Tarcísio Motta - Paulo Capelli / Agência O DIA
Tarcísio MottaPaulo Capelli / Agência O DIA
Por PAULO CAPPELLI

Até então desconhecido do grande público, Tarcísio Motta (Psol) aproveitou a eleição de 2014 ao governo estadual para se projetar. Com tiradas como "tenho rabo de cavalo, mas não tenho rabo preso" e críticas "aos quatro Cabrais" (adversários que em algum momento foram aliados de Sérgio Cabral), Motta surpreendeu. Dois anos depois, foi eleito o segundo vereador mais votado, atrás de Carlos Bolsonaro (PSC). Este ano, tentará novamente o Palácio Guanabara.

ODIA: Na campanha de 2014, você adotou uma postura crítica com toque de irreverência. O que esperar na de 2018?

Tarcísio Motta: Podem esperar a mesma postura contundente. Acho que chegou a hora de a gente derrotar as máfias. O Rio de Janeiro hoje está mais ciente do que é a máfia que governou este estado por tanto tempo. Em um momento em que a gente está com ex-governadores na cadeia, ex-presidentes da Assembleia Legislativa na cadeia, ser contundente é dar a resposta que o eleitor espera. E o desafio do Psol é mostrar que não somos diferentes do Cabral agora porque queremos ganhar a eleição. Nós somos diferentes desde o início.

Na eleição para a prefeitura, Marcelo Freixo (Psol) perdeu por uma margem considerável de votos para Marcelo Crivella (PRB), que teve 59% das preferências. Analistas são quase unânimes ao dizer que Crivella só venceu o segundo turno por ter enfrentado um candidato do Psol. Ser o representante de um partido apontado como radical não atrapalha numa eleição majoritária?

Acho que ser radical é sempre um desafio. Creio que o desafio é ser radical e pedagógico ao mesmo tempo. Explicar para as pessoas que ser radical é ir na raiz dos problemas, e não ficar só na superfície. As pessoas estão esperando mudanças de fato. Não há mais espaço para meio-termo. As pessoas estão buscando os polos. Não é por acaso que os dois vereadores mais votados no Rio tenham sido o Carlos Bolsonaro e eu. As pessoas estão procurando a radicalidade. O nosso desafio será mostrar que ser radical não é ser destrutivo. É ir na raiz dos problemas.

O Psol até o momento só conversou com o PCB para a formação de aliança. O tempo de propaganda eleitoral será escasso, tendo em vista que a bancada federal do Psol só tem seis deputados. Como superar isso?

Nós teremos um tempo de TV de cerca de 20 segundos. Mas fazer alianças para ter tempo de TV é o que a velha política faz há tanto tempo. Assim como construir maioria parlamentar por troca de cargos... é a velha política que deu na corrupção.

Freixo concorrerá a deputado federal. Ou seja, o Psol perderá seu puxador de votos na Alerj. Tudo indica que o partido terá uma bancada mais enxuta. Caso eleito, como governar assim?

Nunca foi tão fácil responder. A questão é: vale a pena continuar achando que para governar você tem que construir maioria parlamentar na base da troca de cargos? A gente vai ganhar nas propostas e com mobilização social. Quem vai ter que pensar em como agir é a Alerj.

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