O ex-deputado federal Leonardo Picciani - Arquivo/O Dia
O ex-deputado federal Leonardo PiccianiArquivo/O Dia
Por PAULO CAPPELLI

Rio - Ministro do Esporte, Leonardo Picciani (MDB-RJ) diz que não conversa sobre política com o pai, Jorge Picciani (MDB), desde que o patriarca, presidente estadual do partido, foi preso preventivamente na Lava Jato: "Ele está absolutamente dedicado a tratar da sua defesa. Durante as visitas, as conversas que temos são familiares, de pai e filho". Deputado federal licenciado, Leonardo rebate a ideia de refundação do partido no estado, na qual haveria afastamento dos presos e formação de nova executiva em que não figurassem os herdeiros dos clãs Cabral e Picciani: "Quem defende isso não tem trabalhado pelo fortalecimento do MDB". 

O DIA: A pretexto de melhorar a imagem do MDB, correligionários defendem a refundação do partido. Seu pai, Paulo Melo e Edson Albertassi seriam afastados. Você, seu irmão Rafael e Marco Antônio Cabral ficariam fora da executiva...

Leonardo Picciani: O que vi até aqui foram notícias veiculadas na imprensa de forma anônima. Quem falou, não assinou. Portanto, se existe esse sentimento, quem o defende devo fazê-lo abertamente. Mas sei que quem fala isso não está entre os que têm tentado ajudar o MDB.

A ideia é partilhada por parte da bancada do partido na Assembleia Legislativa (Alerj) e por Carlos Alberto Muniz, que, aos 74 anos, assumiria a presidência estadual...

Caberá a eles convencer o conjunto do partido, que é maior que somente a Alerj, só a Câmara dos Deputados e só as prefeituras. A instituição, o conjunto, é muito maior que os indivíduos. Quanto ao ex-vice-prefeito (Muniz), o MDB avaliará o que cada um já fez pelo partido. Quantos votos teve, quantos candidatos somou à chapa, quantas prefeituras ajudou a ganhar. Se ele pretende liderar esse movimento, terá que se apresentar e dizer o que já fez. Lideranças que trabalham pelo fortalecimento do MDB não defendem a refundação. Tenho conversado com o Moreira (Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência), com o (governador) Pezão...

Não teme uma eventual debandada? Inclusive de Eduardo Paes...

Não haverá debandada. Podem sair dois ou três companheiros do partido. E entrarão outros novos. O MDB continua sólido, com condições de disputar com sucesso as eleições para os mais diversos cargos. Diferentemente dos outros partidos, não tem dono. Exercita a democracia interna. As divergências são admitidas. Neste cenário de profusão de partidos, existem poucos lugares assim. Por isso não deixarão o MDB.

A Lava Jato desgasta...

Veja, praticamente todos os partidos tiveram lideranças envolvidas em processos judiciais, denúncias, ações penais... Infelizmente, não foi exclusividade do MDB. Não há muita oferta de lugar para as pessoas irem.

Caso Paes saia, poderá ter o apoio do MDB na eleição ao Palácio Guanabara?

Esse não é o planejamento inicial. Se é para ter o apoio do partido, o ideal é que ele seja candidato pelo MDB, onde já está.

Qual o prazo para Paes se decidir?

Não há prazo posto e nem sou eu a definir. Isso tem que passar pelo coletivo. Minha opinião pessoal é que a decisão tenha que estar nítida antes de março, para que tanto o Eduardo quanto o partido possam se organizar.

Sem Paes, qual seria o plano B?

Primeiramente, existem outras candidaturas postas no MDB. O (deputado estadual) Pedro Fernandes tem esse desejo. O (também deputado estadual) André Lazaroni, pelo que li na sua coluna, tem interesse de se lançar ou de apresentar algum nome. Teremos alternativa: seja com um candidatura própria ou em um leque de alianças.

Como está o seu pai (Jorge Picciani)? Vocês têm conversado sobre política?

Olha, eu normalmente o visito aos sábados (na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica). Não trato com ele de temas políticos. Neste momento, ele está absolutamente dedicado a tratar da sua defesa junto aos advogados. A conversa que tenho com ele é uma conversa familiar, de pai e filho, que não engloba temas da política.

Qual a impressão que ele lhe passa durante as visitas?

Como filho, tenho uma preocupação grande com o estado de saúde dele. Fez um tratamento de natureza gravíssima, com retirada da bexiga e da próstata (para combater um câncer). Para reconstruir a bexiga, teve que retirar um pedaço do intestino. Evidentemente, as condições lá não são as ideais. No mais, ele está sereno e confiante de que, no momento certo, conseguirá esclarecer os fatos e as acusações colocadas.

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