Produção de VieirasDivulgação/FIPERJ
Angra dos Reis – Dados divulgados pela Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro, Fiperj, mostram colapso na produção de vieiras na Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis, na costa verde do Estado, considerado o maior polo de cultivo do molusco no país. O município já produziu cerca de 40 mil dúzias/ano. No entanto, a região enfrenta atualmente uma crise devido à mortalidade inexplicável das vieiras, resultando em uma demanda que tem mantido os preços elevados. O que tem preocupado os donos de restaurantes e pousadas, da região que comercializam os produtos, de alto consumo na cidade da costa verde.
Este molusco, semelhante à ostra, é característico da costa brasileira e altamente valorizado na gastronomia. Tradicionalmente, a produção de vieiras no estado tem se concentrado na Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis. No ano de 2017 produção atingiu 33.611 dúzias enquanto no ano de 2023 foi de apenas 2.753 dúzias (Boletim Informativo sobre os dados de produção da maricultura no município de Angra dos Reis – 2023).
Dados apresentados pela Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro indicam que a produção de vieiras foi maior em águas mais frias e durante picos de clorofila nos últimos 13 anos. Nos últimos cinco anos, os níveis de clorofila e a produção de vieiras diminuíram significativamente, possivelmente devido às mudanças climáticas. A má qualidade da água do mar e o aquecimento global são vistos como causas do colapso da maricultura de vieiras na Baía da Ilha Grande.
Dados apresentados pela Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro indicam que a produção de vieiras foi maior em águas mais frias e durante picos de clorofila nos últimos 13 anos. Nos últimos cinco anos, os níveis de clorofila e a produção de vieiras diminuíram significativamente, possivelmente devido às mudanças climáticas. A má qualidade da água do mar e o aquecimento global são vistos como causas do colapso da maricultura de vieiras na Baía da Ilha Grande.
A Fiperj explica que a mortalidade está em todos os ciclos de produção da espécie “Desde o processo de produção de sementes (formas jovens), realizado pelo laboratório do Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande – IEDBID, bem como, ao longo do processo produtivo de cultivo e engorda nas fazendas marinhas, como nas fases de berçário, intermediário e definitivo do cultivo”.
Ainda de acordo com os estudos ainda não estão claros os motivos dos eventos de mortalidade da vieira. Um trabalho científico publicado na Revista “Science of The Total Environment1” relaciona um efeito negativo sinérgico do aquecimento da água do mar, diminuição da quantidade de alimento na água (microalgas), com a má qualidade da água devido à falta de saneamento básico e tratamentos da água podem estar relacionados aos eventos de mortalidade. “No entanto, entende-se que este trabalho não é conclusivo, e mais estudos são necessários para compreender os motivos dos eventos de mortalidade”.
Com isso a FIPERJ no âmbito do projeto “Apoio a FIPERJ para a Execução do Planejamento Estratégico da Aquicultura Costeira Fluminense” financiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO, tem realizado coletas neste ano de exemplares de vieiras em locais onde está ocorrendo a mortalidade. Essas coletas foram encaminhadas para análise histopatológicas com parceiros institucionais da fundação e especialistas em patologia de moluscos bivalves.
“As intenções das coletas são para avaliar a fisiologia e a saúde das vieiras, bem como possíveis(s) agentes(s) patológicos. Até o momento não se tem um resultado das coletas”.
Foram distribuídas sementes de vieiras para 15 maricultores espalhados da BIG, com o objetivo de monitorar simultaneamente e de forma participativa a dinâmica da mortalidade nas diferentes áreas da Baía da Ilha Grande e iniciar um mapeamento das localidades onde ocorre a mortalidade.
Cultivo e comercialização
O cultivo inicia com a produção de sementes/formas jovens que é realizado em laboratório especializado após procedimentos de maturação de reprodutores, desova, larvicultura, assentamento e transferência de pós-larvas ao mar para crescimento. Após alcançarem cerca de 10 mm, as sementes são comercializadas aos maricultores. As sementes são colocadas em estruturas de cultivo chamado de lanternas. As lanternas são amarradas em estruturas flutuantes chamados de espinheis ou “lon-lines”. Na medida em que as sementes vão crescendo, as vieiras passam por vários processos de manejos no intuito adequarem a densidade de estocagem em cada lanterna, retirada de vieiras mortas, seleção por classes de tamanho, retirada de predadores e substituição de lanternas limpas, dente outros. As etapas do cultivo são basicamente três: berçário, intermediário e definitivo (terminação). O ciclo de cultivo até tamanho comercial, acima de 7 cm, são de 12 a 18 meses de cultivo. A comercialização é realizada geralmente para restaurantes, hotéis e pousadas. Na BIG a comercialização também é realizada em balsas dos maricultores diretamente para os clientes que acessam o local com lanchas e embarcações.
1Collapse of scallop Nodipecten nodosus production in the tropical Southeast Brazil as a possible consequence of global warming and water pollution. Science of The Total Environment, Volume 904, 15 December 2023.
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