Rio - O presidente Temer preteriu o procurador Nicolao Dino, o mais votado, para o cargo de procurador-geral da República e escolheu Raquel Dodge. A escolha coloca o Palácio do Planalto ainda mais em rota de colisão com o Ministério Público Federal.
A Câmara dos Deputados ainda vai votar se recebe a denúncia de Janot contra Temer. Enquanto isso, o país segue atolado politicamente e juridicamente.
Com a palavra - Luiz Flávio Gomes, jurista
Abre mais uma crise não escolher o mais votado para o cargo de procurador-geral da República?
Legalmente pode. Mas a escolha com a velocidade que foi coloca na testa da Raquel Dodge uma tarja suspeita. Tem procuradores que, mesmo nomeados pelo presidente, são independentes. Basta saber se ela vai escrever uma biografia ou folha de antecedentes.
A Câmara aceitará denúncia contra Temer?
Se fosse votada hoje não seria possível alcançar os 342 votos necessários. Porém, há mudança no comportamento dos parlamentares todos os dias.
Temer termina o mandado no Planalto?
Não. Do ponto de vista ético, é que vá logo embora.
Saindo, como fica?
Impeachment ou renúncia, Rodrigo Maia, PMDB, assume, e há eleição indireta em 30 dias. Se a Câmara aceitar a denúncia do MPF e o STF chancelar, Maia assume. O STF tem que julgar o caso em 180 dias.