Por leo.martinez
Isabele BenitoDivulgação

Isabele Benito, 36 anos, é gente como a gente. A apresentadora do ‘SBT Rio’ não é carioca de nascimento.

Nascida em Santa Anastácia — uma pequena cidade de 18 mil habitantes no interior de São Paulo —, ela se tornou carioquíssima de coração quando seu marido, o gerente financeiro Marcielos Rios, foi transferido para o Rio.

Na entrevista a seguir, ela fala sobre ser chamada de ‘Datena de saias’, admite suas plásticas e diz que gosta, sim, de aparecer. Sem medo das críticas, ela se coloca no lugar de porta-voz do povo, botando o ‘dedo na cara’ dos políticos que não trabalham por seus eleitores.  

Você nasceu em Santo Anastácio?
Santo Anastácio é uma pequena cidade de 18 mil habitantes, no interior de São Paulo.

Você começou a trabalhar aos 17 anos em uma rádio?
Isso, na Rádio Cultura de Santa Anastácia.

Mas fazendo o que?
Ajudando em um programa feminino. Eu estava no primeiro ano de faculdade e fui trabalhar nesse programa, mas os ouvintes não sabiam da minha idade. Eu era uma meninoca, mas tinha uma voz empostada.

A sua família é de jornalistas?
Não. Sou filha de uma dona de casa e um vendedor. Minhas irmãs são professoras e meu irmão é engenheiro. Sou a raspa do tacho de cinco irmãos! (risos)

Quando você viu que rádio não dava dinheiro, você quis ir para a TV?
Fui para a TV quando eu vi que poderia viver sem o rádio, mas demorei para ganhar visibilidade.

Você acha que sabe negociar o seu preço?
Eu não! Se você chegar para mim e falar: “você pode fazer um programa comigo em troca de um tícket refeição”, eu vou.

Baseada em que? Visibilidade?
Não é visibilidade, mas pelo fato de estar trabalhando. Se eu não gostasse de aparecer, eu estaria em um banco, concorda? Eu acho muita hipocrisia dizer que trabalha em televisão, mas não gosta de aparecer.

Você sente tesão em contar uma notícia?
Claro! Essa é a palavra: eu tenho tesão em informar as pessoas.

Me conta rapidamente aquela história que você me contou há muito tempo atrás de como você veio para aqui no SBT?
Eu estava trabalhando no Canal Rural que é do grupo Globo em São Paulo, mas sempre morri de saudade do buraco da Dona Maria, de cobrar as autoridades.

Você já trabalhou na Globo?
Já eu trabalhei na Globo por 7 anos, em Presidente Prudente. Fiz todas as coisas que você possa imaginar: desde pauteira, repórter, editora de imagem, editora de texto e apresentadora.

Faz diferença uma apresentadora ter passado por isso tudo?
Faz, muita, porque eu conheço a cidade do Rio de Janeiro mais do que conheço a minha cidade, que é deste tamaninho. Eu conheço a favela, eu conheço a realidade de quem mora lá. Eu fui praticamente em todas as favelas do Rio. Eu conheço todos os bairros. Na verdade, os que eu menos conheço são pós- Túnel Rebouças. Conheço a Zona Oeste, a Zona Norte, a Baixada Fluminense, Niterói, São Gonçalo... Foram 6 anos fazendo reportagens diárias na rua. Acho que faz muita diferença.

Mas você era feliz?
Muito! Amava! Até hoje eu invento matéria para ir para rua. Sofri um luto da rua quando eu fiquei só no estúdio. Quando acontece um bafão eu sempre falo: “vamos fazer o jornal de lá do local?”. Eu gosto!

Como você veio parar aqui no SBT?
Eu tinha sete anos na Globo quando meu marido, que é gerente financeiro de uma multinacional, foi transferido para o Rio. Eu já estava aqui, desfazendo meu apartamento lá e me conformando que eu ia ter que botar o meu currículo debaixo do braço e sair à procura de emprego, quando a direção do jornalismo do SBT me chamou porque precisava de um repórter para cobrir férias. Não podia aceitar por causa da mudança, mas fui lá agradecer a oportunidade e perguntei se havia alguma vaga no Rio. Me disseram que não. Mas depois me chamaram para cobrir férias no ‘SBT Brasil’. Conversei com o Paulo Nogueira, que era o diretor daqui na época e desde então eu estou no SBT.

Você é chamada de Datena de saias?
É horrível isso.

Por que?
Eu adoro o Datena, mas por que uma mulher quando se destaca na sua função, ela tem que ser um homem de saia? Eu assisto o Datena todos os dias. Se você me perguntar o que passou no Datena ontem eu sei, porque eu sou viciada em noticiário. Meu problema não é fazer referência ao Datena, e sim o fato de não ter um referencial feminino.

Você não acha que o jornalismo policial é dominado por homens?
É sim. É um tipo de jornalismo apresentado por homens, dominado por homens.

E por que você acha que colocaram você?
Eu acho que eu tenho chances de crescer na minha casa que aceita a mulher. Você já viu em outras emissora alguma mulher apresentando? Sou muito grata ao (diretor do ‘SBT Rio’) Diego Sangermano.

É questão de tempo.
Você acha?Eu acho que é uma questão de necessidade, da mesma forma que algumas emissoras tem necessidade de ter um repórter negro. As pessoas precisam se sentir representadas e este é o meu caso.

Você postou a foto de um cirurgião plástico. Você já fez plástica?
Já. E quero fazer mais, porque eu quero ficar linda. Afinei meu nariz porque quando eu sorria ele vinha parar no meio do rosto. Também fiz uma blefaroplastia (cirúrgia plástica que levanta as pálpebras e elimina as bolsas de gordura). Eu tinha um olho bem gordinho. Eu tirei bolas de gordura do meu olho, tirei pele, fiz preenchimento no rosto, porque eu amo maçã e a minha maça já tinha caído.

Você está há quatro anos na vice liderança carioca? Você não acha que isso é pouco divulgado?
Acho.

Você não acha que a Record ganha mais fama do que você?
As pessoas não sabem, mas há quatro anos a gente é vice líder consolidado no horário.

Qual é o seu diferencial se a gente comparar com a Globo e com a Record?
Eu tenho liberdade, eu falo o que eu quiser. Só fui censurada uma vez porque eu falei ‘piroca’ no ar. Pediram para eu não falar mais essa palavra ao meio-dia. Eu concordei. Mas o que aconteceu foi que eu entrei ao vivo, com o repórter me chamando direto da delegacia, com um caso de um senhor que mostrou e esfregou a ‘piroca’ em uma menina de 14 anos. O diretor me passou isso pelo ponto e falou: “não dá para te explicar tudo, mas você vai ficar p. da vida”. Quando chamo, eis que está o senhor atrás e eu solto: “é este ‘piroca mole’ que molestou uma garota de 14 anos que estava indo para a escola?”.

Qual foi a reação tirando a do diretor, das pessoas?
A internet falou muito no assunto, mas não foi me censurando.

Faria isso na Globo?
Eu faria sim e vou até avisar que eu já apresentei ‘Jornal na Globo’, que tem toda uma metodologia diferente. Você não improvisa. Apenas lê o que está escrito. Se me deixassem comentar, ferrou! Eu ia falar.

Qual é a sua relação com a bandidagem?
Eu não dou dedo na cara de bandidagem, não é por medo não, porque eu dou dedo na cara de político que é muito pior, mas é porque a bandidagem não prometeu nada para ninguém. Eu dou dedo na cara para quem se usa da confiança da população e faz besteira.

Você tem medo de andar pela cidade?
Não. Tenho medo como cidadão em qualquer lugar que seja uma área que eu não conheça, mas não por ser apresentadora do ‘SBT Rio’.

Você é casada e tem quantos filhos?
Um filho só, Eduardo.

Qual o nome do seu marido mesmo?
Marcielo Rios. Bonito esse nome né, ô sogra?

Você se sente carioca?
Eu sou carioca, me sinto assim. Amo meu sotaque do interior, mas não consigo mais falar como as minhas irmãs falam. Eu tenho jeito carioca e eu sempre fui assim! Não foi porque vim morar aqui. Eu amo funk.

Qual o lugar do Rio que tem a sua cara?
Que pergunta difícil! A Feira de São Cristóvão, que eu adoro. Lá, o nível de preconceito é baixíssimo. Se come bem, é de frente para onde eu amo e trabalho, que é o SBT e também por ter pessoas trabalhadoras e que assim como eu se sentem cariocas.

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