990, ao lado Vera Holtz, a peça “Medeia Material”, com direção de Marcio Meirelles, sempre teve interesse em contar a tragédia pela ótica da protagonista. “Na versão de ‘Medeia Material’ a gente encenava as três partes do texto. Dessa vez, queria dar ênfase ao monólogo da Medeia, mas não cabia um espetáculo só para ele, pois tem somente 25 minutos”, explica. Foi, então, que teve a ideia de montar uma nova adaptação de “Antígona” e unir ao texto de “Electra”, para compor um espetáculo voltado às heroínas gregas.

Em “Trágica.3”, três adaptações de histórias clássicas se unem em um só lamento. O novo texto de “Antígona” foi escrito por Caio de Andrade, mesmo roteirista de “RockAntygona”. Entremeado de cânticos em pranto, desta vez, a performance elimina Creontes e foca na protagonista. No papel de Antígona, Letícia Sabatella se desdobra entre cantos e instrumentos musicais.

Para o texto “Electra”, foi escolhida uma adaptação escrita por Francisco Carlos, em que a personagem narra suas motivações, a vida amedrontada por expectativas e o desespero ininterrupto anunciado pelo tempo.Miwa Yanagizawa interpreta a heroína que quer vingar o pai dos usurpadores que se encontram no poder. Já na adaptação de “Medeia”, diálogos curtos e monólogos marcam o texto de Heiner Muller, interpretado pela grande Denise Del Vecchio.

ONDE ASSISTIR

”Trágica.3” está em cartaz aos sábados, domingos e segundas, de 26 /04 a 07/07. O CCBB fica na rua Álvares Penteado, 112, no Centro, em São Paulo.

Pinturas inéditas de Luiz Zerbini desembarcam na Casa Daros, no Rio

A partir de amanhã, “Luiz Zerbini - Pinturas” estará exposta na Casa Daros, no Rio. Dando sequência à temporada dedicada à pintura na instituição, aberta por “Fabian Marcaccio - Paintant Stories”, a exposição tem curadoria de Hans-Michael Herzog e reúne cerca de trinta obras — quase todas inéditas. Na mostra dedicada a Zerbini, artista nascido em São Paulo e radicado no Rio, o público poderá contemplar suas pinturas mais recentes, produzidas em acrílica sobre tela, como “Quadrado Maior”, de 2013, “Hipermetrópico”, “Favela” e “Erosão”, de 2014. Também estarão expostas obras mais antigas, como “Peixes”, só vista no ano de sua criação, em 1996, além de duas pinturas apenas exibidas no exterior, como “Pedra Punk”, de 2012, e  "Medusa", de 2011.

Na sala “Painting lab”, o artista revela detalhes do seu processo criativo. Nela, estará em destaque uma versão também inédita da instalação “Natureza espiritual da realidade” (2012). Formada por uma mesa de cerca de dez metros de extensão, a instalação apresenta uma coleção de objetos que funcionam como ponto de partida de suas criações. “Meu trabalho tem a ver com esse tempo suspenso e com a memória. Não a memória de fatos e acontecimentos cotidianos, mas uma espécie de memória visual, afetiva, que fica guardada num canto, num outro espaço que é muito presente”, afirma o artista. Amanhã, às 17h, Zerbini falará sobre sua trajetória no auditório da Casa Daros. Após a mostra do artista, a instituição exibirá “Guillermo Kuitca + Eduardo Berliner — Pinturas”, e “Vânia Mignone + René Francisco Rodríguez — Pinturas”.

Cinema árabe em foco, no Rio

A produção audiovisual do mundo árabe estará no centro das telonas, de hoje até segunda, dia 28, quando acontece a “I Mostra UFRJ de Cinema Árabe”, no Rio. O evento conta com a exibição de sete filmes no Cine Joia de Copacabana, com sessões às 14h, 18h e 20h, seguidas de uma série de debates. O longa-metragem libanês “Ok, Basta Adiós”, de Rania Attieh e Daniel Garcia, inaugura o festival hoje, às 20h. Minimalista, a narrativa se passa na pequena cidade de Trípoli, no Líbano, onde os laços familiares muito profundos são abordados na difícil trajetória de independência de um homem de 40 anos que ainda vive com sua mãe. Entre os filmes, ainda serão exibidos “Habi, la extranjera” , “The Lebanese Rocket Society”, “Condom Lead”, “Death for Sale”, “Fidaï”, e produções brasileiras com temática árabe, como “Huab — Mulheres de Véu” e “Constantino”.

Agenda Cultural

Para celebrar os 450 anos de nascimento de William Shakespeare, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo recebe até domingo a “Mostra Shakespeare”. Em duas sessões diárias, estão sendo exibidos filmes baseados em suas grandes obras, como MacBeth, Othelo, Rei Lear e Hamlet. Os ingressos podem ser adquiridos na recepção do MIS ou site do Ingresso Rápido.

Até apróxima segunda, dia 28, fica no ar pelo Catarse, em catarse.me/vinilaurora, a campanha de financiamento coletivo para a prensagem dos vinis do “Aurora”, projeto musical de Bárbara Eugenia e Chankas. Com inspiração direta dos Beatles, o álbum carrega o estilo folk, com arranjos diferenciados de violão, guitarra, rabeca e bandolim.

NOTAS

Sinfônica Brasileira inicia temporada no Rio

A Orquestra Sinfônica Brasileira inicia amanhã, dia 26, sua primeira série da temporada 2014: a Turmalina. Às 16h, no Theatro Municipal, a Orquestra do maestro Wagner Polistchuk recebe o pianista francês François-Fréderic Guy. Ingressos à venda no ingresso.com.

Eddie Vedder faz show no Rio e em São Paulo

Os fãs de Eddie Vedder terão a oportunidade de ver o cantor ao vivo, no Citybank Hall. Entre 6 e 8 de maio, o vocalista do Pearl Jam se apresenta em São Paulo. Nos dias 11 e 12, será a vez do público carioca. Os ingressos estão à venda no site da Tickets For Fun.

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