Por leo.martinez
João Vicente de CastroJorge Bispo/Divulgação

João Vicente de Castro é muito mais do que um galã de TV. O ator, roteirista do ‘Porta dos Fundos’ e publicitário é inteligente, perspicaz e sarcástico. Na semana passada, ele conversou com este colunista sobre os mais diversos assuntos e contou um pouco da sua vida. João, que atualmente dá vida ao vilão Lázaro de ‘Rock Story’, revelou sua vontade de ser pai: "Eu mudaria minha vida inteira por isso”. Ele confessa que já foi machista e transfóbico, mas que o a maturidade o fez mudar. João, que namorou Cleo Pires e Sabrina Sato — duas das mulheres mais bonitas da TV brasileira — afirma que, no momento, está solteiro. Divirtam-se, meninas!

Você é um publicitário muito bem sucedido e ainda sim quis ser ator. Por que?
Na verdade, antes de eu ser publicitário eu era ator. E aí, por medo de não dar certo, eu fui fazer Publicidade. Consegui um estágio e fui ficando, fui gostando, conhecendo pessoas... Com uns 26 anos começou a bater na minha porta uma vontade de voltar a atuar.

Com 26 anos você já estava rico?
Imagina, Leo! Nem hoje eu estou rico.

Ah, mas está bem?
Depende do que é bem. Eu estou bem há muito tempo! Bem para mim é ter uma vida confortável, ajudar a minha avó...

Você nasceu rico, João?
Para o padrão de vida brasileiro, eu nasci bem. Minha mãe é uma estilista bacana e meu pai ganhou muito dinheiro, apesar de não ter deixado nada porque ele rasgava muito dinheiro.

Quando você estava com a Cleo Pires, você disse uma vez que era antipático com a imprensa. Hoje você está bem melhor. O que mudou no caminho?
Eu mudei. Entendi que a imprensa está trabalhando. São trabalhadores assim como eu que fazem parte de uma engrenagem. A gente tem esse sistema e nada vai mudar. Óbvio que, se eu estou dentro da minha casa e um cara trepa no meu muro, o bicho vai pegar como nos velhos tempos. Mas se eles estão sendo gentis eu vou ser gentil. Tem uma parte da minha vida que acaba sendo interessante e que vende jornal. As pessoas fazem um negócio disso e este é um preço que eu pago.

Mas antes você não entendia isso?
Quando eu estava com a Cleo e era fotografado, eu não tinha pedido isso. Não era um preço que eu teria que pagar. Eu era um publicitário! Não é comodo para mim até hoje ter um papparazzi tirando foto minha na rua. Eu entendo, mas fico com um pouco de vergonha. Mas hoje em dia isso faz parte parte do combo.

Hoje você pensa duas vezes antes de pegar aquela gatinha no camarote da Sapucaí?
Eu nem penso! Eu jogo o jogo, mas tem certas coisas que não rola.

Você já foi traído por um amigo igual o Lázaro traiu o Gui (Vladimir Brichta) em ‘Rock Story’?
Não, mas um cara que se dizia meu melhor amigo começou a dar em cima de uma moça que eu estava me aproximado. Eu não estava namorando com ela, mas estava me aproximado e aí eu achei graça porque ele é um bobão. Aliás, ela também achou graça e me mandava os prints. A gente ria junto.

Mas ele sabia disso que você estava com ela?
Sabia.

Aí ele foi cortado do seu ciclo de amizades...
Na verdade ele nunca foi do meu ciclo, mas ele tentava ser. E ele era gente boa! Mas a verdade é que o meu ciclo de amizades é restrito.

Você está namorando?

Se eu estivesse namorando você saberia, até porque você sabe tudo antes de mim.

Acho que o seu nível de vaidade aumentou depois que você virou ator...
Por que você acha isso?

Porque você está mais bonito.
Você deve achar mais bonitos homens magros. Mas isso não tem nada a ver com vaidade. Isso quer dizer 18 quilos a menos.

Mas emagreceu intencionalmente em busca da sua perfeição de corpo para aparecer no vídeo?
Não, eu emagreci porque eu cheguei de Portugal com 103 quilos. Eu estava muito gordo mesmo. Não que isso fosse um problema, mas estava me incomodando. Comecei a me sentir mal, aí cortei o glúten como um teste. Mas não façam isso em casa! Quando comecei com a ideia de fazer a novela eu já estava dez quilos mais magro.

Você tem fama de galanteador. Isso faz bem ou mal para você?
Isso não me diz nada. Já me envaideceu uma época, quando eu era mais novo... Hoje, isso não me diz nada.

Eu estava vendo uma matéria sua no ‘Vídeo Show’. Aí era um clima que parecia de pegação...
A repórter falou alguma coisa que eu não lembro agora com um duplo sentido...

Estava falando do tamanho do seu pé!
Era alguma coisa assim! Mas eu faço piada! Quando perguntam quanto eu meço, faço piada: “não gosto muito de me gabar não, mas eu meço um 1,90m”. Eu sou muito interessado e curioso. Então quando a gente sentar para tomar um chopp, eu vou querer saber sobre cada ser humano da sua família, quem é, qual é a sua relação com a sua mãe... Eu sou assim. Isso pode ser visto como um flerte, mas eu não sou um cara que fica fazendo pose de sedutor. Eu sou conversador.

Você namorou alguém depois da Sabrina Sato?
Namorar, não. Mas tive uma pessoa que me envolvi bastante. Acabou faz tempo.

O que você acha do humor do Paulo Gustavo?
Eu acho o Paulo Gustavo muito engraçado. Pra mim, ele é o melhor da categoria dele. Mas por um acaso eu conheço o Paulo Gustavo da Bunker, lembra?

Não.
A Bunker! Uma boate do Rio de muitos anos atrás, em Copacabana.

Ah! Lógico!
Eu namorava uma amiga dele de Niterói e a gente se encontrava direto. Ele já era uma figura engraçada. Paulo Gustavo é um gênio e eu morro de rir com ele.

Qual o limite do humor do ‘Porta dos Fundos’?
A gente não gosta de piada preconceituosa que reafirma estereótipos.

Acho que agora vocês estão mais para Leo Dias com relação à política. Acho que vocês podiam ser mais incisivos.
A gente quase apanha na rua por causa de política!

Mas não veio nada do Eike Batista até agora.
Não tem muito o que falar. Eu acho que o Eike é um caso isolado. A gente fala de política até demais. 

O mundo não está chato demais?
Em relação a que?

Em relação ao politicamente correto.
Não. Eu entendo totalmente se você é gay e não gosta da piada da bichinha estereotipada. Não sou eu que vou te dizer o que causa dor em você. A gente vive em comunidade. Não dá para achar que se é engraçadinho para mim e fere alguém, a gente pode passar. Não pode! O mundo é para todo mundo. Se uma piada constrange meia dúzia de pessoas, essa piada não é boa. O que eu acho chato é a guerra do quem é mais sofrido: ah. eu sou gay! Mas eu sou negro e gay!

Mas se você gay assumido, é mais fácil fazer piada de gay. Não acha?
Eu acho que eles têm mais propriedade e acho que pode sim. O negro pode um monte de coisa, mas não pode ser racista. Ele pode chamar o outro de ‘negão’.

Você vai ser pai?
Cara, eu vou com certeza.

Quando?
Assim que eu achar alguém que queira ser mãe comigo.

Mas você não vai casar não, cara?
Eu não sei, mas ser pai é o que eu mais quero na vida.

E por que não foi já?
Cara, porque nunca foi... Na época em que eu era casado com a Cleo, ela estava numa fase muito boa da carreira dela, cheia de compromissos... Quando eu namorei a Sabrina, a gente achou que não era a hora.

Mas você falou: Vamos engravidar?
Nunca. A opinião mais pesada é a da mulher, porque ela vai carregar aquela criança os nove meses. É a carreira dela que vai estar muito mais comprometida.

Mas você tem tempo para ter filho?
Cara, eu mudaria minha vida inteira por isso. Quero ser pai igual o meu pai foi: presente.

Você já é galã?
Lá em casa minha mãe diz que eu sou.

Você acha que há um deficit de atores, héteros e bonitos na TV brasileira?
Você acha que tem poucos? Eu conheço milhões.

Estou falando na faixa etária jovem.
Tem vários! Vladimir (Brichta), Bruno (Gagliasso), Cauã (Reymond)... Sabe o que não tem? Muitos atores atuantes por uma questão de uma sociedade difícil. Eu acho que tem muito pouco negro e trans.

Galã da novela tem que ser hétero?
Não. Eu acho triste porque conheço galãs que são gays e não não se sentem à vontade de sair do armário porque vão perder trabalho. E vão mesmo! Mas isso é um grande absurdo! Eu amo o Neil Patrick Harris! Ele é gay assumido e faz o pegador de ‘How I Met your Mother’! E todo mundo acredita nele na série! O Matt Bomer perdeu o papel do Christian Grey porque saiu do armário. Essas pessoas se sentem oprimidas porque pensam no que os outros vão falar e isso vai se tornar algo maior do que o trabalho. É muito triste que a sociedade brasileira seja tão careta.


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